São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Política faz seleção desbravar Venezuela

Brasil pega estrada de mão única e se hospeda em pousada em San Cristóbal

Equipe local muda mando de jogo graças a incentivos financeiros concedidos por cidades controladas por aliados do governo chavista


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SAN CRISTÓBAL

O confuso jogo político do país de Hugo Chávez faz o duelo de amanhã, ante a Venezuela, ser o de logística mais complicada para a seleção brasileira, o que poderá ser um prato cheio para Dunga arrumar desculpas em caso de revés.
O time da casa optou por mandar a partida em San Cristóbal (a 841 km da capital, Caracas), próxima da fronteira da Colômbia, com difícil acesso e modesta infra-estrutura.
A cidade de 265 mil habitantes não tem aeroporto. O mais próximo, em Santo Domingo, onde a seleção desembarca hoje, está a cerca de uma hora de ônibus por uma estrada de mão única, com muitos trechos sinuosos e montanhosos.
San Cristóbal também não tem hotel do porte aos quais a seleção está acostumada. O time vai ficar hospedado numa pousada pequena, com cerca de 30 quartos, que será fechada exclusivamente para a equipe.
Mais demorada será a volta. Já que o aeroporto de Santo Domingo não comporta aeronaves maiores, o Brasil irá a Maracaibo e, de lá, em vôo fretado, seguirá para o Rio, onde pega a Colômbia na quarta.
Do estádio Pueblo Nuevo até o hotel na zona sul carioca, serão, entre ônibus, aviões e espera, cerca de 12 horas, um recorde nestas eliminatórias.
Tantos obstáculos são por causa do verdadeiro "tour" em que se transformaram os mandos de campo da Venezuela.
O jogo de amanhã será o quarto do time em casa no torneio -já atuou em três cidades diferentes. O Brasil jogou no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte, e os outros times sul-americanos, só nas capitais.
Dois motivos levam a Venezuela a mudar tanto de cidade.
O primeiro é econômico. Cidades como San Cristóbal se oferecem para pagar todas as despesas da seleção venezuelana e, em alguns casos, dão um dinheiro extra à federação local. O outro é político. A federação prioriza jogos em locais governados por aliados do presidente Hugo Chávez.
Rafael Esquível, o presidente da federação, deixou isso claro ao comentar que marcou o jogo contra o Equador, na próxima rodada, para Puerto La Cruz em agradecimento ao governador Tarek William Saab, um dos mais próximos aliados de Chávez. Táchira, Estado onde fica San Cristóbal, também é governado por chavistas.
A mesma sorte não teve Zulia, onde fica Maracaibo, segunda cidade mais importante do país e onde a Venezuela fez seis jogos nas eliminatórias passadas. Administrada por Manuel Rosales, o maior opositor de Chávez, o Estado só recebeu a seleção uma vez nesta edição.


Texto Anterior: Dunga remonta seu quarteto
Próximo Texto: Argentina: Basile tenta dar fim a jejum e reclamações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.