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Escândalo deu força para título
Gattuso diz que Itália não teria vencido a Copa se não tivesse passado por crise no futebol do país
Técnico elogia Buffon e Cannavaro e diz que vitória nos pênaltis é reflexo da condição psicológica do grupo, que queria ganhar
DOS ENVIADOS A BERLIM
Antes da Copa, alguns poderiam pensar que o escândalo de
manipulação de jogos no Campeonato Italiano, envolvendo
os clubes de 13 dos 23 atletas da
seleção, poderiam desconcentrar e prejudicar o time.
Após erguer a taça, contudo,
os italianos deram demonstrações contundentes de que os
problemas nos bastidores ocuparam papel crucial na campanha do tetracampeonato.
"Se o escândalo não tivesse
ocorrido, eu acho que não teríamos vencido a Copa. Tudo o
que ocorreu nos deu muita força", diz Gattuso.
"Sabíamos que, se perdêssemos a Copa, ajudaríamos a aumentar a crise do futebol em
nosso país. Isso nos fez mais
fortes. As investigações devem
continuar, mas defendemos
nossa honra. Independentemente do que ocorreu, mostramos a força da Itália", afirma o
capitão Cannavaro.
A partida foi especial para
ele, não apenas pelo resultado
final. Contra a França, ele completou cem jogos pela Azzurra.
"Para quem era apenas um gandula nas semifinais da Copa de
1990, alcançar uma marca histórica em uma final de Copa é a
coroação de um sonho."
Aos 32 anos, o zagueiro sabe
que dificilmente disputará um
outro Mundial. "Joguei tudo o
que pude. O técnico confiou em
mim, eu precisava retribuir."
Antes da final, Marcello Lippi já havia dito que considerava
Cannavaro o melhor defensor
em atividade no futebol.
Após ver seu jogador erguer a
taça, voltou a derramar elogios.
"Para mim, não há dúvida: nenhum zagueiro no mundo consegue atuar com tanta precisão.
Só posso agradecer por tê-lo ao
meu lado", afirma.
Lippi também mencionou os
momentos difíceis enfrentados
pelo goleiro Gianluigi Buffon,
que sofreu com contusões antes de a Copa começar e teve
atuação decisiva na campanha
e na final -especialmente ao
defender cabeçada de Zidane
na prorrogação.
"A confiança que ele passou
ao grupo é algo digno dos grandes goleiros de nossa história."
Mesmo sem defender pênaltis, Lippi acredita que o goleiro
desempenhou função decisiva.
"Ele é muito respeitado. Fica
difícil para um rival fazer uma
cobrança tranqüilo sabendo
que do outro lado está um goleiro que só havia levado um gol
na Copa até chegar à final."
Para os que criticavam o fato
de o Mundial ter sido decidido
nos pênaltis, Lippi mandou um
recado. "Não acho que as cobranças sejam uma loteria. É
uma parte importante do treinamento e reflete a condição
psicológica do grupo. Nós batemos todos com qualidade, com
confiança. Estávamos com
vontade de ganhar."
A Itália havia sido eliminada
nos Mundiais de 1990 e 1998 e
perdido a final de 1994 nos pênaltis.
(FÁBIO VICTOR, GUILHERME ROSEGUINI, RICARDO PERRONE, RODRIGO
BUENO, PAULO COBOS)
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