São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Materazzi muda lógica e decide

Zagueiro que tem fama de violento faz gol da Itália, leva cabeçada de Zidane e não falha nos pênaltis

Técnico francês aponta o defensor como o homem do jogo, por ele ter participado diretamente dos principais lances da decisão da Copa


DOS ENVIADOS A BERLIM

Materazzi era até a Copa sinônimo de pancada, até mesmo no viril Italiano. Mas termina como autor de gol na final, tanto no tempo normal como na disputa de pênaltis, e como vítima do habilidoso Zidane.
O zagueiro da Inter de Milão estreou no Mundial na terceira partida com a dura missão de substituir Nesta, considerado o melhor defensor do mundo.
Entrou no 17º minuto do crucial jogo com a República Tcheca e, além de não comprometer, fez o gol de abertura do placar. De cabeça, sua especialidade, pois tem 1,93 m. O gol de empate que marcou na decisão foi nesse estilo: bola parada, bola alçada à área, bola na rede.
Aos 32 anos, ele ainda se consagrou ontem na disputa de pênaltis. Converteu a segunda cobrança italiana, batendo forte no canto esquerdo de Barthez.
Mas o jogo contra os franceses começou de forma negativa para Materazzi. Em disputa na área com Malouda no sétimo minuto, ele tentou recolher a perna, mas o árbitro Horacio Elizondo assinalou pênalti.
Além de fazer seu segundo gol nesta Copa -foi um dos artilheiros da Azzurra na disputa-, participou diretamente do lance mais tenso do jogo. Proferiu algumas palavras a Zidane e recebeu uma cabeçada do francês. Tirou o melhor jogador do adversário de campo.
""O Materazzi foi o homem do jogo porque provocou a expulsão", disse o técnico da França, Raymond Domenech, que criticou a escolha do volante Pirlo como o melhor da partida.
O mais novo herói do "calcio" é apelidado de ""Matrix", mas alguns o rotulam como ""assassino", pela fama de violento. Ele fracassou quando jogou fora da Itália, no inglês Everton. Participou da Copa de 2002, quando a Itália caiu nas oitavas.
O zagueiro, que havia dito antes da final que a melhor partida de sua vida tinha sido contra os tchecos na primeira fase, tem vários de seus lances mais toscos reunidos em um famoso vídeo na internet. "Eu não sou um demônio. Não sei quantas vezes contaram para meus filhos na escola que eu era um monstro", reclamou ele.
Materazzi, que tem tatuagem homenageando os filhos, começou a carreira no Marsala, de quarta divisão, e passou por Trapani e Perugia antes de chegar à Inter. ""Você comete erros na vida. Mas então você purifica a si mesmo", falou Materazzi, que colocou na Taça Fifa chapéu da Itália. (FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, GUILHERME ROSEGUINI, RODRIGO BUENO E RICARDO PERRONE)

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