São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Bola pra trás

Sucesso fora de campo, fracasso dentro dele, a Copa do Mundo termina com a sensação de que algo tem de ser feito para que a mágica do futebol volte a aparecer

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

ROBERTO DIAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Não, não foi uma Copa de sonhos. Não só para os brasileiros mas para o esporte. Os gols erraram o caminho, os grandes craques ficaram na vizinhança e só chegaram à Alemanha idéias de retranca, de jogo físico e de vitória a qualquer custo.
O presidente da Fifa baixou a bola antes mesmo do apito final (de um "a mágica está de volta", Joseph Blatter passou durante o torneio a um singelo "o futebol não está tão mal assim").
Foi acompanhado por gente como o "ligeiramente decepcionado" inglês Gary Lineker, artilheiro da Copa-86 e hoje influente voz da rede BBC.
Mas nem tudo são espinhos. Fora das quatro linhas, a Copa mostrou boa organização e uma paixão pelo futebol cada vez mais forte, capaz de inundar ruas e estádios alemães.
O grande legado deste Mundial parece ser justamente achar maneiras de não deixar esse encanto se quebrar.
Idéias não pararam de pipocar nos últimos dias. Uma lista das mais discutidas incluiria:
1) Aumentar o tamanho dos gols (sob o argumento de que, em média, os goleiros são maiores hoje do que eram antes).
2) Tornar mais severas as punições para quem comete faltas (incluindo deixar o infrator fora de campo por algum tempo).
3) Alterar a regra do impedimento.
4) Diminuir o número de jogadores em campo para dez -sugestão que provoca calafrios em Blatter.
"Esqueça o que os tradicionalistas dizem. A história do futebol é feita de experimentação seguida, anos depois, por correção. A introdução dos juízes e as mudanças na lei do impedimento vieram nesse processo. Essas intervenções precisam acontecer de novo", escreveu Sean Ingle no blog do jornal inglês "The Guardian".
No espanhol "Marca", outra idéia, para a Copa. "Um Mundial com divisões. Uma primeira divisão com 16 seleções. Como a idéia da Copa Davis", apontou Fernando Carreño.
Mudar o formato da Copa envolve muito dinheiro e política. Qualquer alteração na regra do futebol não passaria ao largo dos dois ingredientes anteriores e ainda precisaria comover os membros da International Board, a instituição que discute uma vez por ano as leis da bola.


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