São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Melhor defesa não é o ataque


O Brasileirão mostrou que a melhor defesa não é o ataque e que uma equipe pode ser boa na defesa e no ataque

NO BRASILEIRÃO , houve bons jogadores e técnicos.
Rogério Ceni, Hernanes, Celso Roth e Muricy Ramalho foram os principais destaques. O São Paulo não é somente um time de operários muito bem treinado. Os treinadores brasileiros são supervalorizados, mas, na média, são bons.
O que foi mais decisivo na merecida conquista do São Paulo? As suas virtudes, que foram muitas, ou as deficiências dos rivais, que foram grandes? Há controvérsias.
Escrevi em outra coluna que pouquíssimas vezes vi a marcação individual em todo o campo e a presença de volantes-zagueiros, que não são zagueiros nem jogadores de meio-campo. Anos atrás, os volantes brucutus e a burra marcação homem a homem estavam na moda.
Felizmente, os técnicos perceberam o erro.
Não se deve confundir também marcação de perto, pressionando quem está com a bola, como fizeram muito bem e com freqüência São Paulo e Grêmio, com a marcação homem a homem. Se o jogador que for marcado não sair de seu setor, sofrerá marcação individual. A não ser que o defensor fuja do adversário.
As equipes que marcam mais na frente tornam-se eficientes na defesa e no ataque. Na defesa, porque não deixam o outro time se organizar e trocar passes. No ataque, porque desarma mais perto do outro gol. Marcar muito não é sinônimo de defensivismo.
Muricy e Roth sabem que o time não pode marcar por pressão na maior parte de um jogo. Há grande desgaste físico e, se a marcação não for bem-feita, em bloco, abrem-se grandes espaços na defesa.
São Paulo e Grêmio alternaram a marcação por pressão com a mais recuada, para atrair o adversário e contra-atacar.
O São Paulo fez 66 gols e sofreu 36. O Grêmio fez 59 e levou 35. A vantagem do São Paulo foi fazer mais gols, por ter melhores jogadores. O Flamengo foi o time que mais marcou (67), mas sofreu 48. A melhor defesa não é o ataque. Nunca foi.
Mais interessante ainda foi o fato de o Flamengo ser o único dos principais times que jogou a maior parte do campeonato com três zagueiros e um volante-zagueiro.
Contra o Atlético-PR, o time iniciou o jogo com três zagueiros e dois volantes bastante recuados (Toró e Ayrton). Eram cinco defensores. Tomou cinco gols. Um para cada defensor. Os cinco ficaram embolados pelo meio, deixando grandes espaços nas costas dos alas.
O Cruzeiro não teve a regularidade de São Paulo e de Grêmio, mas foi o time que fez mais belas partidas. Isso também é importante. O Palmeiras não jogou como o Cruzeiro nem como São Paulo e Grêmio.
Os times que foram rebaixados foram os que sofreram mais gols. O Figueirense fez 49 gols, mais que o Inter, sexto colocado. Em compensação, sofreu 73. O Vasco foi pelo mesmo caminho.
O Vasco flertou durante anos com a segunda divisão. Renato e Roberto Dinamite não são os culpados. Renato não cumpriu mais uma promessa. Os jogadores fizeram o que podiam, que era muito pouco.
Assim como Renato ainda não aprendeu a separar o craque que foi do atual técnico, Dinamite tem agora que ser um bom presidente, e não apenas um ídolo que se tornou presidente.


Texto Anterior: Tênis: Saudade não tem fim
Próximo Texto: STJD "quebra" sigilo telefônico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.