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"Caos" nos ingressos atinge até a final
Torcida, jornalistas e VIPs disputam assentos para a decisão no estádio em Berlim, e cambistas atuam com liberdade
Negociação de entradas
foi o principal problema
para os organizadores da Copa, que não conseguiram evitar o mercado negro
DOS ENVIADOS A BERLIM
A distribuição de ingressos
atormentou a Fifa antes de o
Mundial começar e provocou a
expulsão de um membro da entidade durante o torneio. Na final, a questão continuou a ser o
calcanhar-de-aquiles da organização da competição.
Ocorreu de tudo: jornalistas
ocuparam locais destinados aos
torcedores, entradas foram
vendidas no mercado negro,
VIPs perderam espaço nos camarotes para autoridades.
As cercanias do Estádio
Olímpico eram um grande balcão de negócios antes de França e Itália entrarem em campo.
Os tíquetes para as arquibancadas chegaram a ser vendidos
por €2.000 (cerca de R$
5.600). Pela tabela criada antes
da competição, deveriam custar o equivalente a R$ 124.
Falhas marcantes ocorreram
também com a imprensa. Como de costume, a Fifa designou
parte do estádio à mídia.
Como recebeu número de
jornalistas maior que o de vagas, criou uma lista de espera.
Só que, 20 minutos antes de o
duelo começar, desistiu de utilizá-la. Com um bolo de entradas nas mãos, o porta-voz da
entidade, Andreas Herren, passou a entregar bilhetes a todos.
"Ninguém vai ficar sem ver a final, podem ficar tranqüilos."
Parte dos ingressos que distribuía eram para locais destinados a abrigar os torcedores.
A Folha, por exemplo, acabou
posicionada atrás do gol em
que os pênaltis foram batidos.
Ao lado da reportagem, dois
italianos não escondiam de
ninguém: compraram entradas
de cambistas. "Recebi várias
propostas. Precisei só escolher
a mais barata", disse Salvatore
Percaro, corretor de imóveis.
Ele e Gianluca Penido pagaram
€ 1.600 por duas entradas.
Negociações assim causaram
a expulsão de um membro do
Comitê Executivo da Fifa durante a Copa. Ismail Bhamjee,
de Botsuana, vendia ingressos
aos torcedores de seu país com
ágio sobre o preço padrão.
Outro setor que movimentou cifras altas no torneio também produziu cenas bizarras
por causa de ingressos. Dois
empresários ingleses que trabalham na multinacional Siemens foram "convidados" a
deixar os camarotes e se instalar na arquibancada.
Motivo: faltava espaço para
as autoridades. "Me pediram
que aceitasse sair. Disseram
que tinha muita gente lá, presidente de tudo o que é país", disse Ian Wilkoner. A exploração
de camarotes foi vendida pela
Fifa por € 175 milhões à firma
ISE Hospitality.
(FÁBIO VICTOR, GUILHERME ROSEGUINI, PAULO COBOS,
RICARDO PERRONE E RODRIGO BUENO)
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