São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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FUTEBOL

Forasteiros dão ao estádio clima de interior, com sossego e poucas vendas

"Fazenda Pacaembu" alivia polícia e frustra vendedor

MARCUS VINICIUS MARINHO
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de ser no Pacaembu, encravado no coração da maior cidade brasileira, o clima da final era de interior. No tranqüilo domingo de Páscoa, praticamente nada do lado de fora do estádio denunciava que do lado de dentro acontecia a primeira partida da final do Campeonato Paulista-04. Não havia filas, barulho ou tumultos -só alguns vendedores.
"Isso nem se compara a um jogo médio de time grande", disse Márcia Alves, 26, que costuma vender de 20 a 30 camisas de clubes antes de jogos do Corinthians nos arredores do mesmo estádio. Ontem, a dez minutos do início da partida, Márcia ainda não tinha conseguido vender nenhuma das camisas que exibia penduradas em um varal. "Para a gente, é como um jogo de time pequeno. Está uma coisa meio de fazenda, não parece final mesmo."
Até os integrantes da maior torcida presente, a do Paulista, pareciam surpresos com o público no estádio. "Isso não tem nada de invasão. Está bem vazio. Achei que teria bem mais gente", afirmou José Davison Pereira, 34, que veio de Jundiaí de ônibus. "Deve ser por causa da Páscoa, não?", indagava seu irmão Júlio, 29.
Na última sexta, a diretoria do Paulista calculava que 15 mil torcedores do clube invadiriam a capital. Mas a primeira final do Paulista no Pacaembu em 30 anos não foi nem o jogo de maior público no estádio no Estadual-04: os 10.014 pagantes representaram pouco mais da metade dos cerca de 17 mil que assistiram mês passado à derrota do Corinthians para a Portuguesa Santista por 1 a 0.
Dentro do Pacaembu, a tranqüilidade quase bucólica que se via do lado de fora continuou. Havia enormes clarões em todos os setores das arquibancadas, independentemente do preço dos ingressos (de R$ 20 a R$ 40).
As duas torcidas mal se provocavam -apenas depois do segundo gol de Warley a torcida do ABC timidamente ensaiou um "Cadê Galo?". Até no campo os times registraram a calmaria da tarde: segundo o Datafolha, Paulista e São Caetano registraram apenas 46 faltas (27 e 19, respectivamente), média inferior à do campeonato, de 51,4.
Os 260 policiais militares presentes correspondiam a 2,6% do público pagante. "Colocamos o contingente normal de uma final no Pacaembu", afirmou o coronel da PM Marcos Marinho.
Uma delegacia móvel da Polícia Civil também foi instalada no portão principal do estádio, ao lado de quatro viaturas e de dois carros táticos do GOE (Grupo de Operações Especiais).
"Viemos a pedido do secretário de Segurança Pública", explicou o delegado Mauro Moscatelli, um dos comandantes de uma equipe de 30 investigadores.
Segundo a PM, não foi registrada nenhuma ocorrência grave. "Realmente, tudo foi muito tranqüilo", disse o coronel Marinho.



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