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São Paulo pega os "mercenários"
Com time de aluguel, Al Ittihad bate equipe egípcia na abertura do Mundial e agora desafia brasileiros
TONI ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
"Não é fácil jogar no futebol da
Ásia, mas dinheiro é o nome do
jogo." A sinceridade do atacante
Mohammed Kallon, 26, resume
bem o que é o primeiro rival são-paulino no Mundial de Clubes da
Fifa, no Japão.
Ao bater na abertura do Mundial o africano Al Ahly ontem, por
1 a 0, o Al Ittihad, da Arábia Saudita, se credenciou como adversário
do São Paulo em jogo que acontece na quarta-feira.
Assim, tem a chance de levar
mais longe a idéia de que um "time de aluguel" poder ter sucesso.
Nascido em Serra Leoa, Kallon,
que surgiu na Inter de Milão com
fama de fenômeno, é só um dos
jogadores contratados por curto
empréstimo pelos sauditas. O camaronês Job é outro. A lista também teria os brasileiros Pedrinho,
Marcão e Lima, mas a Fifa vetou a
inscrição dos três.
Como entrosamento é fato raro
para o Al Ittihad, a vitória de ontem surpreendeu o técnico Paulo
Autuori, do São Paulo. "Esperava
uma vitória do Al Ahly, mas eles
individualmente não tiveram
uma grande atuação. Muitos poderiam ter rendido mais."
Enquanto o time saudita gastou
o tempo antes do Mundial fazendo negócios, o São Paulo se preocupa que a falta de negociações o
atrapalhe na competição da Fifa.
O atacante Amoroso, que já havia revelado à Folha sua insatisfação com o fato de o clube não ter
antecipado a renovação de contrato, voltou a enfatizar o assunto
ao dizer que existem quatro propostas de time por seu futebol e
até um pré-contrato em mãos de
seu procurador, Nivaldo Baldo.
A demora em acertar a permanência de Amoroso já causou
mal-estar entre Autuori e a diretoria do São Paulo. O técnico não
esconde que o jogador é prioridade zero para a temporada de 2006.
"Ele é um excelente jogador e a diretoria sabe da importância dele
para o grupo. Já passei para eles
[dirigentes] que pretendo continuar com o Amoroso", afirmou.
No entanto, dentro da própria
diretoria, ele enfrenta resistência
em relação a Amoroso.
Além do atacante, o lateral-direito Cicinho também admitiu
que não está totalmente focado na
competição, já que a sua ida para
o Real Madrid pode ser adiada
após a demissão de Vanderlei Luxemburgo. Insatisfeitos com o
comportamento do atleta, que
chegou até a viajar para a Inglaterra sem autorização para conversar com o Manchester, dirigentes
e conselheiros já consideravam
um bom negócio a saída de Cicinho, que renderia US$ 7,2 milhões (R$ 16 milhões) ao clube.
E o risco de desmanche atinge
até mesmo o comando técnico.
Três times do Japão, entre eles o
Gamba Osaka, já manifestaram
interesse em Paulo Autuori.
Mas se os bastidores estão agitados, dentro de campo, o time
também tem problemas, e de ordem técnica. Autuori não conseguiu definir o ataque, e chegou até
mesmo a fazer um treino secreto
para ensaiar algumas jogadas.
O treinador, que levou cinco jogadores para o ataque, tem apenas Amoroso como titular absoluto. Christian, Grafite, Aloísio
são as opções que tentam convencer o treinador, enquanto Thiago
corre por fora. Mesmo se recuperando de contusão na coxa direita, Aloísio, que foi contratado no
prazo limite de inscrição para o
Mundial, pode ganhar a vaga de
titular ao lado de Amoroso.
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