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FUTEBOL
Dinâmica da dupla dinâmica
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Na rodada decisiva de
amanhã do Campeonato
Paulista, as atenções estão mais
voltadas para a possibilidade de
rebaixamento do Corinthians do
que propriamente para a definição dos classificados para a próxima fase. Quem diria que o alvinegro, campeão estadual do ano
passado e vice-campeão brasileiro em 2002, seria obrigado a torcer pelo arqui-rival São Paulo para não correr o risco de cair?
A situação é grave e deveria servir de motivação para mudanças
na direção corintiana, que em
menos de um ano sucateou o time
e queimou várias levas de treinadores e atletas. Até quando essa
incompetência seguirá impune?
Leio na "Placar" deste mês, em
ótima reportagem de Marília
Ruiz sobre Diego, que o jovem
meia santista se sente vítima de
um preconceito às avessas, pelo
fato de ser "branquinho, de classe
média, com cabelo liso". O pai do
jogador vai além, denunciando
um suposto "complô" contra seu
filho no próprio Santos, que estaria dando muito mais atenção e
prestígio a Robinho, embora Diego tenha surgido primeiro.
Deixando de lado a ciumeira
paterna e os assuntos extra-campo, é curioso notar que toda vez
que se fala em Diego se pensa em
Robinho -e vice-versa. Seja para
exaltar um em detrimento do outro, seja para glorificar ou condenar os dois em bloco. Parece até
que eles são unidos por um cordão umbilical que só será rompido quando saírem do Santos.
Mas o fato é que os dois são
muito diferentes, e não apenas na
cor da pele, no número da camisa
e no jeito de jogar.
O que me interessa aqui é comentar as diferentes trajetórias
que Diego e Robinho parecem ter
percorrido nos últimos anos, apesar de estarem sempre muito próximos.
Há cerca de um ano, escrevi que
Diego me parecia um jogador
mais "pronto", enquanto Robinho ainda tinha que amadurecer
muito. Muita gente tinha opinião
parecida. Aparentemente, o próprio Diego acreditou nessa impressão. Assumiu ares de quem já
sabe tudo e não precisa evoluir.
Como resultado, continuou
apresentando os defeitos apontados por todos: o de conduzir demais a bola, o de cair a toda hora
na esperança de que o juiz aponte
falta, o de reclamar demais da arbitragem e dos adversários.
Não freqüento a Vila Belmiro,
portanto não sei até que ponto
Leão procura corrigir essas falhas
ou se mostra conivente com elas.
Uma coisa é certa: a mania do
treinador de sempre culpar os juízes pelos insucessos de sua equipe
age como um reforço dessa tendência de Diego de cavar a falta
em vez de fazer o jogo.
Robinho surpreendeu os observadores no sentido oposto. Sem
abrir mão das pedaladas, tornou
seu futebol mais objetivo, passou
a empenhar-se também no desarme e aperfeiçoou fundamentos
como o chute e a cabeçada, como
a do belo gol que fez anteontem
contra o Barcelona do Equador.
É, hoje, um moleque com futebol
de gente grande.
Olha quem voltou
Uma das ressurreições mais
surpreendentes da temporada,
ao lado da de Basílio no Santos,
é a do atacante Valdir, do Vasco. Depois de anos de virtual
ostracismo, ele hoje é o artilheiro do Estadual do Rio e tem brilhado nos jogos de seu time.
Mais uma prova de que, no futebol, é sempre temerário decretar prematuramente o fim
de uma carreira.
Chance de ouro
Com as prováveis ausências de
Rivaldo e Ronaldo, a partida do
Brasil contra o Paraguai, no dia
31, pelas eliminatórias da Copa-2006, poderá ser a grande chance de Kaká e de Luis Fabiano na
seleção. O primeiro pode se firmar como titular. O segundo,
tirar Adriano do páreo pela posição de "primeiro reserva" de
Ronaldo.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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