|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATENAS 2004
A exatos cinco meses da abertura dos Jogos, novo governo se reúne com COI para discutir organização
Após atentados, Grécia pede ajuda à Otan
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os atentados terroristas de anteontem, que mataram 199 pessoas e feriram mais de 1.400 em
Madri, respingaram em Atenas.
Nas ruas e estações de trem da
sede dos próximos Jogos, em
agosto, equipes antibomba e cães
treinados para farejar explosivos
atuaram durante todo o dia na
tentativa de evitar uma nova tragédia. Não encontraram nada.
Nos gabinetes, o governo da
Grécia, que havia deixado a Otan
de sobreaviso, encaminhou já ontem um pedido formal para que a
aliança militar participe do esquema de segurança da Olimpíada.
"Queremos que eles nos ajudem
em alguns setores de inteligência,
como monitoramento dos espaços aéreo e marítimo e prevenção
a ataques de armas biológicas,
químicas e nucleares", afirmou
Giorgos Koumoutsakos, porta-voz do Ministério do Exterior.
De acordo com o Ministério da
Defesa, o plano pede ainda apoio
da Força de Resposta da Otan,
criada em outubro do ano passado e principal braço da estratégia
antiterror da aliança. A unidade
envolve 10 mil militares e foi concebida para ser rápida e decisiva.
Os pedidos devem ser atendidos. Há tempos a Otan se mostra
disposta a colaborar com o Jogos.
"Podemos ajudar. Estamos prontos para atuar se for preciso", disse o secretário-geral da aliança, o
holandês Jaap de Hoop Scheffer,
em visita a Atenas, em fevereiro.
Liderada pelos EUA e com sede
em Bruxelas, na Bélgica, a Otan,
Organização do Tratado do
Atlântico Norte, foi criada em
1949 na lógica bipolar da Guerra
Fria. Após passar por um período
de incertezas, conseqüência do
colapso do comunismo nos anos
80, atua hoje como um instrumento de pressão e de resposta
militar. Reúne, ao todo, 19 países.
Além de uma evidente demonstração de preocupação, o pedido
grego é mais uma tentativa do novo governo de corrigir a rota da
organização de Atenas-2004.
Há pouco mais de três meses,
Yanos Papantoniu, então ministro da Defesa, descartou peremptoriamente a participação da
Otan na segurança ao evento. "Estamos coberto. Não vamos precisar deles", disse, em novembro.
Ontem, o premiê Costas Karamanlis, eleito no domingo e que
passou a centralizar a preparação
da Olimpíada, anunciou Spyros
Capralos, diretor-executivo do
comitê organizador, como seu
braço direito. Ele substituirá Costas Cartalis, ex-secretário-geral
dos Jogos, que se demitiu na terça.
As perspectivas e os primeiros
efeitos dessa mudança de rota serão expostos hoje ao COI. Faltando exatos cinco meses para o início dos Jogos, Karamanlis terá sua
primeira reunião pós-pleito com
o presidente do Comitê Olímpico
Internacional, Jacques Rogge.
Coincidência ou operação orquestrada, ontem um alto funcionário do novo governo, Giorgos
Souflias, responsável pelas obras
dos complexos esportivos, emitiu
uma "nota de otimismo". "Tudo
estará finalizado no tempo certo e
da maneira como foi planejado",
diz o comunicado à imprensa.
Quase que simultaneamente, o
espanhol Santiago Calatrava, arquiteto que projetou o controverso teto de aço e vidro do estádio
Olímpico, quebrou o silêncio. Criticado pelo próprio Rogge no mês
passado, devido aos atrasos no
cronograma, Calatrava declarou
que "ninguém precisa se preocupar, tudo está correndo bem".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Futebol - José Geraldo Couto: Dinâmica da dupla dinâmica Próximo Texto: Contra terror, Eurocopa usa SP como modelo Índice
|