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São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2003

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FUTEBOL

Nenhum outro campeão mundial fez tantos amistosos no continente como brasileiros, que pegam a China quarta

Por dólares, Brasil vira habitué na Ásia

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GUANGZHOU

Não importa a qualidade dos rivais, o desgaste de longas viagens ou a reclamação dos clubes. Por um ótimo punhado de dólares, a CBF transformou o Brasil em figura fácil na Ásia entre as seleções mais famosas do planeta.
Na quarta-feira, quando enfrentar a China, em Guangzhou, a seleção completará seu 12º amistoso no maior dos continentes nos últimos oito anos.
Nenhuma equipe que já foi campeã mundial chega perto dessa marca no período. A França, por exemplo, apesar do prestígio adquirido com a conquista da Copa-98, só colocou o pé na Ásia a partir de 1995 para um único amistoso reconhecido pela Fifa -na reta final de preparação para o Mundial 2002.
A Itália também fez só um amistoso na Ásia nos últimos oito anos. Já a Alemanha fez dois, um a menos do que a Inglaterra.
O Brasil andou por boa parte da Ásia. Enfrentou a tensão do Oriente Médio, jogando em Israel e na Arábia Saudita. Fez também o tradicional roteiro Coréia/Japão e partiu para a descoberta de novos mercados -antes da China, esteve na Tailândia e na Malásia.
No extremo oriente, jogou em nações populosas em que o futebol ainda engatinha, o que não impediu a CBF de encher seus cofres com cotas impossíveis de serem ganhas em outros países. Só pelo jogo contra a China, a entidade vai receber US$ 1 milhão, além de ficar livre das despesas. No total, em suas andanças pela Ásia, a CBF faturou cerca de US$ 5 milhões nos últimos oito anos -mais do que seu lucro líquido nos últimos três anos.
Se fez bem para a saúde financeira da entidade, os seguidos périplos asiáticos pouco renderam em termos futebolísticos. Contra rivais quase sempre medíocres, o Brasil tem uma performance perto da perfeição: nos 11 jogos que fez a partir de 1999, acumulou dez vitórias e só uma derrota.
A política de levar o time para tão longe é motivo de revolta para os clubes europeus, que estão cedendo 18 jogadores para o grupo que chega hoje a Guangzhou.
Na semana passada, a entidade que agrupa os clubes mais famosos da Europa chegou a mandar uma carta à Fifa reclamando da CBF -alegou que esse tipo de jogo só serve para encher os cofres.

Corte
O zagueiro Juan, do Bayer Leverkusen, foi desconvocado ontem por Carlos Alberto Parreira, que reestréia pela seleção justamente contra a China.
O jogador sofreu uma lesão na coxa esquerda e foi examinado por José Luiz Runco, médico da seleção, no aeroporto de Frankfurt, onde a seleção fez escala.
Edmílson, que também está contundido, é outro que não poderá se apresentar na China.



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