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BOXE
Campeão dos pesados da AMB, que tem pais porto-riquenhos, crê que novos latinos podem ganhar o cinturão em breve
Para Ruiz, triunfo abre mercado a latinos
DA REPORTAGEM LOCAL
Assegurar que os latinos tenham mais oportunidades para
lutar por títulos entre os pesos-pesados. Esse é um dos objetivos
do campeão dos pesados da Associação Mundial de Boxe, John
Ruiz, quando subir ao ringue pela
terceira vez com Evander Holyfield no sábado, nos EUA.
Filho de porto-riquenhos, Ruiz,
29, nasceu em Massachusetts
(EUA), mas cresceu na terra dos
pais, mais precisamente em Sabana Grande, tornando-se o primeiro latino campeão da categoria
máxima de peso ao derrotar, em
março deste ano, na revanche,
Evander Holyfield, por pontos.
Ruiz, apelidado de ""The Quiet
Man" (""O Discreto"), tem 37 vitórias, 27 nocautes, e 4 derrotas.
Em entrevista à Folha, ele disse
que sua conquista ""destrancou as
portas para que mais latinos disputem o título dos pesados", o
que resultaria em mais deles com
cinturões.
(EDUARDO OHATA)
Folha - Por que demorou tanto
para um latino ser campeão dos pesados [o primeiro a tentar o título
foi o argentino Luis Firpo, que perdeu por nocaute para Jack Dempsey em 1923"? Qual foi o erro dos
que falharam nas últimas décadas?
John Ruiz - Não os conheci, por
isso prefiro não discutir esses casos especificamente, mas as chances aumentam com mais quantidade. Os latinos lutam pelo título
só a cada quatro, cinco, seis, oito
anos. O que gostaria de ver é um
latino disputando um título por
ano, [o que resultaria em" mais
latinos campeões dos pesos-pesados. Isso ajudaria o esporte. Os latinos lutam com muita paixão,
eles amam boxe. Eu, como eles,
sempre dou 100% de mim.
Folha - Qual o impacto do fato de
você ter conquistado o cinturão?
Ruiz - Acho que destranquei as
portas para que mais latinos subam de peso e invadam a divisão
dos pesados. Todos estão acostumados a ver grandes latinos nas
divisões leves, mas, ultimamente,
na categoria máxima, um ou dois.
Quero ver mais do que isso.
Folha - Alguns viram o fato de você dizer que é latino como um truque para promover seu combate.
Ruiz - Sou latino, mesmo tendo
nascido nos EUA. Não acho que
realmente importa onde você
nasceu, mas seu sangue, o que você sente em seu coração. Sempre
disse que tenho orgulho disso.
Definitivamente sou porto-riquenho, mi mama y mi papa [sic"
nasceram em Porto Rico e eles decidiram imigrar para os EUA para
ter uma vida melhor, acho. Acabei nascendo nos EUA. Mas sou
100% porto-riquenho, aquele lugar é um lar para mim. Cresci em
Sabana Grande, tenho boas lembranças quando volto para lá,
sempre me divertia com meus
amigos, jogava beisebol.
Folha - Após ganhar o título, você
e sua mãe passaram a enfatizar sua
nacionalidade porto-riquenha,
porque fizeram isso?
Ruiz - Porque Don Félix Trinidad, pai de Félix ""Tito" Trinidad
[ex-campeão mundial" estava espalhando que eu não era porto-riquenho. Por isso fizemos questão
de afirmar às agências de notícias
que somos porto-riquenhos.
Folha - O que você achou do fato
de Don Félix ter dito que a Federação de Boxe de Porto Rico não deveria homenagear você?
Ruiz - Fiquei triste. Trinidad é o
empresário de outro pesado [Fres
Oquendo" e talvez quisesse que
ele fosse o primeiro. Ele é de Chicago, não? Então é estranho falar
algo assim de mim, se o seu lutador é de Chicago.
Folha - O que você diz quando
afirmam que você não seria campeão se não fosse a AMB destituir
Lennox Lewis?
Ruiz - Lewis perdeu o cinturão
por não querer me enfrentar. Ele,
segundo o regulamento, tinha a
obrigação de enfrentar o desafiante obrigatório, e eu era o primeiro do ranking. Lewis só escolhe as lutas mais fáceis pelas maiores bolsas que pode obter. Sei que
poderia vencer Lennox Lewis.
Folha - Qual sua avaliação sobre a
derrota de Lewis para o azarão Hasim Rahman [apesar de ter recuperado o cinturão na revanche"?
Ruiz - É uma vergonha, isso só
prova que eu venceria Lewis.
Folha - Qual será o resultado de
sua terceira luta com Holyfield?
Ruiz - Desta vez será uma luta
curta. Ele tentará me nocautear.
Mas estou preparado, vou vencer
em quatro assaltos. Não passa disso. Eles não vão estar disponíveis
no futuro próximo, mas gostaria
de pegar Lewis ou [Mike" Tyson.
Folha - Você acha que o fato de
ser campeão fez o público esquecer
o nocaute que sofreu para David
Tua em 19 segundos?
Ruiz - Para mim, será algo que
sempre estará lá. As pessoas poderão esquecer, mas sempre me
lembrarei disso. Estava pronto,
mas ele me pegou logo no início
da luta. A lembrança [desse combate" apenas me faz ficar mais
concentrado para cada luta, pois
não quero que isso se repita.
Folha - Você conhece Acelino
Freitas, o Popó?
Ruiz - Acho que é um boxeador,
mas realmente não sigo o esporte
de perto, prefiro dedicar o tempo
livre à minha família.
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