São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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FUTEBOL

Integrantes do Comitê Executivo, entre os quais cinco dos sete vice-presidentes da entidade, querem processar suíço

Cúpula da Fifa vai à Justiça contra Blatter

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sueco Lennart Johansson anunciou ontem que 11 dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa irão recorrer à Justiça contra o presidente Joseph Blatter.
Eles acusam, entre outras coisas, o principal dirigente da entidade que dirige o futebol de apropriação indébita de recursos da Fifa e suborno nas eleições de 1998, quando o suíço derrotou o próprio Johansson e ocupou o lugar do brasileiro João Havelange.
"Vamos levar o caso à Justiça suíça porque, pela legislação local [a sede da Fifa é em Zurique], você é obrigado a ir aos tribunais se toma ciência de um ato criminoso. Se não o fizer, pode ser até processado como cúmplice. Posso garantir que não queremos correr o risco", disse Johansson.
O presidente da Uefa, associação que comanda o futebol europeu, referia-se ao relatório de Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da Fifa, apresentado aos 24 membros do Comitê Executivo na semana passada e que acusa Blatter de corrupção.
No dossiê, o suíço é apontado como o responsável por uma série de pagamentos irregulares, entre os quais US$ 9,75 milhões para a Concacaf, que dirige o futebol das Américas Central e do Norte, US$ 55 mil para o ex-presidente Havelange e US$ 100 mil a Viacheslav Koloskov, da Federação Russa.
É apontado ainda como o responsável pela compra do voto de pelo menos dois delegados -um africano e um centro-americano- nas eleições de 1998.
Em e-mail para a Folha, o departamento de comunicação da Fifa diz que Blatter não responderia ao comentário de Johansson sobre a denúncia de 11 dos integrantes do Comitê Executivo à Justiça comum da Suíça.
Afirmou que o dirigente só se manifestará oficialmente quando o caso chegar -"se chegar"- aos tribunais. E lembrou ainda que não será surpresa se isso ocorrer, já que se trata de período de eleição. No próximo dia 29, em Seul, Blatter concorre à reeleição contra o camaronês Issa Hayatou.
Sobre o fato de cinco dos sete vice-presidentes da Fifa estarem contra o suíço, declarou que não se trata de surpresa, já que todos eles fariam parte da oposição à administração Blatter há tempos.
O importante, segundo o e-mail da Fifa, seria que 13 dos 24 membros do comitê não acataram as denúncias de Zen-Ruffinen e ficaram ao lado do presidente.
Em entrevista por e-mail à Folha, Chung Mong-joon, um dos vices da Fifa e co-presidente do Comitê Organizador da Coréia para a Copa-2002, disse que será um dos dirigentes a levar o caso Blatter à Justiça, embora não tenha se referido a nomes de outros que poderão acompanhá-lo.
"Se não houvesse nada a esconder, ele que deixasse a investigação [auditoria interna" prosseguir. Mas não foi correto o procedimento de interrompê-la e marcá-la só para depois da Copa e das eleições, quando ele [Blatter] espera ter conseguido mais quatro anos [de mandato]", afirmou o dirigente sul-coreano.
Segundo ele, a imagem da Fifa nunca esteve tão arranhada como agora. "É a credibilidade do futebol que está em jogo. O que queremos são respostas, mas até aqui só houve silêncio por parte de quem deveria dar explicações."


Com agências internacionais



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