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"Alguns pais inventam histórias", diz Nesi Curi
Ex-vice-presidente do Corinthians defende apadrinhado acusado de pedofilia
Para cartola, dispensa de alguns garotos deixa pais inconformados, o que segundo ele é comum em todos os clubes de futebol
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A GOIÂNIA
Durante 14 anos, Nesi Curi,
que renunciou ao cargo de vice-presidente do Corinthians em
setembro, comandou as categorias de base do Corinthians.
Ele é considerado o padrinho
de Evanir Jesus de Moraes, o
Wando, ex-diretor de futebol
amador do clube e acusado pelos atuais dirigentes de assediar
menores sexualmente.
Wando Moraes, que nega todas as acusações, foi demitido
na própria gestão de Nesi, mas,
em seguida, readmitido. Mas
teve de sair quando Nesi renunciou. Nesta entrevista à Folha, Nesi defende Wando, diz
que duvida das acusações de
pedofilia e afirma ser responsável por qualquer problema encontrado na base em sua época.
FOLHA - O senhor tinha conhecimento de supostos casos de pedofilia nas categorias de base?
NESI CURI - Considero a pergunta uma ofensa. Claro que nunca
soube de problemas deste tipo.
FOLHA - Há muito tempo no clube
se fala em casos de pedofilia nas categorias de base. O senhor nunca
pediu investigação sobre isso?
NESI - Fala-se muito no Corinthians e prova-se quase nada.
Sempre que recebíamos alguma reclamação, fosse qual fosse
a natureza, investigávamos.
Como em qualquer administração de uma grande entidade,
com centenas de funcionários,
tínhamos problemas de todos
os tipos. Muitos funcionários
foram demitidos porque não
agiram corretamente. Está nos
registros do clube.
FOLHA - Por que o Wando foi demitido e, depois, recontratado?
NESI - Porque do ponto de vista
técnico ele era um bom profissional. Foi assim no Nacional,
no Juventus, na Euroexport,
que é especialista em divisão de
base e revelou centenas de jogadores famosos. Quem é do ramo sempre elogiou o seu trabalho como treinador.
FOLHA - Se os casos de pedofilia forem comprovados, o senhor se sentirá responsável por isso?
NESI - Acredito que nada será
comprovado. Muitas vezes um
menino é dispensado e os pais
não se conformam. Infelizmente, alguns chegam ao cúmulo de inventar histórias. Fale com responsáveis pela área
em outros clubes e veja se não é
exatamente assim.
FOLHA - O senhor, após renunciar
ao cargo, pediu ao Andrés Sanches o
controle da base em troca de apoio a
ele na eleição presidencial?
NESI - Claro que não. Nem haveria por que. Sou página virada. Depois que renunciei, me
recolhi. Não tenho mais nenhuma atividade ligada ao Corinthians. De uma vez por todas,
diretivamente, o clube é passado para mim.
FOLHA - O que achou de o Andrés
ter insinuado que o senhor e Alberto
Dualib são responsáveis pelos problemas na base?
NESI - Acho que ele está certo.
Éramos responsáveis pelo setor. Mas, por uma questão de
coerência, somos responsáveis
também por outras coisas.
Quem revelou mais jogadores
do que o Corinthians nos últimos 13 anos? Que outro clube
arrecadou R$ 25 milhões com a
venda de jogadores da base em
2006? Que outro clube arrecadou, da mesma fonte, R$ 40 milhões em 2007? Que outro clube tem duas promessas concretas como Lulinha e Dentinho?
Ou sobre estes resultados positivos, muito superiores a de
qualquer outro clube grande,
não tivemos nenhum mérito?
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