São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000

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FUTEBOL
Segundo depoimento, reuniões em uma casa da Barra da Tijuca acertavam venda de atletas e máfia de resultados
Técnico vendia jogos, diz ex-assessora

SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ex-procuradora de Wanderley Luxemburgo Renata Alves disse ontem à CPI do Futebol, instalada no Senado, que o técnico participava de reuniões secretas em uma casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para acertar venda de jogadores.
Na reunião fechada da CPI, realizada logo depois do depoimento aberto, Renata foi além: disse que os encontros também serviam para acertar resultados de jogos.
Segundo ela, Luxemburgo deixava o local com valises cheias de dólares que depois eram enviados ao exterior.
Segundo ela, também participavam dessas reuniões o deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), membro da CPI da CBF/Nike e vice-presidente do Vasco, e empresários de jogadores.
Renata Alves entregou à CPI uma suposta agenda de Luxemburgo e um envelope com documentos, mas, de acordo com senadores, ela não apresentou nenhuma prova para as denúncias que fez contra ele.
No depoimento, Renata disse que a casa onde ocorriam as supostas reuniões abrigou há alguns anos uma representação consular estrangeira e, por isso, era mencionada por Luxemburgo e seus amigos como "embaixada".
A casa ficava na avenida Afonso Taunay, quase na esquina com a avenida Sernambetiba, disse Renata. Segundo ela, havia manobristas para estacionar os carros, vigias nas portas e garçons.
Ela disse que a casa já foi demolida e seu lugar hoje é ocupado por um prédio.
Renata contou que começou a ir à casa em 1993, quando foi contratada por Luxemburgo, cerca de um ano depois de encerrar um relacionamento amoroso com o ex-técnico da seleção brasileira.
Ela afirmou que no começo não tinha permissão para entrar na casa, mas ficava esperando no carro. Em 1994, afirmou ela, passou a acompanhar as reuniões.
Marcos Malucelli, advogado de Luxemburgo, disse desconhecer informações sobre as reuniões.
O deputado Eurico Miranda não foi encontrado para falar sobre a denúncia. Sua assessoria informou que ele viajou no começo da tarde para o Rio e talvez pudesse ser localizado no Vasco da Gama, mas ele também não foi encontrado no clube.
Renata afirmou que os empresários e procuradores de jogadores Eduardo Sakamoto, Wadih Coury, Juan Figer, Marcel Figer, Gilmar Rinaldi e Luís Vianna eram algumas das cerca de 60 pessoas que participavam das reuniões, realizadas sempre às quartas e sextas à noite.
Ela disse estar em dúvida quanto à presença dos empresários Giuliano Bertolucci, Joseph Lee Hung, Léo Rabelo e Pedro Vicençote nos encontros. A ex-assessora disse ainda que o árbitro José Carlos Santiago de Andrade "estava sempre na embaixada".
Renata não precisou as quantias que Luxemburgo carregaria depois das reuniões, mas disse que, segundo o técnico, as operações envolviam "milhares" de dólares. "US$ 100 mil, US$ 120 mil", disse.


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