São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zaga ofusca vitória dos alemães

Time anfitrião faz quatro gols, mas vê grandalhões da defesa baterem cabeça diante da Costa Rica

No jogo de estréia da Copa, Klinsmann reconhece falhas no setor defensivo, que levou dois gols e acanhou os festejos de seus torcedores


Marcus Brandt/France Presse
Klinsmann festeja o terceiro dos quatro gols da vitória alemã sobre a Costa Rica pelo Grupo A


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

A história de Alemanha 4x2 Costa Rica, o jogo que abriu a Copa, é a típica história do copo meio cheio, meio vazio, pelo menos para a Alemanha.
Meio cheio porque ganhou, que afinal de contas é o que interessa. Ganhou o jogo inaugural, naturalmente tenso, e com isso recebe um impulso para as partidas teoricamente mais difíceis, contra Polônia e Equador. E ainda fez quatro gols, o que não é pouca coisa em Copa.
Mas meio vazio porque levar dois gols da fraquíssima Costa Rica, em casa, é muito para a seleção de melhor performance em Copas, depois do Brasil. Pior, para a Alemanha: os gols revelaram um buraco monumental na defesa, com dois zagueiros grandalhões quase imbatíveis pelo alto, mas um desastre com a bola no chão.
O técnico Jürgen Klinsmann não teve mais remédio que reconhecer o problema. Mas atribuiu as falhas que levaram aos dois gols de Paulo Wanchope à tensão da estréia, "que leva a erros". Admitiu também que os erros não foram apenas individuais, mas de posicionamento da zaga. "Os jogadores não ficarão mais em linha", prometeu.
De fato, Per Mertesacker, 21 anos e 1,96 m, e Christoph Metzelder, 25 anos e 1,93 m, ficaram lado a lado, com a pouca mobilidade em geral encontrada em atletas tão altos, não apenas nos gols costarriquenhos, mas em quatro outras ocasiões que só não resultaram em gols pelas limitações do rival.
Poderia ter sido pior para a Alemanha. Ajudou-a o fato de que três dos seus gols surgiram em "momentos psicológicos" decisivos, como se queixaria o técnico da Costa Rica, o brasileiro Alexandre Guimarães.
O primeiro saiu aos 6min. Ou seja, não deu nem tempo para sentir a tensão da estréia e das dúvidas que a Mannschaft (a seleção) desperta porque há cinco anos não vence um time de primeira linha. Melhor, para a Alemanha: foi um lindo gol do jovem lateral Philipp Lahm, 23 anos, que acertou o ângulo do bico esquerdo da grande área.
O segundo gol saiu só cinco minutos após o empate costarriquenho ter calado a torcida, aos 12min. Reanimou-a Miroslav Klose, o típico centroavante eficaz na área, ainda que pouco habilidoso, autor também do terceiro gol, no segundo tempo.
E o quarto e último saiu quando parecia que a Costa Rica ganhava o jogo, depois que Wanchope fez o segundo gol, igual ao primeiro, tal a festa que sua torcida fazia, calando os alemães em número incomparavelmente superior. Foi um chute quase da intermediária do armador Torsten Frings, com a ajuda do goleiro José Porras, que foi mal na bola.
Frings, aliás, ficou sobrecarregado na armação pela ausência de Michael Ballack, machucado na panturrilha, mas não na capacidade de ver os pontos fracos do time. Ele já havia dito que a defesa era problema e que, por isso, o time deveria equilibrar o ímpeto ofensivo.
Contra a Costa Rica, o problema ficou cristalino, mas a ofensividade pôde ser mantida porque o rival era fraco e só deixava Wanchope à frente.
O ataque alemão ficou concentrado nos lados do campo, de onde se originaram os quatro gols. No meio, o substituto de Ballack, Tim Borowski, foi tão mal que ele próprio resmungou sobre sua atuação ao ser substituído por Sebastian Kehl, que também pouco fez.
Para piorar, o atacante Lukas Podolski, 21, tido como a maior promessa recente do futebol alemão, ficou perdido entre a zaga. Por fim, outro jovem, já mais consolidado, Bastian Schweinsteiger, também 21, alternou bons momentos com certo sumiço em outros.
Contra a Costa Rica, meio copo cheio bastou, mas a torcida, que tomara todos os copos de cerveja no estádio ou à saída dele, fez festa apenas discreta.


Texto Anterior: Japão pode ter ataque titular para a estréia
Próximo Texto: Datafolha na Copa: Duas décadas de jejum
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.