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BOXE
O que vai, volta
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O semblante de Oscar de la
Hoya depois do combate de
sábado contou toda a história.
Os três jurados, Paul Smith, Dave Moretti e Michael Glienna, foram unânimes em favor de De la
Hoya. O cinturão de campeão dos
médios da OMB foi colocado ao
redor da cintura do americano.
A feição de De la Hoya, bastante séria, permaneceu inalterada
depois do combate, durante e
após o anúncio de que havia vencido Felix Sturm, tornando-se o
primeiro a ganhar cinturões em
seis categorias distintas de peso.
Os risos ficaram por conta de
Joel, pai de De la Hoya, que, ao
ouvir o anunciador de ringue Michael Buffer dizer que seu filho
era ""o novo campeão", tentou
animá-lo. Sem efeito visível.
Mas não foi o caso de Sturm ter
impressionado. Não fez nada demais, só o feijão-com-arroz. Porém De la Hoya fez menos ainda.
Os golpes do norte-americano
freqüentemente paravam na
guarda, sempre alta, do alemão.
De la Hoya buscou trabalhar a
zona de cintura de Sturm. Entretanto seus golpes, bastante abertos, careciam de precisão -e potência. Além disso, tampouco
contragolpeava com eficiência.
Aliás, ironicamente, apesar de
Sturm ser o médio (limite de 72,5
kg) natural e de De la Hoya ter
subido desde a categoria dos superpenas (até 58,9 kg), fisicamente o ""Garoto de Ouro" parecia ser
o mais robusto dos dois. O alemão
mostrou-se mais veloz.
Juntos, esses fatores produziram
a vantagem, ao menos estatística,
de Sturm (mas é bom lembrar que
as estatísticas são apenas um instrumento, não ""a" resposta).
Segundo o levantamento da
empresa especializada em contagem de golpes Compubox, que
analisou o combate para a HBO
norte-americana, De la Hoya conectou 188 de 792 socos lançados
(58 jabs e 130 golpes potentes)
-com aproveitamento de 24%.
O alemão conectou 234 socos
(112 jabs e 122 golpes potentes) em
um total de 541 tentativas, atingindo aproveitamento de 52%.
Minha contagem ficou de acordo com o indicado pelo semblante
de De la Hoya. Para mim ele venceu apenas 3 de 12 assaltos.
Fica difícil entender como os jurados viram (e deram) vitória de
De la Hoya por 115 a 113, senão
para manter viva a milionária
unificação de títulos com seu
compatriota Bernard Hopkins,
dono dos cinturões de CMB, AMB
e FIB, marcada para setembro.
De la Hoya e seu promotor, Bob
Arum, protestaram, xingaram e
pediram investigações federais
depois de derrotas discutíveis para Félix Trinidad e Shane Mosley.
Será que farão o mesmo agora?
Muito se falou do fato de De la
Hoya ter sido o primeiro pugilista
a ganhar títulos em seis categorias distintas de peso. Mas para
fazê-lo precisou de três cinturões
da OMB (superpenas, leves e médios), que não levam o mesmo peso daqueles de CMB, AMB e FIB.
Nessa mesma linha, faz-se agora Carnaval em torno do fato de
que o vencedor de De la Hoya x
Hopkins será o primeiro a unificar os quatro títulos ""mundiais"
em qualquer categoria de peso.
Mas qual a importância disso?
Popó 1
O promotor das lutas de Popó, o norte-americano Arthur Pelullo,
acerta contratação polêmica. Trata-se de Anthony Mundine, ex-campeão dos supermédios pela AMB. O australiano ganhou notoriedade internacional quando frases suas foram interpretadas como
sendo pró-terror, em 2001, logo após os ataques terroristas de 11 de
setembro. Afirmou que "foi a América que provocou os ataques terroristas". Por conta disso foi retirado do ranking do CMB, além de
ter se tornado alvo de insultos de parte da mídia norte-americana.
Popó 2
Trata-se de mais um passo do promotor de Popó rumo à internacionalização. No mês passado, Pelullo já havia assinado com o tailandês
Yodsanan Nanathachai, campeão superpena pela AMB.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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