São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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ATENAS 2004

A exatos cinco meses da abertura dos Jogos, novo governo se reúne com COI para discutir organização

Após atentados, Grécia pede ajuda à Otan

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os atentados terroristas de anteontem, que mataram 199 pessoas e feriram mais de 1.400 em Madri, respingaram em Atenas.
Nas ruas e estações de trem da sede dos próximos Jogos, em agosto, equipes antibomba e cães treinados para farejar explosivos atuaram durante todo o dia na tentativa de evitar uma nova tragédia. Não encontraram nada.
Nos gabinetes, o governo da Grécia, que havia deixado a Otan de sobreaviso, encaminhou já ontem um pedido formal para que a aliança militar participe do esquema de segurança da Olimpíada.
"Queremos que eles nos ajudem em alguns setores de inteligência, como monitoramento dos espaços aéreo e marítimo e prevenção a ataques de armas biológicas, químicas e nucleares", afirmou Giorgos Koumoutsakos, porta-voz do Ministério do Exterior.
De acordo com o Ministério da Defesa, o plano pede ainda apoio da Força de Resposta da Otan, criada em outubro do ano passado e principal braço da estratégia antiterror da aliança. A unidade envolve 10 mil militares e foi concebida para ser rápida e decisiva.
Os pedidos devem ser atendidos. Há tempos a Otan se mostra disposta a colaborar com o Jogos. "Podemos ajudar. Estamos prontos para atuar se for preciso", disse o secretário-geral da aliança, o holandês Jaap de Hoop Scheffer, em visita a Atenas, em fevereiro.
Liderada pelos EUA e com sede em Bruxelas, na Bélgica, a Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte, foi criada em 1949 na lógica bipolar da Guerra Fria. Após passar por um período de incertezas, conseqüência do colapso do comunismo nos anos 80, atua hoje como um instrumento de pressão e de resposta militar. Reúne, ao todo, 19 países.
Além de uma evidente demonstração de preocupação, o pedido grego é mais uma tentativa do novo governo de corrigir a rota da organização de Atenas-2004.
Há pouco mais de três meses, Yanos Papantoniu, então ministro da Defesa, descartou peremptoriamente a participação da Otan na segurança ao evento. "Estamos coberto. Não vamos precisar deles", disse, em novembro.
Ontem, o premiê Costas Karamanlis, eleito no domingo e que passou a centralizar a preparação da Olimpíada, anunciou Spyros Capralos, diretor-executivo do comitê organizador, como seu braço direito. Ele substituirá Costas Cartalis, ex-secretário-geral dos Jogos, que se demitiu na terça.
As perspectivas e os primeiros efeitos dessa mudança de rota serão expostos hoje ao COI. Faltando exatos cinco meses para o início dos Jogos, Karamanlis terá sua primeira reunião pós-pleito com o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge.
Coincidência ou operação orquestrada, ontem um alto funcionário do novo governo, Giorgos Souflias, responsável pelas obras dos complexos esportivos, emitiu uma "nota de otimismo". "Tudo estará finalizado no tempo certo e da maneira como foi planejado", diz o comunicado à imprensa.
Quase que simultaneamente, o espanhol Santiago Calatrava, arquiteto que projetou o controverso teto de aço e vidro do estádio Olímpico, quebrou o silêncio. Criticado pelo próprio Rogge no mês passado, devido aos atrasos no cronograma, Calatrava declarou que "ninguém precisa se preocupar, tudo está correndo bem".


Com agências internacionais

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