São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2005

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AUTOMOBILISMO

Pista que recebe o GP do Japão na madrugada de amanhã foi a melhor da escuderia em seus anos de glória

Marco da hegemonia, Suzuka vê fim do ciclo Ferrari

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

Suzuka, GP do Japão de 2000. O autódromo japonês fervia. Olhares de admiração miravam a Ferrari, num dos mais gloriosos dias de sua história. Naquele 8 de outubro, Michael Schumacher vencia o Mundial de F-1, o terceiro de sua carreira, encerrando um jejum de 21 anos do mais tradicional time do automobilismo.
A partir de então, a escuderia italiana mergulhou numa fase de conquistas, numa hegemonia arrasadora, entediante, inédita na história da categoria. Até agora.
Porque não bastasse o inferno que enfrenta nesta temporada, a Ferrari pode voltar a viver na próxima madrugada um dia emblemático, marcante. Mas pela melancolia. Na mesma Suzuka, o ciclo iniciado há redondos cinco anos deve receber a pá de cal.
Renault e McLaren largam no GP do Japão para derrubar o que resta à equipe de Schumacher e Rubens Barrichello: seu maior reinado em um circuito. Em nenhuma outra pista do campeonato a Ferrari foi tão vitoriosa, nos últimos anos, como em Suzuka.
Os ferraristas sustentam séries de sete poles e cinco vitórias no autódromo japonês. A primeira seqüência seria colocada em jogo na madrugada de hoje, no treino que definiria o grid de largada, após o fechamento desta edição.
A outra, provavelmente seu derradeiro orgulho, a partir das 2h de amanhã (horário de Brasília), com transmissão da TV e previsão de chuva e ventos fortes.
Contrastando com o cenário de 2000, o clima em 2005 é de pessimismo. "Perdemos o nosso perfeccionismo, a nossa velocidade e ainda não sabemos os porquês. Para mim parece óbvio que não lutaremos pela vitória aqui", disse o heptacampeão mundial.
O desânimo é tanto que nem seu bom resultado na segunda sessão de ontem, com pista molhada, o anima. "Os tempos não refletem nossa real condição e não temos motivos para crer que podemos andar melhor que no Brasil", completou o alemão, segundo no treino -em Interlagos, há duas semanas, ele foi quarto.
Barrichello segue a mesma linha do companheiro. E torce por chuva forte. "É a mesma coisa de sempre. Nosso pneu não é muito bom para chuva fraca. Se for para cair água, que caia muita", disse o brasileiro, que faz sua penúltima corrida pela equipe italiana -no ano que vem, vai para a BAR, que pode se chamar Honda.
Pelo menos a Ferrari teve um consolo ontem. Pela quarta vez no ano, Kimi Raikkonen, vice-campeão mundial, teve um motor estourado. Assim, ele perderia dez postos no grid. Mais importante, porém, a quebra é outro golpe na relação entre o finlandês e a McLaren -bom para os italianos, que o cortejam para 2007.
"É claro que estou decepcionado com outro problema de motor, mas nosso balanço está ok", limitou-se a dizer o finlandês.
A quebra dificulta ainda mais a conquista por antecipação do Mundial de Construtores pela sua equipe. Hoje, a McLaren tem dois pontos a mais que a Renault. Para fechar a disputa na próxima madrugada, o time inglês precisa obrigatoriamente vencer a prova, colocar outro piloto no pódio e torcer para a Renault fracassar.
Uma dobradinha dá o título à McLaren contanto que Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella marquem, juntos, só dois pontos. Caso chegue em primeiro e terceiro lugares no GP, a equipe de Ron Dennis torcerá para que a dupla da Renault não pontue.
A Ferrari deve assistir a luta à distância, não sem certa dose de tristeza. Nos últimos seis Mundiais, a taça de construtores foi para as estantes de Maranello.


NA TV - GP do Japão, Globo, ao vivo, às 2h de amanhã

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