São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2006

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CBF põe à venda taça do Brasileiro e veta pirataria

Regra do Nacional abre a chance de empresa colocar nome no troféu e proíbe cópia de medalha por times

KLEBER TOMAZ
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles sempre foram tratados como lataria. Mas, pelo regulamento do Brasileiro-2006, que começa no sábado, ganharam status de ouro. A Confederação Brasileira de Futebol resolveu ganhar dinheiro com a taça da competição e proibir a cópia das medalhas distribuídas aos campeões.
Esses dois itens são novidade no regulamento. A questão da taça, inclusive, só entrou no documento como um anexo. Pela idéia da CBF, o troféu, hoje chamado "campeão brasileiro", pode vir a receber qualquer nome, a priori.
O texto que autoriza o "leilão" da taça está no parágrafo terceiro do artigo sexto do Capítulo 2 do regulamento da competição.
De acordo com o artigo sexto do mesmo capítulo, "a CBF poderá negociar comercialmente a adoção de uma outra denominação para o troféu do campeão brasileiro, através de contrato com um patrocinador específico".
A Folha apurou que a empresa que deve comprar os direitos para dar o nome de seus produtos para a taça do Brasileiro é a Nestlé, que em 2005 já fez uma parceria com o Clube dos 13, com a distribuição de ingressos e a confecção de troféus para os destaques do torneio.
A inclusão no regulamento da possibilidade de comercialização da peça foi feita já com esse cenário -os cartolas da CBF e do C13 temiam que alguém pudesse contestar a associação da taça do Nacional com uma empresa.
Se a entidade dependesse do interesse dos três patrocinadores da seleção, o troféu continuaria chamado "campeão brasileiro".
Nike, Vivo e Ambev não demonstraram muito interesse em ter suas marcas no prêmio.
"A Nike está com uma campanha mundial, o "Joga Bonito". Todos os esforços da empresa estão voltados para ela", disse Kátia Gianone, gerente de comunicação corporativa da Nike do Brasil, empresa de material esportivo.
Já a Vivo, operadora de telefonia celular, informou que "iria avaliar as novas regras."
E segundo afirmou a Ambev, por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa "não teve nenhuma negociação em curso [com a Confederação Brasileira de Futebol] a esse respeito."
A Ambev representa marcas de cerveja nacional, como a Brahma, Antarctica, Skol e Bohemia.
Pelo regulamento, não existe nenhum entrave para que uma indústria de bebida alcoólica ou cigarro coloque sua marca na taça mais importante do futebol brasileiro, que, aliás, terá neste ano um novo modelo -o Corinthians ficou de forma definitiva com o último, criado em 1993.
Outra novidade está nas medalhas. Pela primeira vez, a CBF coloca nas regras da competição que ela não autoriza a reprodução dos 50 mimos para o campeão e vice.
Essa decisão surge após cartolas e assessores corintianos, campeões brasileiros em 2005, disputarem as medalhas com jogadores. Alguns cartolas ficaram sem as recordações. O presidente do clube, Alberto Dualib, prometeu fazer cópias delas para os aliados.
Segundo a Folha apurou, Virgilio Elísio, diretor do departamento técnico da CBF e responsável por coordenar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, foi um dos defensores do artigo que proíbe a duplicata das medalhas. Como argumento, alegou que nunca viu "ninguém fazer cópia da medalha olímpica".
O tumulto gerado na entrega de medalhas paras os campeões nacionais de 2005 também pode precipitar outra mudança no regulamento, mas esta no ano que vem. Elísio pensa no futuro em reduzir o número de lembranças.
Enquanto a CBF procura se blindar contra as cópias, a Federação Paulista de Futebol toma rumo contrário. No seu site oficial, a FPF comercializa miniaturas das taças dadas aos campeões estaduais nos últimos anos. Cada uma custa R$ 150, mais frete.
Procurada para falar sobre as decisões sobre a taça e as medalhas, a CBF disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.


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