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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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Pivô da punição ao time paraense, dirigente pôde participar sem restrições da eleição na CBF

Paysandu perde os pontos, mas Teixeira ganha o voto

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A assinatura do presidente do Paysandu nos contratos de três atletas custou oito pontos e uma séria ameaça de rebaixamento ao clube do Pará. A assinatura de José Arthur Guedes Tourinho, no entanto, também está na ata da eleição que deu mais quatro anos de CBF a Ricardo Teixeira.
Pivô do tapetão mais polêmico do Brasileiro dos asteriscos, votou graças a um efeito suspensivo obtido na Justiça Desportiva do Pará. Tourinho havia sido punido em abril pelo mesmo tribunal por ter desrespeitado Antônio Carlos Nunes de Lima, presidente da Federação Paraense de Futebol.
Apesar de suspenso, o dirigente assinou a ata de votação, participou da reunião na CBF e reelegeu Teixeira. Declarou que estava amparado pela manobra jurídica.
O voto do presidente do Paysandu, a favor de Teixeira, foi considerado válido e até agora não foi contestado na CBF.
O time do Pará perdeu oito pontos no Nacional porque os auditores da 2ª Comissão Disciplinar, primeira instância da Justiça esportiva, entenderam que ele atuou nas partidas em que foi punido com três atletas irregulares.
Aldrovani, Júnior Amorim e Borges Neto tiveram os contratos assinados por Tourinho. Como a assinatura dele não foi considerada válida, pois cumpria 120 dias de suspensão, os três teriam atuado irregularmente no Nacional.
Assim como o dirigente diz ter votado na eleição da CBF porque tinha obtido um efeito suspensivo, afirma que assinou o contrato dos três amparado por uma decisão da Justiça comum que lhe assegurava o direito de exercer a presidência do Paysandu.
Para um dos auditores da mesma 2ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que pediu para não ser identificado e votou pela perda dos pontos do time do Pará, validar o voto de Tourinho na eleição entra em contradição com a punição imposta ao Paysandu.
""São dois pesos e duas medidas", protestou Carlos Alberto de Oliveira, presidente da Federação Pernambucana de Futebol e adversário político de Ricardo Teixeira. ""Se o Tourinho votou de forma ilegal, vamos recorrer."
Amanhã, Oliveira deve estudar o que fazer. Cogita entrar na Justiça comum para tentar anular o pleito realizado em 9 de julho.
Mas, para Luiz Zveiter, presidente do STJD, a CBF pode ficar tranquila. ""A eleição não fica nula porque [o dirigente] assinou [a ata] antes [de ser punido pelo STJD]. Ele só não podia votar a partir do dia 11 de julho [data da suspensão imposta a Tourinho]", disse o presidente da principal instância da Justiça esportiva.
Mas, se é favorável à CBF, a declaração de Zveiter defendendo a validade do voto do Paysandu na reeleição de Teixeira pode beneficiar o time paraense no julgamento da próxima quinta-feira.
Na ocasião, o STJD aprecia o recurso do Paysandu contra a decisão da Comissão Disciplinar, que lhe tirou pontos dos jogos contra Corinthians e Ponte Preta.
Advogados do Paysandu, José Mauro do Couto Filho e Alberto Maia Filho vão defender que, se o voto para Teixeira foi válido, a assinatura do presidente nos contratos dos atletas também deve ser. ""Ele [Tourinho] tinha o direito de firmar contratos sem problemas", declarou Maia.
O presidente do Paysandu diz estar sendo vítima de um complô das grandes equipes do país. O Fluminense, que está ameaçado pelo rebaixamento, foi um dos times que ganharam do Paysandu pontos perdidos em campo. No meio da semana, os cariocas passaram os paraenses na tabela e os jogaram para a zona de descenso.
Tourinho insiste que tinha condições tanto de votar na eleição da CBF (devido ao efeito suspensivo obtido na Justiça esportiva) quanto de assinar o contrato de seus atletas (pela Justiça comum).
E agora acredita que, se seu voto ou mesmo a eleição na CBF não for anulada, o Paysandu também não pode perder seus pontos. Quer ""um peso e uma medida".



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