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SONINHA
Técnicos na cara do gol
Estivesse comentando na TV, o que Vanderlei Luxemburgo diria do desempenho de seu time no jogo contra o Grêmio?
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A EXTEMPORÂNEA (e lamentável) decisão do STJD, tirando
Diego Souza da partida contra o Grêmio, mais a ausência de
Kléber, deixou o Palmeiras com ares
de time B, e esse B não funciona
muito bem, como atestou o comentarista convidado pela Globo na
quarta-feira passada.
Gostaria que um internauta tivesse perguntado a ele: "O fato de o técnico não ter viajado com a equipe
prejudica o seu desempenho?". Seria divertido: se Luxemburgo dissesse "sim, é claro que prejudica, não há
nada como a presença do treinador
na equipe, fazendo a preleção, dando orientações à beira de campo, infundindo confiança e ânimo no time", estaria supervalorizando seu
papel e, ao mesmo tempo, condenando-se pela ausência. Se dissesse
"claro que não, o auxiliar técnico é
perfeitamente capaz de conduzir os
trabalhos e o grupo pode fazer uma
boa apresentação sem o treinador
por perto", estaria se assumindo como dispensável...
Nenhum outro técnico abandonaria sua equipe desfalcada, em desvantagem, em campo estrangeiro.
Muito menos criticaria seus comandados ao vivo em rede nacional, comentando a dificuldade de posicionamento decorrente da falta de hábito de jogar naquela formação tática etc.
Luxemburgo, ao longo do tempo,
atingiu níveis elevados de preferência e rejeição, por força das circunstâncias e de suas próprias atitudes.
O reconhecimento inconteste demorou a chegar depois dos primeiros títulos no Palmeiras, muitos duvidavam de que ele fosse capaz de
trabalhar com times menos bem
servidos de estrelas (considerando o
título do Bragantino um caso à parte). Aos poucos, porém, Luxemburgo confirmou sua capacidade para
garimpar talentos, recuperar "casos
perdidos", extrair o máximo de cada
jogador e descobrir a melhor combinação entre eles. Montou equipes
vistosas e eficazes, para a glória de
quem defende que o futebol pode
ser bonito. E de resultados.
Mas quase virou super-herói -até
mesmo vitórias apertadas, em jogos
feios, eram celebradas como "mais
um nó-tático de Luxemburgo". É
verdade que tem ótima visão de jogo, conhece bem os adversários, mas
infalível ele não é. Também escala
mal e tira do jogo o melhor homem
em campo (quando não dispensa o
melhor do time...)
A se julgar pelo resultado do fim
de semana, Luxemburgo está prestes a perder o título do Brasileiro. O
líder ficou a quatro pontos de distância se já não adiantava "fazer o
seu", porque o único que dependia-só de si era o São Paulo, torcer por
apenas um tropeço também passou
a ser insuficiente (são precisos
dois!). Ainda é possível chegar lá; há
12 pontos em disputa. Mas o problema não é só a matemática -o futebol também não anima.
Se Luxemburgo fosse Celso Roth,
teria sido muito "elogiado" pela torcida na tarde de ontem. Ele ainda goza de um crédito de que outros não
desfrutam. Mas está parecendo alguns de seus jogadores, que desperdiçam chances na cara do gol. Quando sua hora de voltar à seleção parecia estar chegando, ele chuta a bola
para fora...
(E Muricy Ramalho, como outros
bons jogadores, dificilmente terá
sua chance).
soninha.folha@uol.com.br
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