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FUTEBOL
Dos 385 árbitros e auxiliares da federação paulista, 76 são investigados por irregularidades e podem ser expulsos
"Faxina" põe juízes paulistas na berlinda
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase um quinto dos árbitros e
assistentes paulistas está sob suspeita e corre o risco de tomar o
mesmo caminho de Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon, que foram expulsos da FPF
após o escândalo da arbitragem.
Até a última quinta-feira, a conduta fora de campo de 76 dos 385
juízes e auxiliares da Federação
Paulista de Futebol foi considerada irregular pela Comissão de Arbitragem e agora é investigada pela Corregedoria da entidade.
Dentre os problemas detectados
estão: dívidas na esfera cível, ordens de despejo por não pagamento de aluguel ou condomínio,
agressão física, casos de estelionato e suspeitas de diplomas falsos.
Os processos, que envolvem
desde árbitros da primeira divisão do Campeonato Paulista até
os que entraram no quadro neste
ano, serão analisados pelo corregedor Bento da Cunha, delegado
de polícia aposentado e ex-membro do Tribunal de Justiça Desportiva do Estado de São Paulo.
O prazo final para a decisão sobre o futuro dos suspeitos vai até o
dia 26 deste mês, quando haverá a
homologação do registro dos árbitros e assistentes que trabalharão na temporada de 2006.
Segundo o corregedor, na semana passada, 30 juízes e auxiliares seriam excluídos do quadro da
FPF por não se enquadrarem no
perfil condizente e desejado -é
solicitado atestado de antecedentes criminais e de protesto.
"Até 40% de todos casos serão
considerados irregulares", antecipou Cunha, que só revelará os nomes dos expulsos no fim do ano.
Dentre os potenciais excluídos
estão casos como o de um juiz que
teve 26 cheques sem fundo devolvidos por bancos. "Isso é puro estelionato. Para mim é de difícil solução", afirmou Cunha, que citou
mais duas outras situações pertinentes: a de suspeita de documento escolar falsificado e de briga
com vítima ferida com gravidade.
"Tem um cara com diploma de
conclusão do segundo grau de um
curso supletivo feito numa escola
que não existe. Foi fechada por ser
irregular", disse o corregedor.
"Além deste caso, há outro
complicado: o de um juiz que responde a processo porque brigou
com uma pessoa e a cegou. Imagina se esse árbitro um dia briga
com um jogador e a imprensa
descobre que ele foi autorizado
por nós a apitar mesmo tendo antecedentes na polícia", indagou.
Mas há aqueles também que poderão receber o aval para continuar trabalhando mesmo após as
investigações. Segundo o corregedor, 20 casos devem ser liberados.
"O trabalho é investigativo. Não
vamos prejudicar quem só teve algum problema de débito de condomínio e busca regularizar isso",
disse Cunha, que pretende utilizar
seis ex-investigadores de polícia
na operação que visa acompanhar a vida extra-campo dos juízes e auxiliares. O objetivo é moralizar a arbitragem paulista.
"O Edilson e o Danelon [manipularam resultados de jogos para
favorecer quadrilha que apostava
em sites de futebol] mancharam a
federação paulista. Eles tinha dívidas fora de campo, jogavam em
bingos e isso contribuiu para que
fossem cooptados", disse Cunha.
Para Sérgio Corrêa, presidente
do Sindicato de Árbitros do Estado de São Paulo, o número de suspeitos é preocupante. "O normal
seria 5% e não 20%", lamentou.
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