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AÇÃO
Cinco minutos de sossego
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Lidar com doses cavalares
de desconforto, com a insegurança de se perder no caminho e
com o controle da energia para
chegar "inteiro" ao final e administrar o relacionamento entre os
integrantes da equipe costumam
ser os aspectos destacados pelos
atletas de corrida de aventura como decisivos para a obtenção de
bons resultados, o que na maioria
dos casos pode significar apenas
cruzar a linha de chegada.
Partindo do princípio de que
quem se dispõe a encarar uma
competição como essa, que dura
no mínimo seis horas e em alguns
casos chega a dez dias, tem o preparo físico em dia e conhecimento
técnico de navegação, constata-se
que o fator psicológico acaba sendo determinante para o sucesso.
O modelo clássico de prova,
criado por Gerard Fuzil há cerca
de uma década -roteiros quilométricos por matas fechadas,
combinação de diferentes esportes e equipes com quatro atletas,
sendo um de sexo distinto-, praticamente determina que a equipe corra no ritmo do mais lento.
Nas equipes de ponta, é comum o
mais forte levar duas mochilas ou
puxar o parceiro na bicicleta a
fim de compensar a deficiência,
mas não sem desgaste.
Rafael Campos, 29, costuma ser
o que puxa o time. Tenente do
Exército, na reserva há três anos,
habituou-se a conviver com o desconforto. Amante das atividades
físicas, já praticou de futebol a ginástica olímpica, sua condição
atlética é de profissional, embora
não consiga viver do esporte. Com
esses atributos, a posição de líder
do time veio naturalmente.
Ele é capitão e navegador da
Quasar Lontra, equipe que divide
com a Oskalunga os melhores resultados do país. Sua primeira
corrida foi na 2ª edição da Expedição Mata Atlântica em 99. Com
um time inexperiente, como todos
à época, venceu. De lá para cá
vem acumulando pódios com as
duas versões da equipe, para provas curtas e longas. Em ambas,
conta com uma parceira especial,
a namorada Marina Verdini, o
que torna mais sensível a questão
de relacionamento com a equipe.
Campos acaba de voltar da
Costa Rica, onde venceu a "Betwen Two Continents, Two
Oceans", prova que quebrou um
dos pilares da corrida de aventura: foi a primeira relevante na categoria solo. Apesar de confessar
ter conversado com a bicicleta e
ter sentido falta de alguém para
controlar seu sono, "é do que mais
sofro, sou do dia, escureceu fico
com sono", ele ficou confortável
em comandar só a si mesmo.
Durante as 54h17min que levou
para percorrer 250 km nas montanhas da Costa Rica, dormiu só
40 minutos. Chegou a colocar o
relógio para despertar cinco minutos mais tarde, "levei três minutos ajustando o relógio", e antes de o alarme disparar foi acordado pelo barulho dos passos e
pela luz do "head lamp" do vice-líder, Paul Romero (EUA).
Prova categoria "expedição", o
percurso incluiu natação, mountain bike, corrida, canoagem e
técnicas verticais e selecionou 8,
dos 20 que largaram, para concluir a prova.
Agora, ele volta à equipe, que se
prepara o Mundial, em agosto, na
Suécia e na Noruega.
World Jr. Surfing Championship
Entre as presenças de destaque no campeonato que acontece em Maresias, SP, estão a francesa Lee Ann-Curren, filha do tricampeão
mundial Tom Curren, e a havaiana Bethany Hamilton, que perdeu
um braço num ataque de tubarão.
WCT Teahupoo, Taiti
Todos os sete brasileiros na disputa da terceira etapa do Mundial de
surfe caíram para a repescagem. As ondas melhoraram na mais esperada etapa do Tour.
Programa radical
BMX e escalada esportiva são as atrações do fim de semana no evento que vai até o final de maio no ginásio do Ibirapuera, na capital.
E-mail sarli@trip.com.br
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