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JUDÔ
Torneio em Paris só perde em importância para Olimpíada e Mundial
Na França, Derly ganha ouro inédito para o país
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O gaúcho João Derly, 24, parece
um predestinado a quebrar tabus
brasileiros nos tatames. Ontem, o
meio-leve, que há cinco meses
conquistara o primeiro Campeonato Mundial da história do judô
nacional, venceu o prestigiado
Torneio de Paris, principal competição individual do ano.
A única conquista brasileira no
evento havia sido em 2000, com
Edinanci Silva, no meio-pesado.
Nunca, porém, um homem do
país havia vencido a competição
francesa, que, com 35 anos de tradição, é a mais importante do judô após Olimpíadas e Mundiais.
"Estou muito feliz, é uma grande alegria conquistar uma medalha num evento dessa importância", afirmou o judoca.
Para chegar à conquista, inesperada até para seu técnico, Derly
superou adversários que devem
cruzar seu caminho no Pan-Americano do ano que vem, além dos
melhores orientais da atualidade
na categoria dos 66 kg.
Credenciado pelo Mundial, ele
percebeu uma postura diferente
por parte dos rivais em Paris.
"Senti que estava sendo muito
observado. Em alguns casos, deu
para perceber que os adversários
fizeram uma preparação específica para me enfrentar. Ainda bem
que consegui impor meu estilo e
conseguir o título inédito numa
competição dessa importância",
declarou, por meio da assessoria
de imprensa da Sogipa, seu clube.
Na estréia, Derly venceu por ippon o americano Taylor Takata.
Na segunda luta, bem mais disputada, superou por yuko (segunda
pontuação do judô) o sul-coreano
Kwang Sub Kim, primeiro adversário a derrotá-lo depois da inédita conquista no Egito. Depois, bateu o canadense Sasha Mehmedovic e o espanhol Javier Delgado,
para fazer a final com o japonês
Hiroyuki Akimoto.
O nipônico, que, como Derly,
tem um título mundial júnior, foi
a aposta de seu país no torneio,
deixando em casa o campeão
olímpico Masato Uchishiba, rival
vencido pelo gaúcho na decisão
do Mundial em menos de um minuto. Mas o vencedor ontem foi o
mesmo que triunfou no Cairo.
A final de ontem foi a segunda
do atleta no evento. Em 2002,
quando ainda lutava na categoria
ligeiro (até 60 kg), ele voltou de
Paris com a prata.
O título não era esperado nem
mesmo pelo técnico do judoca.
Antônio Carlos Pereira, o Kiko,
que acompanha Derly desde a infância, pensava que ele não chegaria à França com as melhores condições físicas.
"Estava preocupado porque a
preparação não foi tudo o que a
gente esperava. Ele demorou um
pouco para ficar explosivo. Conheço a condição do João olhando seu abdome. Como ele só começou a "secar" na quarta, pensei
que não ia dar tempo de competir
no auge", falou o técnico.
Para Kiko, a conquista de ontem mostra que seu atleta pode
entrar no seleto grupo de judocas
que têm títulos dos Mundiais júnior e adulto e títulos olímpicos.
"Só seis atletas conseguiram isso
até hoje", lembrou o treinador.
Ontem, o ligeiro Alexandre Lee
e o leve Moacir Mendes, os outros
brasileiros que lutaram em Paris,
não conseguiram medalhas.
A competição termina hoje com
a disputa de mais quatro categorias. Tiago Camilo (até 81 kg), Hugo Pessanha (até 90 kg), Mário Sabino (até 100 kg) e João Gabriel
Schilliter (mais de 100 kg) são os
representantes do Brasil.
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