São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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FUTEBOL

Após perder sua maior estrela, time reformula elenco, prioriza defesa e compensa deficiência técnica com empenho

Limitado, Santos se supera sem Robinho

DOS ENVIADOS A SANTOS

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Um time que compensou sua deficiência técnica com muita correria e transpiração. Este foi o Santos que entrou em campo 19 vezes no Paulista e chegou ao título em que poucos acreditavam no início da competição.
Quando o atual Santos foi formado, há pouco mais de dois meses, nada indicava um futuro de brilho para o grupo desentrosado, que parecia muito atrás de potências como o São Paulo, atual campeão mundial, e o Corinthians, vencedor do último Nacional.
Do Santos que atuou na última rodada do Brasileiro do ano passado, quando perdeu por 3 a 1 para o Figueirense, apenas um jogador seguiu como titular no Paulista: o zagueiro Luiz Alberto.
A troca começou no banco: após fracassar no Brasileiro, Nelsinho Baptista cedeu lugar nas últimas rodadas ao interino Serginho. Em 21 de dezembro, Vanderlei Luxemburgo, dispensado do Real Madrid, assumiu o clube da Vila Belmiro pela terceira vez.
Com novo comandante, o time então foi às compras. Contratou atletas já experientes, como os goleiros Fábio Costa e Roger, os alas Kléber e Fabinho, o volante Maldonado e o atacante Reinaldo.
Outros, nem tanto, como o paraguaio Julio Manzur e o meia Rodrigo Tabata.
O "pacote" para o Paulista contou com 16 contratações. O elenco, inchado, sofreu baixas ainda no início. Na véspera da segunda rodada do campeonato, três das "estrelas" que já estavam no grupo -o meia Giovanni e os atacantes Cláudio Pitbull e Luizão- foram dispensadas. Vanderlei Luxemburgo assumiu a decisão e justificou de maneira simplória. "Eles não fazem mais parte dos nossos planos", disse.
Elenco fechado, a missão: fazer o Santos suprir a ausência de seu último grande ídolo, Robinho no Real Madrid desde em agosto.
A reação santista à saída da estrela, aliás, foi das mais rápidas.
Na era pós-Ademir da Guia, que deixou o Palmeiras em 1977, o clube só foi ser campeão em 1993.
O Corinthians perdeu Sócrates para a Fiorentina em 1984. Ergueu uma taça somente em 1988.
Raí deu adeus ao São Paulo definitivamente em 2000. E o time só ganhou um título de expressão sem o ídolo em 2005, quando faturou o Paulista, a Libertadores e o Mundial. Antes disso, havia vencido o Rio-São Paulo de 2001 e o Superpaulista de 2002.
Contando com "humildade e personalidade", o mantra pregado por Luxemburgo, o Santos-2006 ganhou corpo. Nos seis primeiros jogos, quatro vitórias, um empate e uma derrota. Tropeçou na sétima rodada, ao perder de 2 a 1 para a frágil Portuguesa Santista, mas depois engatou uma série de seis triunfos, sobre Noroeste, Corinthians, Ponte Preta, Rio Branco, São Caetano e Palmeiras.
Mudou seu esquema -passou ao 3-5-2- e priorizou o futebol defensivo. Um paradoxo à ofensividade pregada por Luxemburgo.
O jogo contra o Rio Branco, na Vila Belmiro, no sábado de Carnaval, foi oponto-chave da conquista. "Percebemos que ali tínhamos um elenco motivado e com chances de ganhar o título", revelou o treinador.
A derrota para o Guarani no jogo seguinte não foi problema. O time, embalado, seguiu somando pontos em casa e cruzou a meta no Paulista com um desempenho melhor que o de todos os rivais. Melhor do que eles mesmos imaginavam. (FÁBIO SEIXAS, TALES TORRAGA E MARIANA CAMPOS)


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