São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Sobrinho de Ayrton, que promove no Japão uma exposição sobre o tio, procura estreitar laços com a F-1

Bruno devolve sobrenome Senna às pistas

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

Dez anos depois, no lugar onde o tricampeão é mais idolatrado- talvez mais do que no Brasil- , o sobrenome Senna volta a Suzuka com o menino que tinha aulas de kart e se inspirava no tio famoso.
Bruno, 20, está no Japão para representar a família e promover uma exposição sobre Ayrton. Nesta madrugada, participaria ainda de uma homenagem ao tio antes do GP do Japão de F-1.
Recém-lançado no mundo do automobilismo profissional, vai aproveitar a viagem para estreitar as suas relações com a categoria que consagrou seu sobrenome.
Morando desde maio em uma cidade perto de Brighton, no sul da Inglaterra, Bruno resolveu investir na carreira. Começou a freqüentar uma academia especializada em pilotos e vem recebendo orientações de pessoas como o ex-piloto Gerhard Berger, um dos melhores amigos de Ayrton.
"Sei que ainda preciso melhorar. Eu não sou um fenômeno", afirmou à Folha, por telefone, antes de embarcar para a Ásia.
O primeiro contato real de Bruno com as pistas foi aos cinco anos, quando ganhou um kart de presente do avô, Milton. Na época, andava com o "brinquedo" na fazenda da família, em Tatuí, onde o tio tinha um kartódromo.
Começava assim uma grande paixão, que era cada vez mais acalentada com a proximidade que cercava o mundo do menino com o mundo de sonhos da F-1.
"Eu era muito pequeno, não me lembro direito. A única vez que eu fui a um circuito com o Beco [apelido que Ayrton tinha na família] foi em Interlagos, em 1992 ou 1993", disse. "Foi muito legal, lembro que sentei no carro dele."
Um acidente, porém, fez com que a paixão fosse abandonada de repente. Em 1º de maio de 1994, o tio de Bruno morreu após bater seu Williams em Monza. "Num primeiro momento, fiquei balançado e acabei deixando de lado."
E deixou mesmo. Foram oito anos longe das pistas. "Freqüentava a escola, fazia coisas normais." Mas, ao completar 18 anos, Bruno ganhou um carro de presente. "Não teve jeito. Eu já gostava de dirigir e comecei a ter mais contato com tudo aquilo", disse.
O adolescente trancou então a faculdade de administração na Faap e foi para a Inglaterra. "Minha mãe [Viviane] falou com o Berger, e ele conseguiu uma vaga para mim na Carlin, da F-BMW."
Na versão inglesa da categoria, disputou seis provas. Sua melhor colocação foi um sexto lugar -largou em segundo duas vezes.
"Acho que foi bom para aprender. Fiz muita bobagem, mas andei o tempo todo lá na frente", afirmou o piloto, que usa um capacete com um desenho parecido com o do tio, mas em azul, prata e vermelho. "Eu era agressivo demais, destruía os pneus. Mudei meu estilo e estou mais rápido."
Seu ídolo no esporte? "Sou suspeito para falar. O Beco era profissional, tinha talento e trabalhou muito. Admiro também o Schumacher. Mas, se meu tio estivesse vivo, a F-1 não estaria assim."

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