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Brasil supera o de 82, diz Zico
Para treinador do Japão, terceiro rival do time de Parreira, Mundial alemão tem 14 ou 15 favoritos
Ex-camisa 10 do Flamengo afirma ter aprendido com os fracassos em Copas e avalia ser impossível comparar Ronaldinho com Pelé
LUÍS FERRARI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Japão chega à sua terceira
Copa do Mundo, no mínimo,
diferente. Rivalizando com a
Croácia pela segunda vaga do
Grupo F -ninguém arrisca dizer que o Brasil fica sem a primeira-, os japoneses são agora
comandados por Zico, uma espécie de Charles Miller deles.
Em sua quinta participação
em Mundiais -esteve como jogador em 1978, 1982 e 1986 e foi
coordenador técnico da seleção
em 1998-, o ex-camisa 10 do
Flamengo disse que a seleção
atual é mais favorita do que a de
82 -na Espanha, acabou eliminada pela Itália-, mas aponta,
pelo menos, mais 14 equipes
que podem ser campeãs.
Em entrevista concedida por
e-mail da concentração na Alemanha, Zico afirmou que a seleção japonesa não chega como
mera participante e que Ronaldinho jamais poderá ser comparado com Pelé.
FOLHA - Dá para comparar a euforia em torno da seleção atual com o
que aconteceu em 82?
ZICO - Acho importante deixar
bem claro que a seleção brasileira chega como favorita por
tudo que vem fazendo nos últimos anos e pela qualidade dos
seus jogadores. Só discordo que
a seleção de 82 chegou favorita
ao Mundial. Passamos a ser favoritos pelo que apresentamos
na Copa. Quando chegamos lá,
os titulares nem sequer estavam definidos. Eu, Cerezo, Sócrates e Falcão nunca tínhamos
começado uma partida juntos.
FOLHA - Quem ganha a Copa?
ZICO - Trabalhamos para que
seja o Japão. Minha resposta
não pode ser outra. Mas vejo 14,
15 seleções capazes de vencer.
A Copa será muito equilibrada.
FOLHA - Dá para comparar você
com Ronaldinho? E com Pelé?
ZICO - Sou radicalmente contra comparações. Épocas diferentes e características diferentes. E Pelé é Pelé. Sem comentários. O que posso dizer
de Ronaldinho é que ele é um
malabarista com a bola, está
num momento excelente e tem
trabalhado para melhorar cada
vez mais. E o pior é que tenho
que tentar marcá-lo...
FOLHA - Diante dos últimos resultados, como os empates contra o
Brasil na Copa das Confederações e
diante da Alemanha recentemente,
o que se pode esperar do Japão?
ZICO - Sabemos que temos
uma equipe para jogar de igual
para igual contra qualquer um
nesta Copa. O que existe é uma
grande confiança na equipe devido aos resultados obtidos.
FOLHA - Com você como técnico,
este Mundial é o que está contagiando mais os japoneses?
ZICO - No ano passado, nas cinco maiores audiências de TV,
quatro foram em jogos nossos
nas eliminatórias. Tenho consciência de que fui e sou importante nesse processo que começou na década de 90. O futebol
vem apaixonando os torcedores ao longo do tempo, e fico feliz de ter ajudado.
FOLHA - Esta será sua quinta Copa.
Que lições tirou dos quatro insucesso anteriores, pelo Brasil?
ZICO - É sempre um aprendizado. Tudo o que vivemos vai
servindo de experiência. Hoje
estou mais maduro e numa
função muito diferente da de
jogador ou mesmo de coordenador. Dá para ter uma visão
global do trabalho e certamente levo muitas experiências de
erros cometidos que não podem se repetir.
FOLHA - Fará falta um intérprete
na área técnica ou já dá para se comunicar com o elenco em japonês?
ZICO - Na verdade, houve uma
confusão sobre isso. O Suzuki
[intérprete] poderá ficar no
banco. Ele só não poderá ficar
na área técnica. Ele vai estar lá
comigo. E também posso passar as instruções para o Alex
Santos [brasileiro que joga como lateral-esquerdo] e o Nakata, em italiano. E meu trabalho
está muito mais centrado em
treinos, preleções e acerto nos
intervalos. Não sou muito de
gritar na beira do campo.
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