São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2004

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VÔLEI

A vitória e o pesadelo

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O ano continua totalmente dourado para o técnico Bernardinho. Depois do ouro nos Jogos de Atenas, ele voltou a conquistar mais um título no seu retorno ao mundo do vôlei feminino. O seu time, o Rexona, venceu o Osasco, de José Roberto Guimarães, por 3 sets a 0 na decisão da Salonpas Cup, em São Paulo.
Todo mundo esperava um grande duelo entre os dois técnicos campeões olímpicos. Mas não foi isso o que aconteceu. O que definiu o jogo foi a diferença da qualidade técnica entre as duas levantadoras. Com o passe na mão, Fernanda Venturini deu show: o Rexona fez 44 pontos de ataque, contra 27 do Osasco.
Ok, a levantadora Gisele faz a sua primeira temporada no Osasco e ainda apresenta problemas de entrosamento com as atletas centrais. Também não teve o passe na mão o tempo inteiro, mas, no balanço final, ela deu prejuízo. O time jogou sem bolas rápidas e sem muitas variações de jogadas.
Em todos os sets, Zé Roberto colocou a reserva Ana Cristina no lugar de Gisele, mas não teve sucesso. O tormento do técnico nesta temporada será esse: conseguir que Gisele seja mais regular. No país que hoje só tem uma grande levantadora, já que Fofão está na Itália, a tendência é de supremacia do Rexona.
No meio do terceiro set, quando já perdia por 16 a 9, Zé Roberto pediu às jogadoras para arriscarem mais no saque, no jogo, porque mais vergonha do que estavam passando não iriam passar. O pedido não deu resultado. O time não sacou bem a partida inteira. E sem saque também não dá para ganhar.
Já o time do Rio teve outras grandes qualidades: sacou bem, principalmente com Sassá, e taticamente foi perfeito ao destruir o esquema de defesa do Osasco com largadinhas no meio da quadra adversária. Ponto para Bernardinho, que em clubes conseguiu a quarta vitória sobre Zé Roberto.
Mas o jogo mais marcante não foi o da decisão. Foi também um duelo entre Rexona e Osasco, mas na sexta-feira e que valeu o primeiro lugar na fase de classificação. O time paulista, que perdia por 2 sets a 1, estava vencendo por 24 a 19 no quarto set, mas permitiu a virada do rival para 26 a 24.
Uma situação que trouxe de volta o drama vivido pela seleção feminina, comandada por Zé Roberto em Atenas, na semifinal contra a Rússia. Também no quarto set, o Brasil vencia pelo mesmo placar, 24 a 19, e acabou perdendo o set, o jogo e a chance de pela primeira vez chegar a uma final olímpica.
Em pouco mais de um mês, o mesmo técnico e cinco atletas da seleção, que defendem o Osasco, viviam o mesmo pesadelo. Uma coincidência dolorida e que certamente deve ter abalado psicologicamente o time, que ontem jogou bem abaixo do que poderia.
Até o técnico Zé Roberto, sempre tão equilibrado, mostrou muita tensão na sexta ao ouvir perguntas comparando as duas situações. Aliviada, Fernanda destilou sua sinceridade em uma entrevista depois daquele jogo. Disse que ainda bem que seria Zé Roberto, e não ela, que iria dormir de novo com esse pesadelo.

Italiano 1
O Santeramo, time da atacante brasileira Elisângela, estreou com derrota no Italiano. A equipe perdeu para o Bergamo, atual campeão italiano, por 3 sets a 1 (23/25, 25/20, 25/16 e 26/24). O show ficou por conta de Lioubov Sokolova, estrela do Bergamo e da seleção da Rússia. Ela marcou 29 pontos no jogo. Elisângela fez dez pontos.

Italiano 2
Já o Sisley Treviso, do central brasileiro Gustavo, passou fácil pelo Montichiari na rodada do final de semana com uma vitória por 3 sets a 0 (25/23, 25/21 e 25/23). Foi a segunda vitória do Treviso, atual campeão nacional, em três rodadas do Campeonato Italiano. Os destaques do time foram dois jogadores da seleção da Itália: Fei, com 14 pontos, e Papi, com 10. Gustavo marcou oito pontos.

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