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Bola pra trás
Sucesso fora de campo, fracasso dentro dele, a Copa do Mundo
termina com a sensação de que algo tem de ser feito para que a mágica do futebol
volte a aparecer
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
ROBERTO DIAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Não, não foi uma Copa de sonhos. Não só para os brasileiros
mas para o esporte. Os gols erraram o caminho, os grandes
craques ficaram na vizinhança
e só chegaram à Alemanha
idéias de retranca, de jogo físico
e de vitória a qualquer custo.
O presidente da Fifa baixou a
bola antes mesmo do apito final
(de um "a mágica está de volta",
Joseph Blatter passou durante
o torneio a um singelo "o futebol não está tão mal assim").
Foi acompanhado por gente
como o "ligeiramente decepcionado" inglês Gary Lineker,
artilheiro da Copa-86 e hoje influente voz da rede BBC.
Mas nem tudo são espinhos.
Fora das quatro linhas, a Copa
mostrou boa organização e
uma paixão pelo futebol cada
vez mais forte, capaz de inundar ruas e estádios alemães.
O grande legado deste Mundial parece ser justamente
achar maneiras de não deixar
esse encanto se quebrar.
Idéias não pararam de pipocar nos últimos dias. Uma lista
das mais discutidas incluiria:
1) Aumentar o tamanho dos
gols (sob o argumento de que,
em média, os goleiros são maiores hoje do que eram antes).
2) Tornar mais severas as punições para quem comete faltas
(incluindo deixar o infrator fora de campo por algum tempo).
3) Alterar a regra do impedimento.
4) Diminuir o número de jogadores em campo para dez
-sugestão que provoca calafrios em Blatter.
"Esqueça o que os tradicionalistas dizem. A história do futebol é feita de experimentação
seguida, anos depois, por correção. A introdução dos juízes e
as mudanças na lei do impedimento vieram nesse processo.
Essas intervenções precisam
acontecer de novo", escreveu
Sean Ingle no blog do jornal inglês "The Guardian".
No espanhol "Marca", outra
idéia, para a Copa. "Um Mundial com divisões. Uma primeira divisão com 16 seleções. Como a idéia da Copa Davis",
apontou Fernando Carreño.
Mudar o formato da Copa envolve muito dinheiro e política.
Qualquer alteração na regra do
futebol não passaria ao largo
dos dois ingredientes anteriores e ainda precisaria comover
os membros da International
Board, a instituição que discute
uma vez por ano as leis da bola.
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