CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Começou com um cartaz improvisado que o garoto Raymond Drousseuer levou para ver, com os pais, o jogo final no "Café Le Victor Hugo", pertinho do Arco do Triunfo: "Allez les vieux/ allez les bleus". Homenagem à seleção francesa, que normalmente veste azul, mas acima de tudo homenagem aos "velhos" que se aposentariam após a partida de ontem: Zidane (34 anos), Thuram (34) e Makelele (33), sem contar Barthez (35), que não anunciou a aposentadoria, mas certamente não estará na próxima Copa.
Continuou com um "il y a marqué/il y a marqué", quando Zidane fez, de pênalti, o gol francês, na toada de um anúncio com o astro.
Depois, o tom mudou, quando a TV mostrou a cabeçada de Zidane em Materazzi. "Não, não hoje, não depois de toda a alegria que você me deu", suplicava o pai de Raymond, como se rezasse para que o árbitro não expulsasse Zidane. Prece inútil. Expulso Zidane, prorrogação empatada, pênaltis, Itália campeã.
Mesmo assim, o presidente Jacques Chirac conseguiu captar o estado d'alma coletivo: "Estou feliz e desolado. Feliz pela soberba epopéia desta equipe. Desolado porque a sorte não nos foi favorável". Sobre Zidane: "Ele tem toda a nossa estima, pelas suas qualidades humanas. Ele honra a França".
No alto do Arco do Triunfo, raios laser desenharam a frase: "Zizou on t'aime", visível de muito longe para a massa que começava, no fim da noite, a juntar-se na avenida dos Campos Elíseos para festejar o desempenho da França, até porque ninguém esperava muito da equipe quando começou a Copa.
Até 23h30 (18h30 no Brasil), havia pouca gente, muitas bandeiras e um contingente policial ultra-reforçado (3.000 homens no total), porque as comemorações pelas vitórias contra Brasil e Portugal foram seguidas de incidentes graves.
Sempre no topo do Arco, o laser dizia adeus à Copa com um "Merci les bleus".


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