São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Corinthians pagará por metas

Clube, que enfrenta hoje o líder do Paulista, quer salário condicionado a desempenho em campo

Idéia, ainda em estudo pela diretoria, é remunerar os atletas com 1/3 do valor acertado após avaliação de parâmetros de performance

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians que hoje às 16h enfrenta o líder do Paulista, Guaratinguetá, no Morumbi, tem sido pródigo em mudar o time de um jogo para outro. Não conseguiu repetir nenhuma vez a escalação nesta temporada. Mas a alta rotatividade dentro do elenco pode, num futuro próximo, beneficiar atletas que defendam o clube.
No Parque São Jorge, há um projeto para implementar um sistema de remuneração dos jogadores baseado na produtividade de cada um no time.
Ainda em estágio embrionário, sob estudo de diversas áreas administrativas do clube, a nova forma de acertar contratos com jogadores pretende premiar aqueles que mais renderem dentro e fora de campo.
A intenção é fixar um salário-base para cada atleta equivalente a cerca de 66% do que ele receberia através de um acordo comum. Os outros 34% -ou cerca de um terço da remuneração total acordada- só seriam pagos caso o atleta conseguisse alcançar uma série de metas estipuladas no contrato.
Conceitos como assiduidade e pontualidade em treinos, número de jogos de que participa, cartões vermelhos e amarelos, popularidade e exposição na mídia serão utilizados como parâmetros de avaliação para aferir se as metas foram ou não atingidas pelo jogador.
A idéia nasceu após dirigentes corintianos receberem cartolas do Barcelona no Parque São Jorge e ouvirem que no clube espanhol funciona um sistema semelhante, que remunera melhor atletas com bom desempenho em campo e que sejam capazes de atrair mais atenção fora dele.
"Se o cara é diferenciado, tem que ganhar de forma diferenciada", afirma o vice de finanças do Corinthians, Raul Corrêa da Silva, um dos responsáveis pela elaboração do projeto.
Segundo Corrêa, as avaliações de metas atingidas seriam feitas periodicamente, a cada semestre, por exemplo.
Os objetivos a serem alcançados pelos jogadores, no entanto, não serão iguais para todos. "Um menino recém-saído do juvenil não pode ser avaliado como um William ou um Felipe", exemplifica Corrêa. "Os critérios de avaliação serão iguais para todos, mas as metas serão diferentes", diz.
A nova forma de fechar contratos, apesar de ainda não ter data para entrar em vigor no clube, deve sofrer resistência por parte dos jogadores.
"Para quem já está com o burro na sombra, é bom, mas é complicado para quem está aí, ralando", opina Perdigão.
O capitão William diz que os contratos por produtividade devem ser bem discutidos antes de implementados.
Ele acredita que, se mal formulados, os contratos podem até gerar problemas de relacionamento entre os atletas.
"Imagine se um jogador fica no banco de reservas. Ele vai insistir para que o técnico o escale para cumprir suas metas. Ou um outro que precise fazer um determinado número de gols pode não passar a bola para um companheiro melhor colocado", pondera o zagueiro.
"Acho que, antes de qualquer coisa, é preciso reunir diretoria, jogadores, comissão técnica e encontrar uma fórmula que fique bom para todo mundo", afirmou William.
E, segundo Raul Corrêa, esse será o caminho do projeto. "Vamos mostrá-lo para a comissão técnica. Depois, ele vai para os jogadores. Só então, quando todos tiverem feito sugestões e concordado com tudo, é que vamos colocá-lo em prática."
"É a chance de os jogadores ganharem mais", diz o presidente Andres Sanchez, que deseja começar a fazer contratos por produtividade ainda neste ano, com os reforços que pretende adquirir para a Série B -prazo que o vice de finanças diz não ser possível de cumprir.


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