São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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Rivais dizem que Daiane é favorita ao ouro olímpico

Volker Minkus - dez.03/Minkus Images
Diane durante apresentação


Catalina Ponor e Elena Gomez não vêem hoje como superar a brasileira no solo da ginástica

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não bastasse o título mundial, a seqüência de três vitórias consecutivas e a liderança do ranking, Daiane dos Santos, 21, vê agora as próprias adversárias a credenciarem à medalha olímpica de ouro e admitirem que hoje não são páreo para tirá-la do lugar mais alto do pódio na prova de solo.
"Ela é muito forte e está com a vantagem", diz Elena Gomez, 18, ginasta espanhola especialista nos exercícios de solo e considerada a principal rival da brasileira na disputa pelo ouro em Atenas, ao lado da romena Catalina Ponor e da russa Svetlana Khorkina, 25.
Hegemônica durante quase dois anos, tendo derrotado Daiane duas vezes na Copa do Mundo em 2003, Elena viu sua invencibilidade chegar ao fim em agosto, em Anaheim (EUA), quando a atleta gaúcha entrou para a história da ginástica artística ao se tornar a primeira sul-americana a conquistar um título mundial.
"Dos Santos é uma grande campeã. E, neste momento, está acima de todas as outras", afirma Jesus Carballo, técnico de Elena e da seleção espanhola feminina.
Apesar de sua pupila não enfrentar a brasileira desde o Mundial -Elena, campeã mundial em 2002, não foi a Cottbus (Alemanha) na última semana e cancelou sua presença em Lyon (França) por estar doente-, Jesus diz que Daiane deve seguir soberana pelo menos até o fim do ano.
"Elena ficou no topo, agora é a vez de Dos Santos, que cresceu no momento certo, no Mundial, e vem mantendo a escalada neste ano olímpico. Se não errar e não se machucar, vai vencer." Segundo o técnico espanhol, hoje sua atleta, cujo sonho é conseguir executar o duplo twist (movimento que consagrou Daiane), não supera a brasileira no solo.
Apesar de Elena Gomez e Svetlana Khorkina, que não se considera uma especialista no solo, não competirem hoje (classificação) e amanhã em Lyon, pela oitava etapa da Copa do Mundo, Daiane fará, a partir das 10h, o quarto embate com Catalina Ponor, 17.
A romena, todavia, após três derrotas consecutivas, jogou a toalha: "Daiane é muito boa e de um volume intenso. Posso evoluir mais, mas será difícil derrotá-la por causa de sua série acrobática".
Apesar de dizer que tem uma série artística melhor do que a da brasileira, Catalina aposta suas fichas na trave -é vice-campeã mundial do aparelho e do solo.
Daiane, porém, desdenha do favoritismo, atribuído a ela também pela federação internacional. À Folha disse que falta muito tempo para Atenas e que o cansaço é o que mais a preocupa. "Treinamos desde janeiro, sete horas por dia, e agora estamos passando por uma série de viagens e competições fortes. Isso cansa um pouco."
Livre da gripe que a acompanhou em Cottbus, Daiane irá reeditar a série do último fim de semana. "Sempre converso com o Oleg [Ostapenko, técnico da seleção feminina], mas só alteraremos a ordem dos movimentos ou trocaremos uma ou outra acrobacia. A nova série, com "Brasileirinho", não tem data para estrear."
Apesar de lançar mão mais uma vez de seus principais trunfos, o duplo twist carpado (reconhecido pela FIG como "Dos Santos") e o esticado, Daiane mostra desconhecimento do sucesso de sua performance e do fato de ter assumido a liderança do ranking mundial. "Não cheguei a ver a minha nota [9,762, a maior de sua carreira] nem sabia que tinha me tornado líder. E é vez ou outra que eu consigo falar com a minha família e com o meu namorado."
Além de Daiane, que vai competir no salto, Daniele Hypólito, que tenta voltar ao pódio na Copa -a última vez foi em março de 2003-, e Ana Paula Rodrigues atuam nas provas femininas. No masculino, Diego Hypólito e Mosiah Rodrigues tentam o primeiro pódio da ginástica masculina brasileira na Copa. Apenas oito atletas de cada aparelho disputam as finais amanhã, que dão prêmios de 300 a 2.000.


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