São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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SONINHA

Quase vexame...

....e quase vitória. Parecia um passeio do tricolor, mas o Santos esteve perto de derrotá-lo no clássico

"NÃO DÁ MAIS para errar e falar que está se adaptando. Já se passaram sete rodadas". A fala contrita, que serviria para vários jogadores e times, foi de Fábio Santos, do São Paulo, antes do clássico.
E que diferença fazem sete rodadas. Ainda mais quando se tem pela frente um adversário importante, com a conseqüente motivação adicional, mas meio desencontrado, como é o Santos-2008 até aqui. O time "pobre", como Leão faz questão de lembrar, assumiu o papel do visitante-que-vem-para-se-defender-e-tentar-um-contra-ataque. Aos 15min do primeiro tempo, apesar do sufoco inicial, parecia que a estratégia tinha dado certo.
Até ali, só dava São Paulo. O Santos não conseguia passar do meio-campo; mal chegava até ele! Marcava mal, só retomava a bola quando o adversário concluía sua ação ofensiva e quase imediatamente a perdia de novo. O São Paulo só não marcou aos 90 segundos porque Jorge Wagner errou o chute na cara do gol - e ainda perdeu ao menos duas chances na primeira etapa.
Mesmo assim, o Santos saiu na frente porque o São Paulo errou no ataque e foi traído pela própria superioridade. Subia como se já não corresse nenhum risco; deixou Kleber Pereira com espaço, e o gol saiu fácil, embora o jogo estivesse tão difícil. Incrível. É como dirigir por horas na estrada na velocidade permitida e ultrapassar o limite exatamente na frente do radar... Não é à toa que a estatística, no futebol, às vezes ajuda a entender um jogo e às vezes não explica nada.
Se o placar terminasse 1 a 0, haveria um dia inteiro de discussões sobre "justiça". Há quem recuse terminantemente a idéia de vitória injusta -"Se ganhou, foi mais competente e pronto". Mas o coletivo pode ser "injustiçado" por um indivíduo. O São Paulo era melhor do que o Santos, mas Kleber foi melhor do que o São Paulo. Tanta coisa ocorreu depois disso que essa impressão inicial esmaeceu. O tricolor chegou a recuperar a coesão que virou sua marca recente ao mesmo tempo compacto e distribuído por todo o espaço, movimentando-se em sincronia, tendo (quase) sempre um jogador a postos para fazer um desarme, corrigir o erro do colega, ajudar quem está marcado ou aparecer em boas condições para receber um passe. A bola rola fácil porque o time é bom sem bola.
Essa beleza toda não durou muito tempo. O Santos melhorou, e o São Paulo foi perdendo o lustro e mesmo assim a partida teve cinco gols!
Talvez um número par fosse mais... "justo", principalmente por causa do lance com Miranda na área, para mim, pênalti, que possivelmente o juiz não viu mesmo. Embora o Santos precisasse muito dos três pontos, pode voltar para casa com alguma satisfação. O começo sugeria um passeio tricolor, que não aconteceu.
Ok, a Libertadores vem aí e ficar feliz em não dar vexame não é bem o que o santista espera. Será que esse time vai chegar a algum lugar?
Volto ao jogo de ontem: se começou tão sitiado e quase saiu do Morumbi com vitória, pode acabar se ajeitando na temporada. Do jeito que está, o Santos é zebra. Mas vai que os estrangeiros-que-eu-não-pedi resolvem os problemas-que-eu-não-consegui? Eis a graça da falta de lógica do futebol.


soninha.folha@uol.com.br

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