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O PROFETA
"Ex-brasileiro" vê seleção no grupo errado
Técnico de Costa Rica acha que seria melhor para Brasil pegar rivais de peso logo de cara
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depende do ponto de vista.
Festejado pela seleção como o
mais fraco do Mundial, o grupo
do Brasil pode virar um inferno.
Havia quem achasse melhor pegar adversários de mais tradição.
É o caso de Alexandre Guimarães, 42, brasileiro naturalizado
costarriquenho, técnico do time
da América Central adversário
do Brasil no Grupo C.
Antes mesmo da realização do
sorteio, indagado pela Folha sobre que chave consideraria ideal
para a seleção, Guimarães -ou
Guima, como é conhecido na
Costa Rica- não titubeou. ""Um
grupo forte seria o melhor. Com
adversários de mais peso, como
Inglaterra, Portugal ou Nigéria,
o Brasil não entraria necessariamente como favorito, não teria
tanta pressão e poderia surpreender positivamente."
Contra equipes menos experientes, como Turquia, Costa Rica e China, pode sofrer a ""síndrome das eliminatórias", diz
Guimarães. ""Se vencer, não fez
mais que a obrigação. Se perder,
é o fim do mundo."
Na Costa Rica desde os 11 anos
de idade -""meu pai era funcionário da Organização Pan-Americana de Saúde [e se instalou no
país""-, o técnico queria ter seguido carreira no basquete, mas
só deu certo nos gramados.
Nos anos 80, naturalizou-se
costarriquenho para poder defender a seleção do país. ""Marquei [gol" nas eliminatórias de
86 e joguei na Copa da Itália [em
90, quando perdeu do Brasil"."
Após o torneio, lançou um livro sobre a experiência no Mundial, feito que está sendo repetido neste ano, pois lançará outra
obra em dezembro, agora sobre
seu trabalho como técnico.
Ex-auxiliar de Gilson Nunes
na seleção costarriquenha, Guimarães assumiu o time no final
do ano passado, antes da repescagem contra a Guatemala. Em
julho, na Copa América, levou-o
até as quartas-de-final, quando
perdeu para o Uruguai.
Atuando no 3-3-3-1 (três zagueiros, uma segunda linha com
três atletas, sendo um volante e
dois alas, três meias e um atacante), adota sistema parecido com
o do São Caetano, que também
coloca um zagueiro no meio
-Serginho- e só deixa um homem fixo no ataque -Magrão.
Mesmo assim, diz que nunca
se inspirou no futebol brasileiro,
apesar de admirá-lo bastante.
""São muitos anos de Costa Rica. Minha experiência de Brasil,
em termos de futebol, é mais a
de um observador à distância."
Confiante na classificação para
a segunda fase, ele considera
uma grande vantagem o tempo
que terá para treinar a Costa Rica. ""Só temos um jogador
[atuando" no futebol europeu.
Como os chineses, temos facilidade para reunir o grupo e mais
de três meses para afiná-lo", diz
o costarriquenho, que tem em
Bora Milutinovic, o técnico da
China, seu ídolo no futebol.
""Quando iniciei a carreira de
técnico [em 94", foi nos ensinamentos dele que me inspirei",
disse, lembrando que, em 1990,
foi o sérvio quem dirigiu o time
da América Central na Copa.
Pelo jeito, será mais difícil para
ele, em termos emocionais, ver
Bora do outro lado, logo em seu
jogo de estréia na Copa, do que o
Brasil, o país em que nasceu.
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