São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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BASQUETE

Equipe pode ser barrada do Paulista-02 após perder todos seus 16 jogos no Paulista-01

Araçatuba, 0 vitória, faz vaquinha

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem contar com infra-estrutura ou patrocínio, com folha salarial de apenas R$ 2.100 e após se despedir do Paulista feminino de basquete sem alcançar vitória -perdeu todos os 16 jogos disputados-, o Araçatuba apela agora até para uma ""vaquinha" entre a população da cidade para tentar permanecer na elite de São Paulo.
O objetivo é arrecadar os fundos necessários para elevar o nível técnico da equipe, afastar o perigo de ser barrado da próxima edição do Paulista e, assim, manter o contato com times de ponta -o Araçatuba não conseguiu vaga para disputar o Nacional-2002.
O maior salário da equipe é de R$ 500 e o menor, de R$ 200.
No início da temporada, ao anunciar que o time não havia conseguido patrocínio, o técnico Nelson Luz, o Morto, 53, viu sua equipe se esfacelar. Como resultado, só duas atletas do time adulto continuaram em Araçatuba.
Para poder entrar em quadra, a equipe foi completada com jogadoras do time juvenil.
""Às vezes, ficava triste [com a campanha da equipe", mas entrávamos em quadra para fazer um bom jogo, mesmo sabendo que não íamos vencer", diz a pivô Fernanda Hartwig, 20, que até o ano passado era juvenil. ""Mas teve o lado bom, já que pude jogar no time principal e aprender."
A equipe está próxima de completar um ano sem vitórias no Paulista. A última aconteceu em 19 de dezembro de 2000, em casa, contra o Itatiba (80 a 66).
Morto já começou a arrecadar dinheiro com amigos dispostos a contribuir para a continuidade do time. ""O maior valor que deram [na vaquinha" foi R$ 500", afirma o treinador, autor da iniciativa.
Tal quantia equivale ao ganho mensal da atleta mais bem paga do time. Aposentado, o técnico não recebe salário.
Inicialmente, o presidente da FPB (Federação Paulista de Basquete), Toni Chakmati, disse à Folha que Araçatuba e Carapicuíba não participariam do Paulista de 2002. Para o dirigente, o mau rendimento das equipes prejudicava o nível técnico do torneio.
O time foi o nono e último colocado na competição. Carapicuíba, campeão do Paulista há dois anos quando fez parceria com o Paraná, ficou em oitavo lugar.
Apesar de querer barrar as equipes, posteriormente, Chakmati admitiu mudar de idéia. Políticos de Araçatuba entraram em contato com o dirigente tentando convencê-lo a manter o Araçatuba na Série A-1 no ano que vem.
""Após saber de minha decisão, um político da cidade me ligou. Disse a ele que era aquilo mesmo, que sem infra-estrutura, condições financeiras e técnicas não permitiria que disputasse o Paulista, pois é uma perda de tempo para os outros times. Apenas se a situação mudar", diz Chakmati.
Luz admite que a vaquinha é só um paliativo e planeja visitar, até o final do ano, 30 empresas que poderiam ser patrocinares para o próximo ano. Além de reforços, outro objetivo é dar melhores condições de preparação ao grupo. A locomoção é uma delas.
""Enquanto os outros times viajam de ônibus-leito, com TV e ar-condicionado, nós não temos nada. Nosso ar-condicionado é abrir a janela do busão para refrescar", lamentou Morto.


Colaborou Adalberto Leister Filho, da Reportagem Local

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