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FUTEBOL
Segundo depoimento, reuniões em uma casa da Barra da Tijuca acertavam venda de atletas e máfia de resultados
Técnico vendia jogos, diz ex-assessora
SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ex-procuradora de Wanderley Luxemburgo Renata Alves
disse ontem à CPI do Futebol, instalada no Senado, que o técnico
participava de reuniões secretas
em uma casa na Barra da Tijuca,
no Rio de Janeiro, para acertar
venda de jogadores.
Na reunião fechada da CPI, realizada logo depois do depoimento
aberto, Renata foi além: disse que
os encontros também serviam para acertar resultados de jogos.
Segundo ela, Luxemburgo deixava o local com valises cheias de
dólares que depois eram enviados
ao exterior.
Segundo ela, também participavam dessas reuniões o deputado
Eurico Miranda (PPB-RJ), membro da CPI da CBF/Nike e vice-presidente do Vasco, e empresários de jogadores.
Renata Alves entregou à CPI
uma suposta agenda de Luxemburgo e um envelope com documentos, mas, de acordo com senadores, ela não apresentou nenhuma prova para as denúncias
que fez contra ele.
No depoimento, Renata disse
que a casa onde ocorriam as supostas reuniões abrigou há alguns
anos uma representação consular
estrangeira e, por isso, era mencionada por Luxemburgo e seus
amigos como "embaixada".
A casa ficava na avenida Afonso
Taunay, quase na esquina com a
avenida Sernambetiba, disse Renata. Segundo ela, havia manobristas para estacionar os carros,
vigias nas portas e garçons.
Ela disse que a casa já foi demolida e seu lugar hoje é ocupado
por um prédio.
Renata contou que começou a ir
à casa em 1993, quando foi contratada por Luxemburgo, cerca de
um ano depois de encerrar um relacionamento amoroso com o ex-técnico da seleção brasileira.
Ela afirmou que no começo não
tinha permissão para entrar na
casa, mas ficava esperando no
carro. Em 1994, afirmou ela, passou a acompanhar as reuniões.
Marcos Malucelli, advogado de
Luxemburgo, disse desconhecer
informações sobre as reuniões.
O deputado Eurico Miranda
não foi encontrado para falar sobre a denúncia. Sua assessoria informou que ele viajou no começo
da tarde para o Rio e talvez pudesse ser localizado no Vasco da Gama, mas ele também não foi encontrado no clube.
Renata afirmou que os empresários e procuradores de jogadores Eduardo Sakamoto, Wadih
Coury, Juan Figer, Marcel Figer,
Gilmar Rinaldi e Luís Vianna
eram algumas das cerca de 60 pessoas que participavam das reuniões, realizadas sempre às quartas e sextas à noite.
Ela disse estar em dúvida quanto à presença dos empresários
Giuliano Bertolucci, Joseph Lee
Hung, Léo Rabelo e Pedro Vicençote nos encontros. A ex-assessora disse ainda que o árbitro José
Carlos Santiago de Andrade "estava sempre na embaixada".
Renata não precisou as quantias
que Luxemburgo carregaria depois das reuniões, mas disse que,
segundo o técnico, as operações
envolviam "milhares" de dólares.
"US$ 100 mil, US$ 120 mil", disse.
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