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FUTEBOL
Nenhum outro campeão mundial fez tantos amistosos no continente como brasileiros, que pegam a China quarta
Por dólares, Brasil vira habitué na Ásia
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GUANGZHOU
Não importa a qualidade dos rivais, o desgaste de longas viagens
ou a reclamação dos clubes. Por
um ótimo punhado de dólares, a
CBF transformou o Brasil em figura fácil na Ásia entre as seleções
mais famosas do planeta.
Na quarta-feira, quando enfrentar a China, em Guangzhou, a seleção completará seu 12º amistoso
no maior dos continentes nos últimos oito anos.
Nenhuma equipe que já foi
campeã mundial chega perto dessa marca no período. A França,
por exemplo, apesar do prestígio
adquirido com a conquista da Copa-98, só colocou o pé na Ásia a
partir de 1995 para um único
amistoso reconhecido pela Fifa
-na reta final de preparação para o Mundial 2002.
A Itália também fez só um amistoso na Ásia nos últimos oito
anos. Já a Alemanha fez dois, um a
menos do que a Inglaterra.
O Brasil andou por boa parte da
Ásia. Enfrentou a tensão do
Oriente Médio, jogando em Israel
e na Arábia Saudita. Fez também
o tradicional roteiro Coréia/Japão
e partiu para a descoberta de novos mercados -antes da China,
esteve na Tailândia e na Malásia.
No extremo oriente, jogou em
nações populosas em que o futebol ainda engatinha, o que não
impediu a CBF de encher seus cofres com cotas impossíveis de serem ganhas em outros países. Só
pelo jogo contra a China, a entidade vai receber US$ 1 milhão, além
de ficar livre das despesas. No total, em suas andanças pela Ásia, a
CBF faturou cerca de US$ 5 milhões nos últimos oito anos
-mais do que seu lucro líquido
nos últimos três anos.
Se fez bem para a saúde financeira da entidade, os seguidos périplos asiáticos pouco renderam
em termos futebolísticos. Contra
rivais quase sempre medíocres, o
Brasil tem uma performance perto da perfeição: nos 11 jogos que
fez a partir de 1999, acumulou dez
vitórias e só uma derrota.
A política de levar o time para
tão longe é motivo de revolta para
os clubes europeus, que estão cedendo 18 jogadores para o grupo
que chega hoje a Guangzhou.
Na semana passada, a entidade
que agrupa os clubes mais famosos da Europa chegou a mandar
uma carta à Fifa reclamando da
CBF -alegou que esse tipo de jogo só serve para encher os cofres.
Corte
O zagueiro Juan, do Bayer Leverkusen, foi desconvocado ontem por Carlos Alberto Parreira,
que reestréia pela seleção justamente contra a China.
O jogador sofreu uma lesão na
coxa esquerda e foi examinado
por José Luiz Runco, médico da
seleção, no aeroporto de Frankfurt, onde a seleção fez escala.
Edmílson, que também está
contundido, é outro que não poderá se apresentar na China.
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