São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil fica mais frágil e ineficiente com trio de astros

Seleção, que pega hoje os EUA em Chicago, faz menos pontos quando Ronaldinho, Kaká e Robinho jogam juntos

Defensores do time nacional dizem ser preciso cuidado na retaguarda ao jogar com os três, cuja presença melhora poder ofensivo ligeiramente

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Para quem nunca mostrou entusiasmo pela escalação de Ronaldinho, Kaká e Robinho juntos, Dunga pode comemorar o retrospecto recente da seleção brasileira, que hoje, às 17h, faz amistoso contra os Estados Unidos em Chicago.
Os três estarão em ação hoje desde o início. Será só a quarta vez em 19 jogos que Dunga fará isso. E, pela forma como ele pensa o futebol, teve motivos estatísticos para evitar o trio.
Desde o jogo contra o Paraguai pelas eliminatórias passadas, em 2005, quando o trio atuou junto pela primeira vez, a seleção fez 13 jogos com Ronaldinho, Kaká e Robinho desde o minuto inicial. Neles, registrou aproveitamento de pontos de 69% e média de um gol sofrido por jogo. Sem um, dois ou três deles, esses números vão para, respectivamente, 76% e 0,5 gol.
O que melhora com o trio é o ataque -média de 2,77 gols por partida, contra 2,31 sem ele.
Com os três, o Brasil foi vazado pelo menos uma vez em 69% dos jogos. Sem o trio completo desde 2005, isso aconteceu em apenas 38% das partidas realizadas pela equipe canarinho.
Uma comparação em jogos com a Argentina ajuda a traduzir a questão. Desde 2005, foram dois duelos contra o maior rival com o trio e outros dois sem ele. No primeiro caso, o Brasil foi vazado quatro vezes. No segundo, ambos com o comando de Dunga, nenhuma.
""Eles terão que preencher espaços [ajudar na marcação]. Mas o mais importante é eles decidirem quando tiverem a bola no pé", disse o treinador, que ontem confirmou a escalação do atacante Afonso em lugar de Vágner Love.
Os colegas de defesa fazem de tudo para não entrar na discussão sobre se Dunga deve escalar as três estrelas, mas alguns opinam sobre o tema.
O volante Gilberto Silva afirmou que o trio pode atuar, mas com uma ressalva. ""O importante é o time assimilar o esquema. Os jogadores da frente precisam ocupar os espaços, ajudar na marcação", disse o capitão na Copa América.
Naquele campeonato, Robinho brilhou enquanto Kaká e Ronaldinho estavam de férias. Ele fala com a autoridade de quem viu a seleção ruir com o quarteto mágico na Copa-06.
Doni, goleiro titular na conquista continental, preferiu teorizar sobre esquemas. ""Nem sempre um time com três volantes é defensivo e um com três atacantes é ofensivo".
Mineiro, outro volante de confiança de Dunga, optou pela modéstia e pelos elogios aos companheiros mais famosos. Ele reconheceu que, com a camisa da seleção, não pode atacar como fazia no São Paulo.
""Na seleção, nossa prioridade é a marcação. Isso em função dos jogadores que estão aqui que são acima da média [Ronaldinho, Kaká e Robinho]. Eles têm a capacidade de decidir."
Na defesa, Dunga poderá escalar sua zaga preferida. Recuperados de contusão, Lúcio e Juan vão a campo juntos, o que não acontece desde 2006.
O confronto de hoje é o penúltimo antes da estréia nas eliminatórias, em outubro, contra a Colômbia, fora. O time pega o México na quarta.


NA TV - EUA x Brasil Globo, ao vivo, às 17h

Texto Anterior: Diálogo indica propina a fiscal da Receita
Próximo Texto: Astros usam Armani, NBA e muita cor
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.