São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAULO VINICIUS COELHO

Que vença o menos cansado


A lógica recente do futebol paulista é o Estadual acabar nas mãos de quem não está disputando a Libertadores


OS QUATRO grandes clubes de São Paulo disputaram as semifinais do Paulistão juntos, pela última vez, no ano 2000.
A vitória são-paulina por 2 a 0, que eliminou o Corinthians, e o triunfo do Santos por 3 a 2 sobre o Palmeiras, com gol de Dodô no último minuto, foram no dia 4 de junho. Uma quarta-feira antes e uma depois, Palmeiras e Corinthians fizeram a épica semifinal da Libertadores, do pênalti de Marcelinho defendido por Marcos. Em 2000, Palmeiras e Corinthians tinham os melhores times, mas não fizeram a decisão estadual.
No ano anterior, o da penúltima semifinal com os grandes, Palmeiras e Corinthians chegaram à decisão, eliminando respectivamente santistas e são-paulinos. O primeiro jogo da finalíssima aconteceu três dias antes de o Palmeiras vencer o Deportivo Cali e ganhar a Libertadores. Por isso, contra o Corinthians, Felipão escalou 11 reservas. Perdeu por 3 a 0, com um gol de Marcelinho aos 45min do segundo tempo e outro de Dinei aos 50min. Os dois gols nos acréscimos definiram o Paulista, antes do empate do domingo seguinte e das embaixadinhas de Edílson.
Há dez anos, o calendário fazia com que as finais estaduais e continentais fossem disputadas simultaneamente. Era mais fácil definir a prioridade. Bastava ter a coragem de Felipão, que, em 1995, ganhou o Gaúchão com o time reserva, ao mesmo tempo em que conquistava a Libertadores com os titulares. Hoje é dia de decisão nos Estaduais, mas Copa do Brasil e Libertadores estão ainda no meio. Na quinta, Muricy Ramalho deixou claro que levará o time titular a Medellín, porque precisa dos pontos para decidir em casa nas próximas fases do torneio continental. Escalar reservas contra o Corinthians? "A Libertadores é nossa prioridade, mas, se entro num campeonato, é porque quero vencê-lo", dizia há um mês o presidente Juvenal Juvêncio, quando questionado sobre a semifinal à vista contra o Corinthians. Quando se pergunta ao torcedor o que ele prefere vencer, a resposta é a Libertadores. Mas, se a questão é sobre o que prefere perder, a decisão é: nenhum. Ouve-se mais hoje em dia que os Estaduais não valem nada, do que se ouvia há dez anos. Ouve-se mais e escala-se menos reservas nas decisões. Na semana do Fla-Flu, o Flamengo levou cinco suplentes a Belém, não no Carioca, e o Santos poupou Kléber Pereira na Copa do Brasil, não no Paulistão.
Só seria diferente se as finais de Libertadores, Copa do Brasil e Estaduais fossem simultâneas. Nesse caso, a importância dos regionais seria nula. Ainda não é, porque perder agora não significa vencer adiante -é melhor um pássaro na mão ou dois voando? Mesmo assim, os Estaduais têm se decidido a favor de quem não está na Libertadores. No ano passado, o Palmeiras venceu a semifinal contra o São Paulo, que estava no torneio. Em 2007, o Santos ganhou a final contra o São Caetano na mesma semana em que enfrentou o Caracas, na Vila Belmiro.
Mas o São Paulo caiu por 4 a 1 contra o Azulão na semifinal do Paulista, três dias após voltar de Lima, onde ganhou do Alianza. Como diz Juvenal Juvêncio, ninguém entra em campo para perder. Então, que valha a lógica recente do futebol paulista. Que vença o... menos cansado.
pvc@uol.com.br


Texto Anterior: Crise também é motivo de preocupação
Próximo Texto: Com Neymar, Santos reverte vantagem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.