|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Estudo da defesa vê falha em cálculo de CPI, segundo o qual o técnico teria de justificar entradas de R$ 18,8 milhões
Luxemburgo contesta cifras do Senado
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC
Wanderley Luxemburgo começou a se mexer.
Depois de ter dito, em depoimento à CPI do Futebol, não ter a
menor possibilidade de explicar
depósitos de aproximadamente
R$ 10,32 milhões não declarados
ao Fisco, ele começa a contestar as
cifras apresentadas pelo Senado.
A Folha apurou que assessores
do treinador, além de terem lhe
recomendado a contratação da
Price Waterhouse para analisar
sua movimentação bancária, têm
em mãos números diferentes dos
apresentados pelo senador Geraldo Althoff (PFL-SC).
Relator da CPI do Futebol, Althoff disse que o ex-técnico da seleção recebeu, entre 1995 e 1999,
R$ 18,82 milhões, dos quais R$ 4,6
milhões em dinheiro vivo. Luxemburgo, no entanto, só teria
declarado R$ 8,5 milhões.
Mas sua defesa vê erros nos cálculos da equipe de Althoff.
Um escritório paulista especializado em direito tributário está
com um relatório em mãos, que
será encaminhado a Michel Assef
e Marcos Malucelli, advogados do
treinador, segundo o qual as entradas nas contas de Luxemburgo
somaram R$ 12,62 milhões -e
não R$ 18,82 milhões.
Haveria, portanto, uma diferença de R$ 6,2 milhões em relação às
cifras citadas por Althoff durante
depoimento do ex-técnico da seleção, em 30 de novembro.
Se os dados do treinador estiverem corretos, ele teria de explicar
a origem de R$ 4,12 milhões, e não
mais de R$ 10,32 milhões.
Procurada pela Folha, a assessoria de Geraldo Althoff diz que
não houve erros nos cálculos exibidos durante o depoimento.
O técnico teria recebido R$ 1,50
milhão em 1995, R$ 2,51 milhões
em 1996, R$ 3,05 milhões em 1997,
R$ 5,8 milhões em 1998 e R$ 5,96
milhões no ano passado. Assim
sendo, o total das entradas chegaria a R$ 18,82 milhões.
Mas a defesa do treinador não
concorda. Por quê? Nos cálculos
do Senado, argumenta, foram
desconsideradas as saídas de suas
contas, bem como empréstimos
feitos pelo treinador e transferências de dinheiro entre ele, a mulher Josefa e as três filhas do casal.
Como Luxemburgo emprestaria dinheiro a muita gente, as entradas teriam sido ""infladas" no
cálculo do Senado.
E sua defesa dá até um exemplo:
ao receber pagamento de R$ 80
mil do Excel, banco que patrocinava o Corinthians, o técnico pode ter feito um empréstimo no
mesmo valor para um amigo. Ao
receber os mesmos R$ 80 mil de
volta, teria entradas totalizando
R$ 160 mil -R$ 80 mil do Excel
mais R$ 80 mil de devolução do
empréstimo-, quando, na verdade, seu rendimento foi de apenas metade.
Outro argumento a ser apresentado é que parte das aplicações de
Luxemburgo estaria em nome de
sua mulher. Quando ela tirava o
dinheiro aplicado e o transferia
para a conta do marido, o valor
era considerado como entrada.
Não bastaria, portanto, tirar fora dos cálculos apenas as transferências feitas entre as contas do
próprio treinador, mas também
outras com as de sua mulher e as
das três filhas do casal.
Tirando o que diz ter recebido
com devolução de empréstimos e
transferências recebidas da mulher e das filhas, as entradas não
explicadas cairiam para R$ 12,62
milhões. O relatório preliminar
da defesa indica que elas totalizam R$ 970 mil em 1995, R$ 1,46
milhão em 1996, R$ 1,25 milhão
em 1997, R$ 4,21 milhões em 1998
e R$ 4,73 milhões no ano passado.
Apesar de mais baixo do que as
cifras do Senado, os novos números em mãos do treinador ainda
assustam sua defesa. Poderiam
aumentar substancialmente a dívida de Luxemburgo com a Receita Federal -atualmente está na
casa de R$ 1,4 milhão.
Por isso, eles só deverão ser tornados públicos depois de analisados pela Price. E, mais do que isso,
após o treinador apresentar explicações para, auxiliado por seus
advogados, justificar sua vida fiscal nos últimos cinco anos.
Texto Anterior: Roma vira "Meca da bola" no ano 2000 Próximo Texto: Treinador volta a usar Edmundo como defesa Índice
|