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Pivô da punição ao time paraense, dirigente pôde participar sem restrições da eleição na CBF
Paysandu perde os pontos, mas Teixeira ganha o voto
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A assinatura do presidente do
Paysandu nos contratos de três
atletas custou oito pontos e uma
séria ameaça de rebaixamento ao
clube do Pará. A assinatura de José Arthur Guedes Tourinho, no
entanto, também está na ata da
eleição que deu mais quatro anos
de CBF a Ricardo Teixeira.
Pivô do tapetão mais polêmico
do Brasileiro dos asteriscos, votou
graças a um efeito suspensivo obtido na Justiça Desportiva do Pará. Tourinho havia sido punido
em abril pelo mesmo tribunal por
ter desrespeitado Antônio Carlos
Nunes de Lima, presidente da Federação Paraense de Futebol.
Apesar de suspenso, o dirigente
assinou a ata de votação, participou da reunião na CBF e reelegeu
Teixeira. Declarou que estava amparado pela manobra jurídica.
O voto do presidente do Paysandu, a favor de Teixeira, foi
considerado válido e até agora
não foi contestado na CBF.
O time do Pará perdeu oito pontos no Nacional porque os auditores da 2ª Comissão Disciplinar,
primeira instância da Justiça esportiva, entenderam que ele
atuou nas partidas em que foi punido com três atletas irregulares.
Aldrovani, Júnior Amorim e
Borges Neto tiveram os contratos
assinados por Tourinho. Como a
assinatura dele não foi considerada válida, pois cumpria 120 dias
de suspensão, os três teriam atuado irregularmente no Nacional.
Assim como o dirigente diz ter
votado na eleição da CBF porque
tinha obtido um efeito suspensivo, afirma que assinou o contrato
dos três amparado por uma decisão da Justiça comum que lhe assegurava o direito de exercer a
presidência do Paysandu.
Para um dos auditores da mesma 2ª Comissão Disciplinar do
Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que pediu para não ser
identificado e votou pela perda
dos pontos do time do Pará, validar o voto de Tourinho na eleição
entra em contradição com a punição imposta ao Paysandu.
""São dois pesos e duas medidas", protestou Carlos Alberto de
Oliveira, presidente da Federação
Pernambucana de Futebol e adversário político de Ricardo Teixeira. ""Se o Tourinho votou de
forma ilegal, vamos recorrer."
Amanhã, Oliveira deve estudar
o que fazer. Cogita entrar na Justiça comum para tentar anular o
pleito realizado em 9 de julho.
Mas, para Luiz Zveiter, presidente do STJD, a CBF pode ficar
tranquila. ""A eleição não fica nula
porque [o dirigente] assinou [a
ata] antes [de ser punido pelo
STJD]. Ele só não podia votar a
partir do dia 11 de julho [data da
suspensão imposta a Tourinho]",
disse o presidente da principal
instância da Justiça esportiva.
Mas, se é favorável à CBF, a declaração de Zveiter defendendo a
validade do voto do Paysandu na
reeleição de Teixeira pode beneficiar o time paraense no julgamento da próxima quinta-feira.
Na ocasião, o STJD aprecia o recurso do Paysandu contra a decisão da Comissão Disciplinar, que
lhe tirou pontos dos jogos contra
Corinthians e Ponte Preta.
Advogados do Paysandu, José
Mauro do Couto Filho e Alberto
Maia Filho vão defender que, se o
voto para Teixeira foi válido, a assinatura do presidente nos contratos dos atletas também deve
ser. ""Ele [Tourinho] tinha o direito de firmar contratos sem problemas", declarou Maia.
O presidente do Paysandu diz
estar sendo vítima de um complô
das grandes equipes do país. O
Fluminense, que está ameaçado
pelo rebaixamento, foi um dos times que ganharam do Paysandu
pontos perdidos em campo. No
meio da semana, os cariocas passaram os paraenses na tabela e os
jogaram para a zona de descenso.
Tourinho insiste que tinha condições tanto de votar na eleição da
CBF (devido ao efeito suspensivo
obtido na Justiça esportiva) quanto de assinar o contrato de seus
atletas (pela Justiça comum).
E agora acredita que, se seu voto
ou mesmo a eleição na CBF não
for anulada, o Paysandu também
não pode perder seus pontos.
Quer ""um peso e uma medida".
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