São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2000

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FUTEBOL
Em alta, os principais times da capital italiana, Roma e Lazio, desbancam o "trio do norte" Juventus, Inter e Milan
Roma vira "Meca da bola" no ano 2000

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Em plena comemoração dos 2.000 anos do nascimento de Jesus Cristo, a cidade de Roma, onde está incrustado o Vaticano, virou a ""Meca do futebol".
A capital italiana respira futebol como poucas vezes antes. As duas torcidas da cidade brindam um ano histórico. A Lazio conseguiu no primeiro semestre um título que perseguia desde 1974. Já a Roma caminha agora a passos largos para a sua primeira conquista do Italiano desde 1983.
Neste mês, entre celebrações do Natal e do Jubileu 2000, as duas equipes irão se enfrentar no estádio Olímpico de Roma no jogo mais esperado na Itália no ano.
A partida, que acontecerá no próximo final de semana, marcará de vez a ascensão de Roma no milionário futebol italiano.
Nos últimos 15 anos, o norte da Itália, com o trio Juventus, Milan e Inter, montou poderoso império que concentrou os títulos.
A Lazio começou há alguns anos a investir pesado em contratações, mas só derrubou a supremacia de Turim e Milão e um longo e indigesto tabu na rodada derradeira do torneio 1999/2000.
A Roma seguiu então os passos da rival e, devidamente reforçada, faz o segundo início de temporada mais eficiente do Campeonato Italiano desde que a vitória passou a valer três pontos -o time romano soma 22 pontos em 27 possíveis, conseguindo um ponto a menos do que a Inter obteve na temporada 97/98 após nove rodadas de disputa.
Os dois times possuem elencos que orgulham duplamente suas torcidas. Têm vários astros internacionais, como Batistuta, Salas, Verón, Cafu, Crespo e Emerson, e também a nata da nova geração do futebol italiano, como Montella, Totti, Nesta e Inzaghi.
No momento em que a rivalidade entre Lazio e Roma aumenta, os dois clubes decidiram fazer um ""jogo da fraternidade". Está previsto para 31 de janeiro um duelo entre duas seleções compostas por jogadores dos dois times. Uma equipe de estrangeiros de Lazio e Roma enfrentará outra de italianos dos dois clubes.
Roma já recebeu neste ano um histórico ""jogo da paz". O papa João Paulo 2º foi ao estádio Olímpico e assistiu pela primeira vez a um jogo de futebol, fato inédito.
Em campo, uma seleção formada por jogadores italianos e outra de atletas estrangeiros que atuam na Itália ficaram no 0 a 0.
O papa João Paulo 2º, que já atuou como goleiro na adolescência, abençoou uma série de jogadores dos times romanos nesta temporada.
E as duas equipes esbanjam fé. A Roma, apelidada de ""panzer" após mais uma vitória convincente na Copa da Uefa, acredita ser possível ganhar o título nacional e o torneio europeu com a equipe que o técnico Fabio Capello montou para a temporada.
Já a Lazio, mesmo com campanha ruim no Italiano e na Copa dos Campeões, crê em uma virada a partir do clássico de domingo com a Roma.
Já não há ingressos para a partida, mas, atualmente, entradas para qualquer jogo dos dois times em Roma acabam logo. A torcida da Roma, que é maioria na cidade, está especialmente eufórica no momento com a liderança isolada do Campeonato Italiano.
A contratação do atacante Batistuta é vista como uma dádiva. O argentino já é comparado ao volante brasileiro Falcão, que conduziu a Roma ao ""scudetto" há 17 anos, quando a equipe conseguiu seu último sucesso.
A Lazio, que teve o técnico sueco Sven Goran Eriksson como um dos salvadores no caminho até o título, tem o orgulho de proporcionar à tradicional seleção da Inglaterra o primeiro treinador estrangeiro de sua história -Eriksson assumirá o ""English Team" no próximo ano.
Mas hoje os times de Roma não vivem só de um ou outro salvador. Os dois clubes se firmaram entre os mais ricos e poderosos na Europa nesta temporada.
A Lazio, segundo estudo feito pela consultoria Deloitte & Touche, é a oitava equipe que mais lucro conseguiu no continente em 2000 -faturou US$ 50 milhões. As ações do time na Bolsa de Valores foram bastante valorizadas.
Já a Roma conseguiu faturar US$ 40 milhões na temporada mesmo tendo gasto quase esse valor na contratação de Batistuta.
Com a crise de Juventus, Milan e Inter (estavam na sexta, oitava e nona posições no Italiano, respectivamente, até a rodada deste fim-de-semana), o império romano está como nunca no auge.


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