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Política faz seleção desbravar Venezuela
Brasil pega estrada de mão única e se hospeda em pousada em San Cristóbal
Equipe local muda mando de jogo graças a incentivos financeiros concedidos por cidades controladas por aliados do governo chavista
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SAN CRISTÓBAL
O confuso jogo político do
país de Hugo Chávez faz o duelo de amanhã, ante a Venezuela, ser o de logística mais complicada para a seleção brasileira, o que poderá ser um prato
cheio para Dunga arrumar desculpas em caso de revés.
O time da casa optou por
mandar a partida em San Cristóbal (a 841 km da capital, Caracas), próxima da fronteira da
Colômbia, com difícil acesso e
modesta infra-estrutura.
A cidade de 265 mil habitantes não tem aeroporto. O mais
próximo, em Santo Domingo,
onde a seleção desembarca hoje, está a cerca de uma hora de
ônibus por uma estrada de mão
única, com muitos trechos sinuosos e montanhosos.
San Cristóbal também não
tem hotel do porte aos quais a
seleção está acostumada. O time vai ficar hospedado numa
pousada pequena, com cerca de
30 quartos, que será fechada
exclusivamente para a equipe.
Mais demorada será a volta.
Já que o aeroporto de Santo
Domingo não comporta aeronaves maiores, o Brasil irá a
Maracaibo e, de lá, em vôo fretado, seguirá para o Rio, onde
pega a Colômbia na quarta.
Do estádio Pueblo Nuevo até
o hotel na zona sul carioca, serão, entre ônibus, aviões e espera, cerca de 12 horas, um recorde nestas eliminatórias.
Tantos obstáculos são por
causa do verdadeiro "tour" em
que se transformaram os mandos de campo da Venezuela.
O jogo de amanhã será o
quarto do time em casa no torneio -já atuou em três cidades
diferentes. O Brasil jogou no
Rio, em São Paulo e em Belo
Horizonte, e os outros times
sul-americanos, só nas capitais.
Dois motivos levam a Venezuela a mudar tanto de cidade.
O primeiro é econômico. Cidades como San Cristóbal se
oferecem para pagar todas as
despesas da seleção venezuelana e, em alguns casos, dão um
dinheiro extra à federação local. O outro é político. A federação prioriza jogos em locais governados por aliados do presidente Hugo Chávez.
Rafael Esquível, o presidente
da federação, deixou isso claro
ao comentar que marcou o jogo
contra o Equador, na próxima
rodada, para Puerto La Cruz
em agradecimento ao governador Tarek William Saab, um
dos mais próximos aliados de
Chávez. Táchira, Estado onde
fica San Cristóbal, também é
governado por chavistas.
A mesma sorte não teve Zulia, onde fica Maracaibo, segunda cidade mais importante do
país e onde a Venezuela fez seis
jogos nas eliminatórias passadas. Administrada por Manuel
Rosales, o maior opositor de
Chávez, o Estado só recebeu a
seleção uma vez nesta edição.
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