CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Termina hoje em Cat Bay, no Vietnã, a 11ª edição do Raid Gauloises, a mais tradicional corrida de aventura do mundo. O roteiro de 1.000 km envolveu bicicleta, canoa, rafting em bambu, técnica de corda, trekking -que incluiu uma parte subterrânea- e muita preocupação, em toda a parte terrestre do percurso, em evitar as minas remanescentes da guerra com os americanos.
Na verdade, hoje, 12 dias passados, é o prazo limite para a chegada dos últimos colocados entre as 58 equipes inscritas na prova.
As primeiras ocuparam praticamente metade desse tempo, e já no último sábado a equipe francesa USD Eider chegava remando à baía com três horas de vantagem sobre a finlandesa Nokia Adventure, segunda colocada e reconhecida como a melhor do mundo no esporte.
Dois dias depois, na segunda-feira pela manhã, a melhor surpresa da prova. Cantando João Gilberto, a única equipe da América Latina na prova, a Ema Brasil, cruzou a linha de chegada com o tempo de oito dias, 18 horas e 54 minutos, na oitava posição, e em ótima forma, marcando o melhor resultado brasileiro em uma prova fora do país.
O time foi montado com a base da equipe AXN Atenah, que ficou famosa por ser predominantemente feminina, com Silvia Guimarães, Karina Bacha e Eleonora Audra. A elas juntaram-se Alexandre Freitas, organizador de provas no Brasil e patrocinador da equipe, e José Roberto Pupo, experiente canoísta com participação em Olimpíada, que foi o capitão da equipe.
O formato original das corridas de aventura, o qual prevê a participação de ao menos um integrante de sexo oposto, foi criado pelo francês Gerard Fusil em 1989. Até 1994, o Raid Gauloises era a única competição desse tipo. Foi quando o norte-americano Mark Burnett disputou a prova e, já no ano seguinte, reduzindo o número de integrantes por time e eliminando a equipe de apoio, lançou o Eco Challenge.
Com uma visão muito mais comercial, anos mais tarde Burnett lançaria o Survivor. Propulsor dos "reality shows", ele rapidamente passou a rivalizar com a tradicional prova de Fusil. Seu formato mais enxuto e econômico, apoiado em uma premiação de US$ 100 mil -o Raid não oferece prêmio em dinheiro-, dividiu os principais atletas da modalidade. Enquanto no Raid são raras as equipes americanas, no Eco nenhum time europeu tem participado.
Atualmente terceirizado para a Saga dAdventures -Fusil organiza a Elf Adventure-, o Raid teve sua última edição no formato pioneiro. E foi para ficar na história. Em meio a sanguessugas, clima indigesto e muita mímica para a comunicação com os locais, as equipes de ponta, Ema Brasil entre elas, dormiram em média duas horas por dia, para completar esta que foi a mais longa prova do gênero já realizada.
Entre os brasileiros não faltou espírito de equipe, fundamental nesse tipo de competição. Mas, como destacaram as meninas, os rapazes, além da força, contribuíram muito na navegação, outro aspecto essencial e no qual elas reconheciam certa limitação.
Nos planos da Ema, agora mais do que nunca, está a participação no próximo Eco Challenge, em outubro, em Fiji. E eles já foram convidados para o Raid de 2003, no Uzbequistão.

Bombando
Começou na terça-feira, com 3 m clássicos, o WCT em Teahupoo, no Taiti. O atual campeão mundial C. J. Hobgood precisou de resgate, Guilherme Herdy se contundiu, e o barco dos médicos virou. Os brasileiros Peterson Rosa, Paulo Moura e Renan Rocha acabaram mandando Kelly Slater, Joel Parkinson e Hobgood, respectivamente, para a repescagem.

Skate Pro
Será no Vale do Anhangabaú, nos dias 8 e 9 de junho, a terceira edição do Red Bull. Além de US$ 40 mil em prêmios para o vertical, haverá prêmio para a melhor manobra e uma inédita competição de double, com US$ 3.500 para a dupla vencedora.

Super Surf 2002
A segunda etapa foi transferida de Porto de Galinhas (PE) para Itacaré (BA), entre os dias 22 e 26 deste mês.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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