São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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MOTOR

Fiasco

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Começou com um recorde de Schumacher, terminou com uma dobradinha da Ferrari. Pior, ainda colocou em xeque tudo o que a F-1 imaginou para tornar esta temporada melhor do que anterior. O Mundial de 2004 levou um tombo de grandes proporções. E logo no primeiro degrau. Vai ser difícil levantar.
McLaren, Williams, Michelin e Toyota, para ficar apenas nos maiores orçamentos, em maior ou menor grau fracassaram. Enquanto isso, as quatro maiores velocidades da corrida foram registradas por motores da Ferrari (pela ordem, Massa, Barrichello, Schumacher e Fisichella).
Um resultado sólido, constrangedor até, se levado em conta a fragilidade demonstrada pela concorrência, notadamente a Mercedes. Diferença tão violenta que provocou até discussões sobre o comando do time, falatórios sobre a saída de Ron Dennis e Mansour Ojjeh, algo inimaginável.
Um pouco melhor, mas apenas um pouco, a Williams ainda conseguiu colocar seus dois pilotos próximos ao pódio, completado por Alonso e sua largada espetacular, o único instante de verdadeira emoção testemunhado por Melbourne. Registro ainda para a BAR, até aqui a única novidade proporcionada por 2004.
Faltou alguma coisa? Sim, o vexame do regulamento, que, além de não produzir surpresas, como esperado, fez pior, tornou a coisa ainda mais chata. A começar pelo definitivo sepultamento da sexta-feira, desprezada pelas grandes, negociada pelas pequenas.
Mas insuportável mesmo ficou o sábado, um exercício muito mais de paciência do que de desempenho, com pilotos e equipes em inútil espera entre uma e outra volta lançada -Da Matta chegou mesmo a brincar, dizendo que estava pensando em ir almoçar no hotel no próximo GP.
O tiro da FIA saiu pela culatra. A idéia de Max Mosley era ter um treino duplo, com pouca gasolina e muita velocidade no primeiro turno, em troca da suposta vantagem de tentar a classificação depois dos outros no segundo.
Para desespero das emissoras de TV, obrigadas por contrato a mostrar a sessão na íntegra, ninguém quis correr o risco. Pudera. Apenas 17 carros conseguiram dar as duas voltas. E, desses, 10 foram mais rápidos na segunda.
Nem Ecclestone agüentou. Pediu mudanças já para Sepang. Orgulhosa, a FIA não deve alterar nada, pelo menos até Imola. Parece apostar nos extremos meteorológicos das próximas etapas, chuva na Malásia e calor em Bahrein, quando o clima poderá dar a dinâmica que falta ao sistema.
E, depois de tudo, não bastasse os prognósticos furados e as expectativas frustradas, Schumacher mostra fôlego para, provocador como poucas vezes foi, colocar o dedo na ferida e apontar seu único desafiante neste ano, a única pedra no caminho para o inédito sétimo título: o próprio companheiro, aquele que todos apontam como eterno e servil escudeiro, Rubens Barrichello.
Prepare-se, portanto, para mais uma temporada de domínio ferrarista, para mais um campeonato em que brincaremos de torcer pelo representante do país.

Em alta
Montezemolo foi nomeado anteontem presidente da Confindustria, o equivalente italiano da Fiesp. Vai defender os interesses de 113 mil empresas do país. Presidente da Ferrari, da Maseratti e do Bologna, o chefão de Maranello, diz a mídia italiana, esta cada vez mais próximo de uma cadeira no Senado. E, enquanto isso, a Fiat definha.

Em crise
Em entrevista ao "Indianapolis Star", Tony George afirmou não estar seguro de conseguir preencher os 33 postos do grid de largada das 500 Milhas neste ano. O chefão da IRL disse que a crise no automobilismo não está restrita às categorias de monopostos e que até a badalada Nascar vem tendo problemas. O custo dos motores é o principal entrave. O regulamento mudou, e muitas equipes estão defasadas.

E-mail mariante@uol.com.br


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