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Rio terá campeões de audiência
Modalidades que atraem TV e patrocinadores, rúgbi e golfe voltam ser olímpicas a partir de 2016
Enquanto um esporte se adapta com formato mais enxuto, o outro supera os críticos, que o veem elitista, antiecológico e misógino
EDUARDO OHATA
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro anos após enxugar o
programa olímpico, excluindo
o beisebol e o softbol, o Comitê
Olímpico Internacional (COI)
volta a inflá-lo com a inclusão
do rúgbi e do golfe nos Jogos.
Os dois esportes, que já foram olímpicos no início do século passado, voltarão a ser disputados em 2016, no Rio.
Ambos atraem enormes audiências. A Copa do Mundo de
rúgbi, por exemplo, é o terceiro
evento mais visto pela TV, perdendo apenas para o Mundial
de futebol e para a própria
Olimpíada. Já os torneios profissionais de golfe são transmitidos semanalmente para 231
países e 569 milhões de lares.
Enquanto a versão mais enxuta do rúgbi (com apenas sete
jogadores) foi aprovada por
quase unanimidade no COI (só
9% dos eleitores votaram contra), o golfe dividiu opiniões, e
30% dos votantes se opuseram
à inclusão do esporte no programa da Olimpíada carioca.
As razões para os votos contrários são variadas. Embora o
golfe possa ajudar o COI a fechar acordos de patrocínio milionários e ainda valorizar os
direitos de transmissão, o esporte é visto por muitos como
elitista, machista e prejudicial
ao meio ambiente. Na bateria
de perguntas feitas aos membros da candidatura, foram esses os temas mais abordados.
Um deles admitiu o caráter
elitista da modalidade.
"Nossa inclusão nos Jogos
nos ajudará a superar isso [elitismo]", afirmou o golfista irlandês Padraig Harrington.
No Brasil, por exemplo, 40%
dos praticantes do esporte têm
renda familiar superior a R$ 12
mil por mês. E 34% são proprietários de empresa, segundo
censo feito em 2003 pela Confederação Brasileira de Golfe.
Em julho, dois dias antes da
eleição que definiu rúgbi e golfe
como finalistas, até mesmo o
presidente venezuelano Hugo
Chávez lançou-se no debate.
Na ocasião, o beisebol, esporte
número um de seu país, pleiteava o retorno aos Jogos.
Chávez disse que o golfe era
"burguês" e seus praticantes,
"preguiçosos", por usarem carrinhos para se deslocar.
As declarações não abalaram
a candidatura do esporte, cujo
principal astro, Tiger Woods,
tornou-se o primeiro atleta a
acumular US$ 1 bilhão.
O golfe acabou indo para a
votação final, enquanto o beisebol de Chávez foi eliminado.
Mas, na eleição de ontem, alguns membros do COI, especialmente as mulheres, levantaram outro ponto fraco.
"Há muitos problemas de
discriminação com alguns clubes que sediam grandes eventos", disse a americana Anita
DeFrantz, referindo-se provavelmente ao Augusta National
Golf Club, sede duas vezes do
Masters. O clube, um dos mais
tradicionais dos EUA, já foi alvo
de protestos por não permitir
que mulheres se associem.
DeFrantz alertou o COI, que
vem tentando aumentar a participação feminina nos Jogos
Olímpicos, para "evitar trilhar
um caminho" que pudesse prejudicar a imagem da entidade.
Mesmo assim, com 63 votos a
favor, o golfe, cuja última aparição olímpica foi em Saint Louis,
em 1904, voltará a ser disputado nos Jogos daqui a sete anos.
Já o rúgbi teve de passar por
uma adaptação para retornar à
Olimpíada. A modalidade já havia pleiteado sua inclusão em
Londres-2012, mas acabou
naufragando porque o COI não
queria inchar os Jogos.
A solução encontrada foi
apresentar, desta vez, uma versão enxuta que conta com sete
jogadores em cada equipe, contra 15 do formato tradicional.
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