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Fortalecimento de sindicato patronal da bola e falta de nome de consenso para sucedê-lo no Parque Antarctica motivam dirigente a comandar pela 7ª vez o Palmeiras
Mustafá esquece promessa e já articula novo mandato
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Depois de afirmar e reafirmar
que deixaria a presidência do Palmeiras antes do fim de seu atual
mandato, o sexto seguido, Mustafá Contursi, 63, costura nos bastidores nova candidatura nas eleições do clube, em janeiro de 2005.
O assunto ainda é tratado com
reserva no Parque Antarctica porque ninguém quer desmentir o
cartola, que desde a final da Série
B, em novembro de 2003, diz que
está contando os dias para passar
o bastão que carrega desde 1993.
A Folha conversou com quatro
homens do círculo íntimo de
Mustafá no Palmeiras, que pediram para não ser identificados para não entrarem em atrito com o
dirigente. Foram unânimes em
dizer que o plano do cartola é tentar o sétimo mandato e, com ele,
dar projeção ao Sindafebol, o sindicato patronal da bola.
A avaliação geral é que, no comando de um dos clubes mais influentes do país, Mustafá tem
mais condições de transformar o
Sindafebol, do qual também é
presidente, em uma associação de
relevo nos debates do esporte.
O plano geral está traçado.
Quando as eleições do início do
ano que vem estiverem mais próximas, Mustafá deverá fazer um
pronunciamento anunciando oficialmente que não apoiará ninguém à sua sucessão.
Como nenhum nome aparece
como consenso, pelo menos por
enquanto, o atual presidente seria
pressionado por seus pares a "fazer um sacrifício" pela manutenção da união no Parque Antarctica. A estratégia já foi utilizada
após a mudança do estatuto do
clube em 1995 e também por
Eduardo José Farah, quando o ex-dirigente presidia a Federação
Paulista (1988-2003).
Na eleição anterior, em que teve
o economista Luiz Gonzaga Belluzzo como opositor, Mustafá
desistiu de sair após o rebaixamento do clube à segunda divisão, em novembro de 2002. Sua
bandeira de campanha foi "Fiz
cair, vou fazer subir".
O primeiro ato público em favor
da permanência de Mustafá deve
acontecer no banquete do 90º aniversário do Palmeiras, em agosto.
A intenção dos correligionários
do presidente é fazer circular pela
festa um abaixo-assinado para
conseguir a adesão dos conselheiros ao manifesto.
Publicamente, Mustafá diz que
não está em seus planos seguir no
clube, fórmula que já utilizou anteriormente. "Fizemos uma lista
com 15 nomes capazes de gerir
bem o Palmeiras. Não tenho a intenção de ficar mais. Quando a
gente começa a contar histórias
da nossa gestão, está na hora de
sair. Quero dar a minha contribuição como conselheiro vitalício", afirmou ontem o cartola,
que, quando questionado pela reportagem sobre o assunto, declarou que não falaria sobre política
para não "agitar o ambiente".
A Folha apurou, no entanto,
que Mustafá tem se queixado a interlocutores da falta de um nome
de consenso para administrar o
clube. Aparentemente, não vê nenhum de seus quatro vices com
com cacife para não rachar sua
base de sustentação.
Affonso Della Monica, primeiro-vice e sucessor natural, é visto
com reservas no Conselho Deliberativo. José Cyrillo Jr., Luiz Carlos Pagnotta e Luiz Augusto Belluzzo, irmão do candidato derrotado em 2003, não teriam "densidade eleitoral", nas palavras de
um alto funcionário do clube.
Alguns dos aliados mais próximos do presidente foram sondados para integrar a chapa da situação. Existe a possibilidade de pelo
menos um dos atuais vices não ser
contemplado. O novo nome poderia ser trabalhado por Mustafá
para ser seu sucessor em 2007.
Teoricamente, o presidente poderia ficar no clube até janeiro de
2009. Aprovado no início do ano,
o novo estatuto palmeirense, que
aumentou os poderes de Mustafá
no combate à oposição interna,
permite duas eleições. Mas o primeiro mandato só seria contado
no biênio 2005-2007.
A oposição, que teve 20% dos
votos no último pleito, não acredita nas palavras de Mustafá. "Toda eleição ele diz que vai embora,
mas continua aí. Não é a primeira
vez, é a terceira ou a quarta", declarou o conselheiro Seraphim
Del Grande, um dos líderes da
oposição palmeirense.
Ele, que foi vice de Mustafá no
dois primeiros mandatos e rompeu com o cartola após não ver
cumprida a promessa de ser seu
sucessor, propõe uma terceira via
para a pacificação no clube. "Até
apoiaríamos outro candidato.
Nossa bandeira é a renovação. O
clube está envelhecido."
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