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Basquete faz aposta em "rodagem"
Na contramão de seus maiores rivais, seleção que disputa o Mundial em casa tem jogadoras mais velhas e experientes
Com média de idade de 27,9 anos, equipe de Antonio Barbosa tem dez atletas que já jogaram pelo menos uma Olimpíada ou um Mundial
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção feminina aposta
em veteranas para reconquistar o título do Mundial de basquete, que volta a ser disputado
no Brasil depois de 23 anos.
A média de idade do time que
estréia contra a Argentina na
terça, no ginásio do Ibirapuera,
em São Paulo, é uma das mais
altas da competição: 27,9 anos.
Dez das 13 atletas do elenco
atual -o técnico Antonio Carlos Barbosa ainda definiria o último corte- têm experiência
em Mundiais ou Olimpíadas.
Como comparação, no masculino, quem utilizou base jovem se destacou. Dois times rejuvenescidos decidiram o título
do Mundial, encerrado há uma
semana, no Japão. A Espanha,
com média de 25 anos, derrotou a Grécia, de 25,8 anos.
A aposta do Brasil parece arriscada. Especialmente porque
seus principais adversários no
torneio estão rejuvenescidos.
É o caso de Rússia (24,6
anos), Austrália (24 anos) e República Tcheca (23,3 anos). Até
os EUA, bicampeões mundiais
e tricampeões olímpicos, são
mais jovens: 26,9 anos.
As norte-americanas, ao menos, irão sentir a falta de seu
principal ícone. Lisa Leslie, 34,
que participou de todas as conquistas de sua seleção nos últimos dez anos, pediu dispensa
alegando problemas familiares.
Se o time norte-americano
perdeu uma de suas duas veteranas do Mundial de 1994 -só
restou Sheryl Swoopes, 35-, o
Brasil ainda cultiva quatro remanescentes do elenco campeão há 12 anos, na Austrália:
Helen, 33, Janeth, 37, Cíntia
Tuiú, 31, e Alessandra, 32.
Dessas, apenas Helen perdeu
o status de titular, mas desempenha função como a sexta jogadora. Mas quem ainda está
em quadra admite: não mantém o mesmo fôlego de antes.
"Já não corro tanto como naquela época", diz Janeth, maior
estrela da seleção. "Mas, com o
tempo, você descobre os atalhos da quadra e compensa a
falta de velocidade com drible
que a deixa em boa situação para tentar a cesta ou um passe."
Ontem, ela comandou o time
na conquista do torneio preparatório para o Mundial com vitória sobre a Espanha (84 a 66).
"Acho que a minha experiência dá tranqüilidade às outras
jogadoras. Mas é necessário
mesclar isso com juventude das
outras atletas", analisa Janeth.
O quarteto lembra com saudade da conquista de 1994,
quando surpreendeu o mundo
ao bater os EUA nas semifinais,
por 110 a 107. Na final, o time
superou a China. "Foi meu primeiro ano de titular. Parecia
um sonho", afirma Alessandra.
No último Mundial, na China, faltou sorte: o Brasil perdeu
Micaela, que sofreu fratura no
tornozelo às vésperas da estréia, e competiu com 11 atletas.
Não bastasse isso, ficou fora
da disputa por medalhas e
amargou duas derrotas seguidas, para Coréia do Sul e China,
por diferença de um ponto. Favorita à medalha, a equipe
amargou o sétimo lugar.
Helen prefere se lembrar de
outras campanhas mais felizes.
"Em Sydney [em 2000], não
fizemos campanha brilhante,
mas ganhamos medalha. Soubemos perder na hora certa."
Na ocasião, o Brasil obteve quatro vitórias e quatro derrotas.
Ainda assim, levou o bronze.
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