São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Cadê Robinho?



A última vez em que Robinho foi notícia foi quando marcou de letra o gol da vitória sobre o São Paulo, no dia da volta


ROBINHO reencontra hoje o São Paulo, seu adversário na reestreia pelo Santos, em 7 de fevereiro. Desse dia para cá, o Santos disputou 16 partidas. Robinho jogou dez e marcou seis vezes, uma a cada dois jogos. Os números são ótimos; o futebol, nem tanto. A última vez em que Robinho foi notícia foi quando marcou de letra o gol da vitória sobre o São Paulo, no dia da volta.
Parecia impossível que, com Robinho em ação, as atrações do Santos na abertura das semifinais do Paulistão fossem Neymar e Paulo Henrique Ganso. São.
Há uma razão objetiva para isso.
"Depois do jogo contra o Palmeiras, nossa intenção era poupar o Robinho e fazer com ele um trabalho físico intenso. Isso não foi possível, porque ele se machucou e só voltou às vésperas da decisão", afirma o técnico Dorival Júnior.
Em outras palavras, o Robinho das semifinais não será o Robinho que você se acostumou a ver no início da carreira.
Por que, então, o Santos não faz agora a recuperação física de que Robinho necessita? "Não posso abrir mão de um jogador como ele", diz o treinador.
O que falta a Robinho é justamente o que mais sobrava a ele: potência e velocidade. Falta a explosão com que costumava invadir o campo de ataque, pedalando contra os zagueiros rivais, característica que só se viu, desde o retorno, nos incríveis 6 a 3 sobre o Bragantino, na Vila Belmiro. Naquela noite, Robinho marcou dois gols.
Dorival Júnior julga que essa queda física é momentânea e a atribui ao tipo de trabalho a que era submetido na Europa. "Lá, eles trabalham pouco durante a temporada", argumenta. A outra coisa que falta a Robinho, segundo o treinador, é a sequência de partidas. Por causa dela, aceitou o pedido do jogador e o escalou contra o São Caetano, no domingo passado. Em vez de voltar aos jogos na hora da decisão, retornou dois jogos mais cedo.
É o que dá a confiança de ter o Robinho de verdade, aquele que decide os jogos mais importantes, a partir de hoje, contra o São Paulo. Mesmo decisivo, esse Robinho do Santos tem uma característica do jogador mais pesado, que não empolgou a torcida do Manchester City. "Seu jogo mudou" é outra observação do técnico Dorival Júnior. "Hoje, ele é mais seletivo." Quer dizer que acelera menos o jogo, é mais tático. Em outras palavras, menos espetacular.
É possível apreender que o número de dribles de Robinho é inversamente proporcional ao crescimento de seus músculos. Também é possível lembrar que o ápice dos grandes jogadores do futebol mundial tem acontecido cada vez mais cedo. Kaká foi eleito o melhor do planeta aos 25 anos, Ronaldinho, aos 24, Messi, aos 22, Ronaldo, pela última vez, quando tinha 26 anos. O último craque premiado pela Fifa aos 30 foi Zidane, dono de uma característica que o difere de todos os outros citados. Zidane jogava muito mais com o cérebro do que com as pernas.
Pois, se Robinho, aos 26 anos, ficou mais cerebral, digamos que seu cérebro chama muito menos a atenção do que seus dribles.
A esperança de Dorival Júnior é que o velho Robinho reapareça hoje. A certeza dele é outra: "Na Copa, ele vai estar muito bem".
pvc@uol.com.br


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