São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil supera o de 82, diz Zico

Para treinador do Japão, terceiro rival do time de Parreira, Mundial alemão tem 14 ou 15 favoritos

Ex-camisa 10 do Flamengo afirma ter aprendido com os fracassos em Copas e avalia ser impossível comparar Ronaldinho com Pelé


LUÍS FERRARI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Japão chega à sua terceira Copa do Mundo, no mínimo, diferente. Rivalizando com a Croácia pela segunda vaga do Grupo F -ninguém arrisca dizer que o Brasil fica sem a primeira-, os japoneses são agora comandados por Zico, uma espécie de Charles Miller deles. Em sua quinta participação em Mundiais -esteve como jogador em 1978, 1982 e 1986 e foi coordenador técnico da seleção em 1998-, o ex-camisa 10 do Flamengo disse que a seleção atual é mais favorita do que a de 82 -na Espanha, acabou eliminada pela Itália-, mas aponta, pelo menos, mais 14 equipes que podem ser campeãs. Em entrevista concedida por e-mail da concentração na Alemanha, Zico afirmou que a seleção japonesa não chega como mera participante e que Ronaldinho jamais poderá ser comparado com Pelé.

 

FOLHA - Dá para comparar a euforia em torno da seleção atual com o que aconteceu em 82?
ZICO -
Acho importante deixar bem claro que a seleção brasileira chega como favorita por tudo que vem fazendo nos últimos anos e pela qualidade dos seus jogadores. Só discordo que a seleção de 82 chegou favorita ao Mundial. Passamos a ser favoritos pelo que apresentamos na Copa. Quando chegamos lá, os titulares nem sequer estavam definidos. Eu, Cerezo, Sócrates e Falcão nunca tínhamos começado uma partida juntos.

FOLHA - Quem ganha a Copa?
ZICO -
Trabalhamos para que seja o Japão. Minha resposta não pode ser outra. Mas vejo 14, 15 seleções capazes de vencer. A Copa será muito equilibrada.

FOLHA - Dá para comparar você com Ronaldinho? E com Pelé?
ZICO -
Sou radicalmente contra comparações. Épocas diferentes e características diferentes. E Pelé é Pelé. Sem comentários. O que posso dizer de Ronaldinho é que ele é um malabarista com a bola, está num momento excelente e tem trabalhado para melhorar cada vez mais. E o pior é que tenho que tentar marcá-lo...

FOLHA - Diante dos últimos resultados, como os empates contra o Brasil na Copa das Confederações e diante da Alemanha recentemente, o que se pode esperar do Japão?
ZICO -
Sabemos que temos uma equipe para jogar de igual para igual contra qualquer um nesta Copa. O que existe é uma grande confiança na equipe devido aos resultados obtidos.

FOLHA - Com você como técnico, este Mundial é o que está contagiando mais os japoneses?
ZICO -
No ano passado, nas cinco maiores audiências de TV, quatro foram em jogos nossos nas eliminatórias. Tenho consciência de que fui e sou importante nesse processo que começou na década de 90. O futebol vem apaixonando os torcedores ao longo do tempo, e fico feliz de ter ajudado.

FOLHA - Esta será sua quinta Copa. Que lições tirou dos quatro insucesso anteriores, pelo Brasil?
ZICO -
É sempre um aprendizado. Tudo o que vivemos vai servindo de experiência. Hoje estou mais maduro e numa função muito diferente da de jogador ou mesmo de coordenador. Dá para ter uma visão global do trabalho e certamente levo muitas experiências de erros cometidos que não podem se repetir.

FOLHA - Fará falta um intérprete na área técnica ou já dá para se comunicar com o elenco em japonês?
ZICO -
Na verdade, houve uma confusão sobre isso. O Suzuki [intérprete] poderá ficar no banco. Ele só não poderá ficar na área técnica. Ele vai estar lá comigo. E também posso passar as instruções para o Alex Santos [brasileiro que joga como lateral-esquerdo] e o Nakata, em italiano. E meu trabalho está muito mais centrado em treinos, preleções e acerto nos intervalos. Não sou muito de gritar na beira do campo.


Texto Anterior: Em inferninhos da rua Augusta, a pátria veste e tira biquínis e shortinhos
Próximo Texto: Memória: Técnico importou até torcedor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.