São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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JUDÔ

Torneio em Paris só perde em importância para Olimpíada e Mundial

Na França, Derly ganha ouro inédito para o país

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O gaúcho João Derly, 24, parece um predestinado a quebrar tabus brasileiros nos tatames. Ontem, o meio-leve, que há cinco meses conquistara o primeiro Campeonato Mundial da história do judô nacional, venceu o prestigiado Torneio de Paris, principal competição individual do ano.
A única conquista brasileira no evento havia sido em 2000, com Edinanci Silva, no meio-pesado. Nunca, porém, um homem do país havia vencido a competição francesa, que, com 35 anos de tradição, é a mais importante do judô após Olimpíadas e Mundiais.
"Estou muito feliz, é uma grande alegria conquistar uma medalha num evento dessa importância", afirmou o judoca.
Para chegar à conquista, inesperada até para seu técnico, Derly superou adversários que devem cruzar seu caminho no Pan-Americano do ano que vem, além dos melhores orientais da atualidade na categoria dos 66 kg.
Credenciado pelo Mundial, ele percebeu uma postura diferente por parte dos rivais em Paris.
"Senti que estava sendo muito observado. Em alguns casos, deu para perceber que os adversários fizeram uma preparação específica para me enfrentar. Ainda bem que consegui impor meu estilo e conseguir o título inédito numa competição dessa importância", declarou, por meio da assessoria de imprensa da Sogipa, seu clube.
Na estréia, Derly venceu por ippon o americano Taylor Takata. Na segunda luta, bem mais disputada, superou por yuko (segunda pontuação do judô) o sul-coreano Kwang Sub Kim, primeiro adversário a derrotá-lo depois da inédita conquista no Egito. Depois, bateu o canadense Sasha Mehmedovic e o espanhol Javier Delgado, para fazer a final com o japonês Hiroyuki Akimoto.
O nipônico, que, como Derly, tem um título mundial júnior, foi a aposta de seu país no torneio, deixando em casa o campeão olímpico Masato Uchishiba, rival vencido pelo gaúcho na decisão do Mundial em menos de um minuto. Mas o vencedor ontem foi o mesmo que triunfou no Cairo.
A final de ontem foi a segunda do atleta no evento. Em 2002, quando ainda lutava na categoria ligeiro (até 60 kg), ele voltou de Paris com a prata.
O título não era esperado nem mesmo pelo técnico do judoca. Antônio Carlos Pereira, o Kiko, que acompanha Derly desde a infância, pensava que ele não chegaria à França com as melhores condições físicas.
"Estava preocupado porque a preparação não foi tudo o que a gente esperava. Ele demorou um pouco para ficar explosivo. Conheço a condição do João olhando seu abdome. Como ele só começou a "secar" na quarta, pensei que não ia dar tempo de competir no auge", falou o técnico.
Para Kiko, a conquista de ontem mostra que seu atleta pode entrar no seleto grupo de judocas que têm títulos dos Mundiais júnior e adulto e títulos olímpicos. "Só seis atletas conseguiram isso até hoje", lembrou o treinador.
Ontem, o ligeiro Alexandre Lee e o leve Moacir Mendes, os outros brasileiros que lutaram em Paris, não conseguiram medalhas.
A competição termina hoje com a disputa de mais quatro categorias. Tiago Camilo (até 81 kg), Hugo Pessanha (até 90 kg), Mário Sabino (até 100 kg) e João Gabriel Schilliter (mais de 100 kg) são os representantes do Brasil.


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