São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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SONINHA

Técnicos na cara do gol


Estivesse comentando na TV, o que Vanderlei Luxemburgo diria do desempenho de seu time no jogo contra o Grêmio?

A EXTEMPORÂNEA (e lamentável) decisão do STJD, tirando Diego Souza da partida contra o Grêmio, mais a ausência de Kléber, deixou o Palmeiras com ares de time B, e esse B não funciona muito bem, como atestou o comentarista convidado pela Globo na quarta-feira passada.
Gostaria que um internauta tivesse perguntado a ele: "O fato de o técnico não ter viajado com a equipe prejudica o seu desempenho?". Seria divertido: se Luxemburgo dissesse "sim, é claro que prejudica, não há nada como a presença do treinador na equipe, fazendo a preleção, dando orientações à beira de campo, infundindo confiança e ânimo no time", estaria supervalorizando seu papel e, ao mesmo tempo, condenando-se pela ausência. Se dissesse "claro que não, o auxiliar técnico é perfeitamente capaz de conduzir os trabalhos e o grupo pode fazer uma boa apresentação sem o treinador por perto", estaria se assumindo como dispensável...
Nenhum outro técnico abandonaria sua equipe desfalcada, em desvantagem, em campo estrangeiro. Muito menos criticaria seus comandados ao vivo em rede nacional, comentando a dificuldade de posicionamento decorrente da falta de hábito de jogar naquela formação tática etc. Luxemburgo, ao longo do tempo, atingiu níveis elevados de preferência e rejeição, por força das circunstâncias e de suas próprias atitudes.
O reconhecimento inconteste demorou a chegar depois dos primeiros títulos no Palmeiras, muitos duvidavam de que ele fosse capaz de trabalhar com times menos bem servidos de estrelas (considerando o título do Bragantino um caso à parte). Aos poucos, porém, Luxemburgo confirmou sua capacidade para garimpar talentos, recuperar "casos perdidos", extrair o máximo de cada jogador e descobrir a melhor combinação entre eles. Montou equipes vistosas e eficazes, para a glória de quem defende que o futebol pode
ser bonito. E de resultados. Mas quase virou super-herói -até mesmo vitórias apertadas, em jogos feios, eram celebradas como "mais um nó-tático de Luxemburgo". É verdade que tem ótima visão de jogo, conhece bem os adversários, mas infalível ele não é. Também escala mal e tira do jogo o melhor homem em campo (quando não dispensa o melhor do time...)
A se julgar pelo resultado do fim de semana, Luxemburgo está prestes a perder o título do Brasileiro. O líder ficou a quatro pontos de distância se já não adiantava "fazer o seu", porque o único que dependia-só de si era o São Paulo, torcer por apenas um tropeço também passou a ser insuficiente (são precisos dois!). Ainda é possível chegar lá; há 12 pontos em disputa. Mas o problema não é só a matemática -o futebol também não anima. Se Luxemburgo fosse Celso Roth, teria sido muito "elogiado" pela torcida na tarde de ontem. Ele ainda goza de um crédito de que outros não desfrutam. Mas está parecendo alguns de seus jogadores, que desperdiçam chances na cara do gol. Quando sua hora de voltar à seleção parecia estar chegando, ele chuta a bola para fora...
(E Muricy Ramalho, como outros bons jogadores, dificilmente terá sua chance).

soninha.folha@uol.com.br


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