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Multa rende mais à
FPF do que um jogo
FERNANDO MELLO
da Reportagem Local
A Federação Paulista de Futebol
arrecadou mais com as multas de
cartões amarelos e vermelhos aplicados aos jogadores do que com a
bilheteria de qualquer jogo da primeira divisão do Estadual-99.
Com a aplicação das multas, a
FPF recebeu até agora R$ 656 mil.
Em nenhuma partida realizada no
torneio, a arrecadação com bilheteria chegou a esse valor.
No Paulista-99, cada expulsão dá
R$ 2.000 aos cofres da FPF. Pelo
primeiro cartão amarelo recebido,
o jogador deveria pagar R$ 250. A
partir da segunda advertência, a
multa automática é de R$ 500.
Mas o paternalismo existente no
futebol brasileiro faz com que, na
prática, as multas que seriam destinadas aos atletas acabem sendo
quitadas pelos clubes.
"Infelizmente, na vontade de não
contrariar os atletas, os clubes acabam pagando. Mas acho que cartão bobo, aquele que o jogador recebe por reclamação, deveria ser
pago pelo atleta", afirmou o diretor de futebol da Inter de Limeira,
José Paschoal Angotti.
O jogo do Estadual-99 com
maior presença de público foi realizado no Morumbi, no confronto
entre São Paulo e Matonense, na
inauguração no novo sistema de
iluminação do estádio. Na oportunidade, 48.421 pessoas assistiram
ao jogo. O bom público foi resultado da diminuição do preço dos ingressos, de R$ 10 para R$ 3, totalizando uma arrecadação de R$
144.263,00 -o que representa menos do que um quarto do total obtido com as multas.
Nas semifinais que terminaram
quarta-feira, em nenhuma das
partidas mais do que 30 mil pessoas compareceram ao Morumbi.
Apesar de a federação não divulgar
as rendas das partidas, a arrecadação não passou de R$ 300 mil, já
que boa parte dos ingressos custava R$ 1 e R$ 5.
Com relação à arrecadação total
com bilheteria, apenas São Paulo
(R$ 1.091.589) e Palmeiras (R$
677.653) conseguiram superar a
quantia conseguida pela FPF com
as multas dos cartões.
Instituída pela federação no início do Estadual com a argumentação de que diminuiria a violência
dentro de campo, a troca da suspensão automática pela multa em
dinheiro surtiu o efeito esperado:
até a segunda fase do Paulista-99,
de acordo com a FPF, a média de
cartões amarelos caiu de 6,08 no
ano passado para 5,64 por partida
no atual torneio (queda de 7,36%).
As expulsões também tiveram decréscimo: foram de 0,77 em 98 para 0,71 por jogo em 99 (variação de
-7,61%).
Como foram realizados mais jogos no Estadual-99, o número de
cartões amarelos aplicados subiu
de 787 para 951.
Recordista
A Inter de Limeira foi a equipe
que mais contribuiu com a "caixinha" dos cartões. No total, pagou à
entidade R$ 63.750.
"A quantia realmente pesa no orçamento do clube. Concordo com
a idéia de dar a multa desde que ela
não atrapalhe a vida financeira do
clube. O valor (de R$ 250 e R$
2.000) é alto demais", afirmou Angotti, diretor do clube.
Durante o campeonato, os jogadores de sua equipe levaram 86
cartões amarelos e 13 vermelhos.
"Na ânsia de conseguir fugir do
"torneio da Morte" (que define os
rebaixados à Série A-2), na primeira fase, nossos atletas jogaram
com mais brutalidade e foram advertidos com cartões."
Entre as equipes que disputaram
toda a competição -os quatro
"grandes" só entraram na segunda
fase- a Lusa foi a que menos gastou -R$ 26.750.
As multas também atingem as
equipes da segunda divisão do futebol paulista. Por advertência
com amarelo, os clubes pagam R$
300, e, por expulsão, R$ 1.000.
"Não dá para continuar cobrando multas tão altas. A gente recebe
uma cota de R$ 15 mil por jogo em
casa. Muitos de meus jogadores
ganham menos de R$ 1.000 por
mês. Como posso cobrar deles? A
gente tem que assumir o pagamento", disse o presidente do Juventus,
Milton Urcioli.
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