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SONINHA
Quase vexame...
....e quase vitória. Parecia um passeio do tricolor, mas
o Santos esteve perto
de derrotá-lo no clássico
"NÃO DÁ MAIS para errar e
falar que está se adaptando. Já se passaram
sete rodadas". A fala contrita, que
serviria para vários jogadores e times, foi de Fábio Santos, do São
Paulo, antes do clássico.
E que diferença fazem sete rodadas. Ainda mais quando se tem pela
frente um adversário importante,
com a conseqüente motivação adicional, mas meio desencontrado, como é o Santos-2008 até aqui. O time
"pobre", como Leão faz questão de
lembrar, assumiu o papel do visitante-que-vem-para-se-defender-e-tentar-um-contra-ataque. Aos
15min do primeiro tempo, apesar do
sufoco inicial, parecia que a estratégia tinha dado certo.
Até ali, só dava São Paulo. O Santos não conseguia passar do meio-campo; mal chegava até ele! Marcava mal, só retomava a bola quando o
adversário concluía sua ação ofensiva e quase imediatamente a perdia
de novo. O São Paulo só não marcou
aos 90 segundos porque Jorge Wagner errou o chute na cara do gol - e
ainda perdeu ao menos duas chances na primeira etapa.
Mesmo assim, o Santos saiu na
frente porque o São Paulo errou no
ataque e foi traído pela própria superioridade. Subia como se já não
corresse nenhum risco; deixou Kleber Pereira com espaço, e o gol saiu
fácil, embora o jogo estivesse tão difícil. Incrível. É como dirigir por horas na estrada na velocidade permitida e ultrapassar o limite exatamente na frente do radar... Não é à
toa que a estatística, no futebol, às
vezes ajuda a entender um jogo e às
vezes não explica nada.
Se o placar terminasse 1 a 0, haveria um dia inteiro de discussões sobre "justiça". Há quem recuse terminantemente a idéia de vitória injusta -"Se ganhou, foi mais competente e pronto". Mas o coletivo pode ser
"injustiçado" por um indivíduo. O
São Paulo era melhor do que o Santos, mas Kleber foi melhor do que o
São Paulo. Tanta coisa ocorreu depois disso que essa impressão inicial
esmaeceu. O tricolor chegou a recuperar a coesão que virou sua marca
recente ao mesmo tempo compacto
e distribuído por todo o espaço, movimentando-se em sincronia, tendo
(quase) sempre um jogador a postos
para fazer um desarme, corrigir o erro do colega, ajudar quem está marcado ou aparecer em boas condições
para receber um passe. A bola rola
fácil porque o time é bom sem bola.
Essa beleza toda não durou muito
tempo. O Santos melhorou, e o São
Paulo foi perdendo o lustro e mesmo assim a partida teve cinco gols!
Talvez um número par fosse mais...
"justo", principalmente por causa
do lance com Miranda na área, para
mim, pênalti, que possivelmente o
juiz não viu mesmo. Embora o Santos precisasse muito dos três pontos, pode voltar para casa com alguma satisfação. O começo sugeria um
passeio tricolor, que não aconteceu.
Ok, a Libertadores vem aí e ficar feliz
em não dar vexame não é bem o que
o santista espera. Será que esse time
vai chegar a algum lugar?
Volto ao jogo de ontem: se começou tão sitiado e quase saiu do Morumbi com vitória, pode acabar se
ajeitando na temporada. Do jeito
que está, o Santos é zebra. Mas vai
que os estrangeiros-que-eu-não-pedi resolvem os problemas-que-eu-não-consegui? Eis a graça da falta de
lógica do futebol.
soninha.folha@uol.com.br
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