São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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TOSTÃO

Um fala, e outros repetem


Com Cicinho, Cléber Santana e Marcelinho Paraíba, o São Paulo pode ter, na Libertadores, um time melhor que o de 2009


SÃO PAULO e Cruzeiro estreiam na fase de grupos da Taça Libertadores. Se Marcelinho Paraíba e Cléber Santana jogarem como em outros clubes, o São Paulo ficará mais forte. Cléber Santana marca bem e tem bom passe. Faltava esse jogador. Hernanes é brilhante nas jogadas individuais, mas não é um organizador. Richarlyson é apenas um atleta alto, forte e dedicado. Prefiro vê-lo de zagueiro.
Alguém disse que Richarlyson é um excelente volante, e a maioria repete. O mesmo ocorre com vários outros jogadores. Há poucos debates técnicos, com bons argumentos, nos programas diários da mídia, e muitas longas conversas, blá-blá- -blás e explicações sobre coisas que têm pouca importância.
O Cruzeiro tem, hoje, um jogo difícil, na Argentina, contra o Vélez. Há ainda, no grupo, o tradicional Colo Colo, do Chile.
Estive, no final do ano, no Chile. Os torcedores estão entusiasmados com o Colo Colo e com a seleção. Um chofer de táxi me disse que o Chile vai ficar entre os quatro primeiros na Copa. Lembrei que é provável o jogo entre Brasil e Chile, nas oitavas. Fiz ainda um comentário técnico, irônico, de que, para o Brasil ganhar do Chile, basta cruzar a bola na área para os grandalhões brasileiros ganharem dos baixinhos zagueiros e goleiro chilenos.
O chofer de táxi não gostou. Houve um longo silêncio. Aí, ele disse: "Pior é ter jogadores altos, pesados e gordos, como Ronaldo". Pensei em explicar que Ronaldo não está tão gordo assim e que ele não vai ao Mundial, mas achei melhor ficar calado. Seria pior.

Brincadeiras
O gol de letra de Robinho, o gol de Neymar, na quinta-feira, contra o Santo André, e o pênalti batido, por ele, com paradinha, foram lances tão simples e bonitos que parecem jogadas de peladas, brincadeiras, reencontro desses atletas com suas infâncias, em um tempo em que tudo isso era permitido.
No futebol atual, sério e profissional, esses jogadores, quando erram, são criticados por jogar um futebol irresponsável e por não pensar no coletivo.
Isso me faz lembrar um treino de Romário no Valencia, da Espanha. Estava presente para entrevistá-lo. Romário recebeu a bola na entrada da área, com dois zagueiros à sua frente. Ele levantou a bola com um pé e, com o outro, jogou por cima dos dois zagueiros e do goleiro, para fazer o gol. O técnico Ranieri parou o treino e disse a Romário que ele não deveria fazer isso, porque nunca faria em um jogo. Romário deu sua risadinha sarcástica e respondeu: "Você não me conhece".

Convocação
A única surpresa foi Gilberto, que não é tanta surpresa assim, já que ele foi o lateral-esquerdo mais convocado por Dunga, tem muita experiência na posição e nenhum dos outros laterais testados foi aprovado. Ronaldinho está fora. Imagino que Dunga prefira não levá-lo a deixá-lo na reserva, já que, na primeira oportunidade, pediriam sua entrada, o que poderia perturbar o técnico. Outros acham que Ronaldinho seria importante para substituir Kaká, caso o titular não pudesse jogar. O que seria melhor? Não sei. É uma incógnita.


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