São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2000

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CPIs apuram elo com narcotráfico

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

As CPIs que investigam o futebol no Congresso vão se dedicar à análise do relatório final da CPI do Narcotráfico. Há indícios, segundo os parlamentares, de que o "mundo do futebol" seja usado como uma "lavanderia" para o dinheiro advindo do tráfico no país.
Segundo a CPI do Futebol, investigações do deputado Robson Tuma (PFL-SP) indicam que a troca de jogadores entre clubes de futebol pode ter sido usada para lavar dinheiro do narcotráfico.
Pelo menos dois times, cujos nomes não foram revelados, são suspeitos de terem utilizado o expediente nos últimos anos.
A CPI do Narcotráfico decidiu, por uma questão operacional, deixar de lado as investigações no futebol, que poderão agora ser ampliadas pelas comissões que vasculham o futebol brasileiro.
Segundo a Folha apurou, os dois times fazem parte do Clube dos 13, a associação das 20 maiores equipes do país.
"Os relatórios da CPI do Narcotráfico estão aí, são públicos, precisam ser analisados. É o que vamos fazer", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI do Futebol.
O Paraná, Estado do senador, foi um dos mais citados no relatório final da CPI do Narcotráfico.
O ex-presidente do Guarani Luiz Roberto Zini, indiciado pela CPI do Narcotráfico, também pode ser chamado a depor no Senado e na Câmara, onde funciona a CPI da CBF/Nike.
No final dos anos 80 e no início dos 90, o Guarani esteve entre os clubes que mais compraram, venderam e emprestaram atletas.
Só com o Flamengo, o Guarani fez mais de dez trocas em quase cinco anos, envolvendo nomes famosos como o meia Djalminha, atualmente na Espanha.
O advogado Arthur Eugênio Mathias, que trabalhou para Zini, também foi indiciado pela CPI do Narcotráfico. Ele acusa a comissão de abuso de poder.
Zini, que dirigiu o time de Campinas com mão-de-ferro por quase uma década, não fala sobre o caso. Segundo seus parentes, ele tornou-se evangélico e não gosta de comentar o assunto, mas nega ligação com o narcotráfico.
Outro ponto que, segundo os parlamentares, precisa ser investigado é a relação do técnico Wanderley Luxemburgo com a Compugraphics, empresa suspeita, de acordo com a CPI do Narcotráfico, de enviar dinheiro de maneira ilegal para o exterior.
Um cheque de Luxemburgo apareceu na movimentação financeira da empresa.




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