São Paulo, domingo, 11 de outubro de 2009

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7 anos

Nuzman já lista razões para mudar orçamento

Presidente do COB e da Rio-16 diz que novo projeto fez Pan-07 gastar mais

Proposta da candidatura brasileira, vencedora em Copenhague, prevê gasto de R$ 25,9 bilhões para a organização da Olimpíada

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE

Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e do comitê organizador da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, 67, já não questiona alterações no preço da Olimpíada. Elenca motivos para mudanças no orçamento.
Também não discute quem deve controlar um novo projeto esportivo brasileiro: ele. "Quem dirige o esporte olímpico brasileiro é o COB. Não tenha a menor dúvida disso."
Apesar das posições já assumidas nos poucos dias desde a vitória carioca em Copenhague e de prometer transparência nas contas, diz que ainda não sabe se vai divulgar o contrato olímpico, documento que rege a relação entre Rio e COI (Comitê Olímpico Internacional).
"É difícil [prever o tamanho das alterações]", declarou Nuzman em entrevista à Folha, na Dinamarca, para onde retornou, após a escolha da sede dos Jogos, para seguir os últimos dias do congresso do COI. Pelo orçamento exposto na candidatura, serão empenhados R$ 25,9 bilhões para a parte esportiva e para a infraestrutura da Olimpíada e da Paraolimpíada de 2016. A maior parcela dos gastos caberá à União. Mas Nuzman relata pelo menos quatro fatores que podem modificar esse projeto inicial.
O primeiro, a adequação do plano ao modelo que ainda vai ser determinado pelo COI. O segundo está ligado aos pedidos de federações internacionais, os quais Nuzman diz esperar, para alterações nas arenas propostas. O terceiro, a montagem da equipe de trabalho, tarefa que hoje considera imprevisível. E, por fim, eventuais mudanças nos planos do governo, que pode querer incrementar as instalações.
Para o dirigente, um reajuste não significa estouro de orçamento. É assim que vê o Pan.
No evento de 2007, os gastos cresceram quase 800% em relação ao plano inicial. De R$ 410 milhões em 2002, a conta final fechou em R$ 3,7 bilhões. "Mudou o projeto", justificou.
Sobre o Pan, ainda, Nuzman alega que não deveria ter sido cobrado por atrasos de obras. "São responsabilidade do governo", diz. Tanto que espera que o COI cobre diretamente as autoridades públicas em eventuais casos de problemas na construção das arenas.
Segundo Nuzman, se há uma perspectiva de mais dinheiro para o plano olímpico, o investimento no esporte de alto rendimento também terá de saltar. O dirigente diz ainda não saber quanto será necessário para transformar o Brasil em potência olímpica. Mas sabe que pedirá mais do que antes, já que "o cenário é diferente".
Com novo status após a vitória carioca, Nuzman dá a entender que pode ter que mudar a forma de trabalho com as confederações. O atual formato limita sua atuação, alega ele.

 

FOLHA - O senhor se tornou o segundo dirigente esportivo mais importante do país ou o primeiro?
NUZMAN -
[risadas] Não vou mudar. Sou do jeito que sou. Não tenho problema em dar entrevista. Se tiver que reclamar, vou reclamar sem inimizade ou rusga. Como sempre foi feito. Isso é importante na vida. Por exemplo, o presidente do COI me ofereceu o púlpito para agradecer pelos Jogos. Falei que não precisava, que falaria do meu lugar. Não quero ser diferente. É o que sou. Acordei no 3 de outubro [um dia após a escolha] e pensei que estava faltando algo. Sabe o que era? Não tinha mais que pensar em voto nem para onde viajar. Dez anos, desde 99, a gente vivia nisso.

FOLHA - O senhor passou três, quatro meses viajando?
NUZMAN -
Ah, viajei mais, mais. Divulgarei todas as viagens. Não tenho nenhum problema. Só não quis mostrar antes para o inimigo não saber. Sempre estive na linha de frente. Quando assumi o vôlei, disse que queria fazê-lo virar campeão olímpico. Não fui ao casamento da minha irmã, minha única irmã, porque tinha que ir com a seleção, meu trampolim para a Olimpíada. Não tive problema em casa? Claro que tive. Chegar e dizer: "Não vou ao seu casamento". Faz parte, é minha característica. Desde os 17 tenho paletó e gravata. Sou advogado.


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