São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009

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Rio terá campeões de audiência

Modalidades que atraem TV e patrocinadores, rúgbi e golfe voltam ser olímpicas a partir de 2016

Enquanto um esporte se adapta com formato mais enxuto, o outro supera os críticos, que o veem elitista, antiecológico e misógino

EDUARDO OHATA
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro anos após enxugar o programa olímpico, excluindo o beisebol e o softbol, o Comitê Olímpico Internacional (COI) volta a inflá-lo com a inclusão do rúgbi e do golfe nos Jogos.
Os dois esportes, que já foram olímpicos no início do século passado, voltarão a ser disputados em 2016, no Rio.
Ambos atraem enormes audiências. A Copa do Mundo de rúgbi, por exemplo, é o terceiro evento mais visto pela TV, perdendo apenas para o Mundial de futebol e para a própria Olimpíada. Já os torneios profissionais de golfe são transmitidos semanalmente para 231 países e 569 milhões de lares.
Enquanto a versão mais enxuta do rúgbi (com apenas sete jogadores) foi aprovada por quase unanimidade no COI (só 9% dos eleitores votaram contra), o golfe dividiu opiniões, e 30% dos votantes se opuseram à inclusão do esporte no programa da Olimpíada carioca.
As razões para os votos contrários são variadas. Embora o golfe possa ajudar o COI a fechar acordos de patrocínio milionários e ainda valorizar os direitos de transmissão, o esporte é visto por muitos como elitista, machista e prejudicial ao meio ambiente. Na bateria de perguntas feitas aos membros da candidatura, foram esses os temas mais abordados.
Um deles admitiu o caráter elitista da modalidade.
"Nossa inclusão nos Jogos nos ajudará a superar isso [elitismo]", afirmou o golfista irlandês Padraig Harrington.
No Brasil, por exemplo, 40% dos praticantes do esporte têm renda familiar superior a R$ 12 mil por mês. E 34% são proprietários de empresa, segundo censo feito em 2003 pela Confederação Brasileira de Golfe.
Em julho, dois dias antes da eleição que definiu rúgbi e golfe como finalistas, até mesmo o presidente venezuelano Hugo Chávez lançou-se no debate. Na ocasião, o beisebol, esporte número um de seu país, pleiteava o retorno aos Jogos.
Chávez disse que o golfe era "burguês" e seus praticantes, "preguiçosos", por usarem carrinhos para se deslocar.
As declarações não abalaram a candidatura do esporte, cujo principal astro, Tiger Woods, tornou-se o primeiro atleta a acumular US$ 1 bilhão.
O golfe acabou indo para a votação final, enquanto o beisebol de Chávez foi eliminado.
Mas, na eleição de ontem, alguns membros do COI, especialmente as mulheres, levantaram outro ponto fraco.
"Há muitos problemas de discriminação com alguns clubes que sediam grandes eventos", disse a americana Anita DeFrantz, referindo-se provavelmente ao Augusta National Golf Club, sede duas vezes do Masters. O clube, um dos mais tradicionais dos EUA, já foi alvo de protestos por não permitir que mulheres se associem.
DeFrantz alertou o COI, que vem tentando aumentar a participação feminina nos Jogos Olímpicos, para "evitar trilhar um caminho" que pudesse prejudicar a imagem da entidade.
Mesmo assim, com 63 votos a favor, o golfe, cuja última aparição olímpica foi em Saint Louis, em 1904, voltará a ser disputado nos Jogos daqui a sete anos.
Já o rúgbi teve de passar por uma adaptação para retornar à Olimpíada. A modalidade já havia pleiteado sua inclusão em Londres-2012, mas acabou naufragando porque o COI não queria inchar os Jogos.
A solução encontrada foi apresentar, desta vez, uma versão enxuta que conta com sete jogadores em cada equipe, contra 15 do formato tradicional.


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