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MOTOR
O circo de Montezemolo
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A FIA não publicou ainda a
versão 2003 dos regulamentos técnico e esportivo. Não teve
tempo, a impressora quebrou, sabe-se lá o motivo. De qualquer
forma, sabido o que mudou, o resto, por consequência, não mudou.
E como a nova F-1 já provou ser
uma usina de ocorrências insólitas, vale lembrar aqui alguns
itens do livro, modificados ou
não. Se os últimos Mundiais eram
verdadeiros exercícios de paciência, este é uma surpresa atrás da
outra, goste-se ou não do resultado. Às regras (com comentários).
1. Pontuação: pela terceira vez
na história, mudou. E mudou basicamente para embolar o campeonato. Exemplo, Raikkonen perdeu a vitória, mas perdeu apenas dois pontos. Fosse no ano passado, teria perdido quatro. Na prática, perdeu quase nada.
2. Pneus: em outubro do ano passado, a FIA propôs; em janeiro, os times aceitaram. As fabricantes podem personalizar o
atendimento aos times (o que era proibido), com dois tipos de pneu
para seco (como antes) e um único para pista molhada (não havia
limite). A coisa foi feita para minimizar custos, mas os times e as
duas fábricas concorrentes foram
irresponsáveis em Interlagos.
3. Largada: um GP de F-1 acontece ou acontece, faça chuva ou
faça sol. O argumento é que as fabricantes de pneus desenvolveram produtos especialmente adequados para pista molhada e blablablá (sim, parece piada). Em
caso de toró amazônico, os comissários podem determinar a largada com safety car e ou atrasar a largada, em 15 minutos, se já tiver
sido mostrada a placa de cinco
minutos; ou em dez minutos, se o
apagar das luzes for iminente. Se
necessário, atrasa-se a coisa mais
dez minutos. E assim vai, de dez
em dez, até a pista ficar viável. Na
prática, o custo da transmissão
via satélite sempre ajuda na hora
de decidir largar com o safety car.
Bandeira vermelha: interrompe
a corrida, não a finaliza -isso é
outra decisão. Se a vermelha surgir com menos de duas voltas percorridas, nova largada em 20 minutos; com menos de 75% e se as
condições permitirem, nova largada na ordem da penúltima volta percorrida antes da interrupção; com menos de 75% e sem
condições de prosseguir, fim de
prova, colocações determinadas
pela penúltima volta percorrida e
atribuição de metade dos pontos;
com mais de 75%, fim de prova,
colocações determinadas pela ordem da penúltima volta percorrida e pontuação normal. Atenção:
voltas percorridas. Interlagos, antes e após perceber a piscada do
cronometrista, superou 75%.
Bandeira amarela: indica perigo e ultrapassagem proibida.
Uma bandeira agitada significa
tire o pé. Duas bandeiras agitadas
significa tire o pé e prepare-se para parar se necessário. Alonso ignorou um monte de bandeiras agitadas. É bom, mas é moleque.
Ferrari (não está no manual, é
contribuição da coluna): time italiano que perde a cabeça ao notar
que, com o melhor carro e piloto
idem, está levando chumbo. E
que, para tentar apagar o fiasco
da pane seca de Barrichello,
achincalha a pista e as novas regras e chama a nova F-1 de circo.
De fato, o que não falta é palhaço.
A voz do povo
Se boa parte dos analistas achou um absurdo o que aconteceu domingo em Interlagos, o público gostou. A Globo teve pico de 41 pontos, e a ITV, da Inglaterra, registrou sua terceira maior audiência
(share de 33,7%) desde que assumiu a F-1 em 1998.
A voz do dono
A GPWC deu o primeiro passo para uma liga paralela a partir de
2008. Nesta semana, arrancou dos dez times uma carta de intenções
que deve se transformar em um novo Pacto de Concórdia. Mosley e
Ecclestone serão convidados para uma conversa. Se não entrarem
em acordo, ficarão com uma F-1 fantasma, sem times e sem carros
-a GPWC diz prescindir da marca F-1. O entendimento passa pelas
regras e pela nova divisão do bolo. A discussão vai longe.
E-mail mariante@uol.com.br
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