São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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Xodó local agora defende liberdade de expressão

DO ENVIADO A PEQUIM

Ela se tornou heroína do povo chinês ao defender a tocha olímpica de manifestantes pró-Tibete no revezamento em Paris. Quatro meses depois, a chinesa Jin Jing, 28, agora defende o direito à livre expressão.
""Cada um tem o direito de manifestar o que pensa, o sentimento que quiser. Talvez seja daquele jeito...", afirmou Jin à Folha por meio de intérprete, em entrevista concedida só após permissão do Bocog (o comitê organizador dos Jogos).
""Não me senti agredida, como se algo horrível tivesse me acontecido. Agarrar a tocha foi instintivo, para proteger o símbolo olímpico. Eu não pensei em impacto político", lembrou Jin, que acompanhou a abertura dos Jogos Olímpicos pela TV, de sua casa, em Xangai -a dez horas de trem de Pequim -,onde ela vive com os pais.
Após o incidente, imagens de sua tentativa de proteger a tocha de manifestantes foram repetidas dia e noite pela TV estatal e por sites do país. Hoje, todos sabem quem Jin é.
Em fóruns e blogs, internautas a apelidaram de ""anjo em cadeiras de rodas" e ""o rosto mais bonito dos Jogos". Ao ser lembrada disso, Jin riu: minimiza a importância, reconhece serem apelidos ""chamativos", mas disse que foi ""brincadeira".
Durante as primeiras semanas, disse que o telefone ""não parava de tocar", mas que agora ""a vida volta ao normal".
Ela afirmou que a fama repentina trouxe muitos amigos. As pessoas a reconhecem na rua, acenam em sua direção, dizem: ""Você é a moça da tocha!".
Apesar de defender o direito à livre expressão, Jin afirmou que o ataque sofrido em Paris produziu efeito inverso àquele desejado pelos manifestantes.
Jin citou o pedido de desculpas do presidente francês, Nicolas Sarkozy, pelo incidente.
""Ajudou a França a conhecer um pouco melhor a China", disse Jin. Incomodada, ela pediu para não falar mais de política.
Sobre o significado da Olimpíada para o povo da China, respondeu enfaticamente.
""[A Olimpíada] é a chance de o povo chinês sentir orgulho de si. É a chance de a China se apresentar ao mundo e a chance de o mundo conhecer a China. Não sei se serão os melhores Jogos da história, mas queremos receber bem os estrangeiros", analisou a ex-esgrimista paraolímpica, que estará em Pequim para as Paraolimpíadas para torcer por seus colegas.
Ao ser questionada se acredita que sua imagem para sempre estará ligada a Pequim-2008, Jin preferiu desconversar.
""Não sei como será. Pode ser que lembrem, pode ser que não...
(EDUARDO OHATA)



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